O que a amizade realmente representa na vida das pessoas? O que ela acrescenta ou prejudica? No livro “Aos Meus Amigos” da escritora Maria Adelaide Amaral, temos uma boa história para responder parte dessas perguntas. O livro que inspirou a minissérie da TV Globo “Queridos Amigos” (e que não vi), versa sobre amizade tendo como pano de fundo um país sem muitos caminhos e alternativas, usando o ponto de vista de uma geração que lutou tanto e acabou como os demais.
O livro foi originalmente lançado em 1992 e traz uma grande turma de amigos que se reencontram em um momento nada bacana. Léo (inspirado em Décio Bar, amigo da autora), escritor e publicitário, se suicida e consegue reunir em seu leito de morte, seu grupo de amigos que há muito não estavam juntos, mas que viveram intensamente entre os anos da ditadura brasileira, com todas as implicações políticas e de cerceamento da liberdade que isso representa.
Léo ao mesmo tempo que carregava um talento enorme, sofria bastante com o seu lado social, não se enquadrava direito no mundo e vivia até onde podia como seus ídolos, artistas como Rimbaud ou os poetas beatniks. Seu suícidio apesar de não ter sido uma grande surpresa para os amigos, mexe bastante com todos, que desencavam antigos sentimentos, relembram histórias e olham para a sua própria vida, percebendo que eles podiam muito bem ter tomado a mesma decisão.
A autora nos apresenta um grupo de pessoas que perdeu os sonhos em um determinado ponto da vida e olham para trás lembrando os tempos em que eram mais importantes, se arrependendo de alguns atos e promessas. Maria Adelaide Amaral lança um olhar de um Brasil sem esperança no final dos anos 80 e de um mundo que quebrava antiga amarras com a queda do muro de Berlim, entre outras coisas, ao mesmo tempo que versa sobre o valor da amizade em nossos caminhos.
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