Antes de escrever alguma coisa sobre o primeiro disco do Marcelo Camelo escutei o álbum um bom número de vezes. Não é um disco fácil em momento algum, às vezes soa tranquilo demais e em alguns momentos isso é até confundido com uma certa preguiça. “Sou” apesar disso e por isso entra naquela categoria de ser o “retrato do artista” no momento. Marcelo Camelo parecia querer exatamente isso.
Quem estava acostumado com Los Hermanos vai estranhar. Ainda que algumas coisas remetam ao “4”, último trabalho da banda. Nada é banal em “Sou” que namora muito mais o instrumental do que as palavras (e poderia ter umas quatro músicas a menos) e precisa de pelo menos algumas sessões para se tornar agradável. Opta pela tranquilidade (o que já era esperado) ao invés do barulho ou agitação.
Com um ótimo trabalho instrumental, cortesia dos paulistanos do Hurmold, Camelo se despe em canções que flertam com bossa nova, Chico Buarque, Dorival Caymmi e alguns toques de jazz e experimentalismo. Disso pode se extrair ótimos momentos como a bela “Doce Solidão” e mais “Tudo Passa”, “Jantar” (com participação da Mallu Magalhães dando um toque “Moldy Peaches” na mistura), “Liberdade” e “Copacabana”.
Em outros momentos, ainda que menores, as coisas não saem tão bem como em “Passeando” e “Menina Bordada”. Não que sejam ruins, mas estão em um nível muito menor do que as anteriormente citadas. E também não vi necessidade de dois temas instrumentais de músicas constantes no disco para finalizar. Podia muito bem ficar sem essa e dar um pouco mais de compactação ao trabalho.
Com “Sou” Marcelo Camelo consegue provar o que sempre se soube. Que ele é um bom artista, recheado de boas influências. A estréia podia ser melhor, sim, podia, mas “Sou” é um disco que tem seu charme, diferente e com uma proposta arriscada do músico que prefere ir de enontro a algo não usual e explorar novas sonoridades do que ficar preso as fórmulas que o consagraram anteriormente. Nota 6.
My Space: http://www.myspace.com/marcelocamelo
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