Era Abril de 2005 e eu estava em Recife para o Abril Pro Rock. Um dos shows que mais me chamaram atenção foi o dos recifenses do Volver. Energia, melodia, guitarras bem dosadas, letras com histórias criativas. Comprei o primeiro disco dos caras, “Canções Perdidas Num Canto Qualquer”, escutei um bocado, repassei para os amigos que não conheciam e a banda se tornou bem quista na casa.
Depois de um hiato de três anos, finalmente a banda chega ao seu segundo disco, mais uma vez com a marca da Senhor F Discos. “Acima da Chuva” foi produzido conjuntamente com Léo D. (que toca piano e teclado em várias faixas) e William D. No seu segundo trabalho, a bando composta por Bruno Souto (vocal e guitarra), Fernando Barreto (baixo) e Zeca Viana (bateria) não tem mais canções perdidas, elas estão devidamente encontradas e bem tocadas.
A banda perdeu um pouquinho de energia, mas ganhou muito em termos de produção e composição. As influências continuam abraçando Jovem Guarda, anos 60, Strokes, o atual indie rock e algumas pinceladas de Los Hermanos. “Pra Deus Implorar”, a responsável por abrir o trabalho, traz guitarras em primeiro plano e um ótimo trabalho vocal de Bruno. “Dispenso” foge um pouco a regra do disco, com violões e efeitos, esbanjando psicodelia, enquanto a “A Sorte” remete totalmente ao primeiro álbum.
Depois chega uma das melhores canções de 2008, a strokeana “Não Sei Dançar”, com sua mudança de andamento e paradinhas. Para tocar em qualquer boa festinha que se preze. “Natural”, já lembra um pouco Los Hermanos, mas tem um toque diferente, um algo mais na forma que a melodia diminui e retorna. “Tão Perto, Tão Certo” é outro hit em potencial, liberada desde o ano passado, já é conhecida por bastante gente. Para escutar bem alto.
A canção que dá nome ao disco é aquilo que costumo definir como quase-balada. Chega com a assinatura da banda. “Dia Azul”, remete a várias bandas novas no seu andamento. “Coração Atonal” é um caso a parte, amor a primeira ouvida. Começa com os versos: “Hey, girl/usei Elton John pra dizer que te amo/mas errei da sétima vez/na sétima nota do meu piano/industrialmente feito pra dizer/que eu desafino com você/nesse meu coração atonal”. Uma baladaça que flerta com os Beatles da fase Sgt. Peppers.
Para encerrar temos “Clarice”, mais uma com a marca registrada da banda e “Despedida Em Seis Por Oito”, repleta de efeitos nos vocais, sendo talvez o único momento mais baixo. Usando um clichê mais do que usual e comum, em seu segundo trabalho, os recifenses do Volver amadureceram bastante. “Acima da Chuva” é um ótimo disco, um dos melhores de um ano que já trouxe muita coisa boa.
My Space: http://www.myspace.com/volverbrasil
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