Depois de quase três anos e dez encadernados de luxo, “Sandman” chega novamente ao seu fim. A série que originalmente foi feita em 75 edições durante os anos de 1988 a 1996, já fora publicada anteriormente no Brasil em edições individuais. Mas nada que se compare aos álbuns que a Conrad colocou no mercado desde 2005, contendo a obra prima de Neil Gaiman, uma das mais importantes já escritas.
Gaiman reinventou os quadrinhos, assim como fizeram alguns outros em momentos distintos. Seu trabalho elevou de uma vez por todas os quadrinhos para o nível de arte, no sentindo mais nobre da coisa. Utilizando uma maneira única de contar histórias dentro de histórias e cruzando realidade e fantasia com lendas e antigos deuses, Gaiman produziu um mundo único que servirá para guiar muitas novas obras pelos anos que virão.
“Despertar” é o décimo volume e fecha a série. Na verdade, tudo meio que acabou na edição anterior “Entes Queridos”, onde Lorde Morpheus conheceu o seu final em uma das cenas mais marcantes de todos os tempos, dotada de uma beleza e lirismo ímpar. Morpheus, o Senhor dos Sonhos e Mestre do Sonhar faz o que devia ser feito e deixa o seu reino, deixa o Sonhar de maneira inesquecível.
Em “Despertar” somos convidados ao enterro de Morpheus, um dos sete perpétuos, uma família muito maior que deuses e imortais, que andam pela terra desde o inicio dos tempos. Lá temos Destino, Morte, Delírio, Desespero e Desejo honrando a memória do Rei dos Sonhos. Até Destruição, o irmão que jogou tudo para cima aparece. Também vemos todos os personagens que Gaiman criou para a série aparecendo para dar o seu adeus.
“Sandman” de Neil Gaiman habita no campo da genialidade, das obras únicas e imortais. Depois de ser inserido no universo de Lorde Morpheus é difícil não voltar diferente. A fantasia do titulo alia-se a diversos pontos reais, coisas do cotidiano, do nosso dia a dia e no modo que enxergamos a vida e a morte na maioria das vezes. Em “Sandman” nada é gratuito, tudo se relaciona e se responde e aquilo que não tem resposta, percebemos simplesmente que não era para ter.
Com o final da série (que anteriormente não tinha lido toda) confesso que um pequeno vazio tomou conta. Breve e fugaz, mas mesmo assim existente. Como disse acima, “Sandman” é uma experiência única. Parafraseando Straub que fez um dos prefácios da obra, “se isso não é literatura, nada mais é”. Com “Despertar” um novo Rei dos Sonhos dos Perpétuos nasce, mas Lorde Morpheus ficará para sempre na memória de quem acompanhou a sua história narrada por Gaiman.
Uma boa viagem com bons sonhos.
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