domingo, 31 de agosto de 2008

"How To Walk Away" - Juliana Hatfield - 2008

Quem viveu o começo dos anos 90, com certeza se lembra de Juliana Hatfield com muito carinho. Mesmo com bandas como Nirvana, Pearl Jam e Smashing Pumpkis produzindo grandes discos, Juliana aparecia bastante na mídia (por vários motivos) e era queridinha daqueles que gostavam de college rock. O tempo passou e nem sempre foi bom para a cantora, que mesmo assim seguiu em frente e em 2008 crava mais um bom disco na sua carreira.
Juliana Hatfield nasceu em 27 de julho de 1967 na não tão glamourosa Wiscasset no Maine, USA. Na segunda metade dos anos 80, montou sua primeira banda, Blake Babies, que fez relativo sucesso e angariou boas criticas na época. Quando a banda acabou Juliana, fez parte de um dos clássicos dos 90 empunhando o baixo em “It´s A Shame About Ray”, junto com o Lemonheads de Evan Dando.
Em todos esses anos coleciona bons trabalhos como “Hey Babe” de 1992, “Only Everything” de 1995 e “In Exile Deo” de 2004. Aos 41 anos, lança o seu décimo trabalho, intitulado “How To Walk Away”, em que faz tudo aquilo que sempre foi competente, pop simples com boas melodias e refrões para cantar junto. Nada de invencionices como em algum de seus registros anteriores.
São dez canções que transitam dentro do universo preferido da cantora, que conta com as paredes pintadas regularmente de pop, college rock e boas pinceladas de folk. Tudo passa leve e tranquilo em faixas como “The Fact Remains”, “Just Lust”, “Now I´m Gone” , “This Lonely Love” (com participação de Richard Butler) e “Such A Beatiful Girl” (com Mattew Caws do “Nada Surf”).
Juliana Hatfield está de volta com mais um bom disco. Não precisa tocar trombetas, sinos ou algo assim. Bote apenas para tocar. nos narra as várias as várias fases de um namentoentenciado
Site Oficial: http://www.julianahatfield.com
My Space: http://www.myspace.com/julianahatfield

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

"Star Wars:The Clone Wars" - 2008

Depois de expandir sua saga “Star Wars” para diversos tipos de mídias, George Lucas coloca mais um produto no mercado. “Star Wars: A Guerra dos Clones” chega aos cinemas com o intuito de ser um complemento para explicar a tal guerra tão citada nas duas trilogias oficiais. Em formato de animação o longametragem é um produto totalmente direcionado para os fãs e não passa muito distante disso.
A ação se passa entre os episódios I e II e busca complementar aquilo que já foi mostrado em outras mídias, tais como uma série de quadrinhos e animações feitas para o Cartoon Network. A animação também será expandida e chegará ao mercado norte americano ainda esse ano em forma de seriado. Sobre a direção de Dave Filoni e a evidente produção executiva do idealizador a trama se desenvolve.
Nela vemos Anakin Skywalker (que é sempre bom lembrar viria a se tornar o temido Darth Vader no futuro) e Obi-Wan Kenobi no meio da guerra entre os separatistas e a República que deflorará a criação do Império posteriormente. No meio de todas as batalhas que são travadas, os dois são destacados para encontrar o filho do criminoso Jabba, The Hut que foi sequestrado, o que resultará em uma grande vitória no que tange a aliança com este e a abertura de novas rotas para a guerra.
Enquanto busca conquistar o apoio de Jabba, Anakin ainda precisa “cuidar” da sua aprendiz padawan Ashoka Tano e lidar com o Conde Dookan e sua cruel assassina. Ao mesmo tempo Obi-Wan Kenobi procura costurar apoio enquanto parte sempre em auxilio do seu ex-pupilo. Durante o filme todas as estrelas da saga aparecem como Mace Windu, Mestre Yoda, Padmé Amidala, R2-D2 e C-3PO, entre outros.
“Star Wars: A Guerra dos Clones” retoma um pouco o clima da primeira trilogia iniciada nos anos 70, mais leve e bem humorada, no entanto não adiciona muito em termos técnicos e nem em grandes revelações. Para quem não é fã da saga de George Lucas, não deve valer lá muita a pena. Para quem gosta, no entanto, apesar de não ser um prato cheio, serve com bom gosto.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Viva La Vida or Death and All His Friends" - Coldplay - 2008

Deixei passar um pouco a poeira desse lançamento, escutei bem durante alguns meses antes de tecer algumas frases sobre ele por aqui. Até tava desisitindo de escrever, tudo meio que já havia sido escrito, mas, no entanto, porém, hoje tava escutando e deu vontade de deixar umas palavras. Antes de mais nada devo confessar que não sou grande fã do trabalho do Coldplay.
Até gosto (bem) de músicas como “Trouble”, “Yellow”, “In My Place” e “God Put a Smile Upon Your Face”, mas em termos gerais sempre achei Chirs Martin apesar de talentoso, pretensioso demais, caracteristica que acabava por deixar seu trabalho chato e sem sal. Sempre brinquei que o Travis era tudo que o Coldplay queria ser e não conseguia. Isso dá uma boa mudada com o lançamento de "Viva La Vida or Death and All His Friends".
Olha que escutei muito esse disco até me convencer e afirmar que é um dos melhores de 2008. Para estar no Top 10 com certeza. A maior parte da culpa pode ser creditada tranquilamente a dupla de produtores Brian Eno (que dispensa apresentações) e Markus Dravs (Arcade Fire) que limpou o som do Coldplay e fez ganhar uma energia capaz de fabricar aquelas canções que são cantadas por um estádio cheio, como a banda em que o trabalho mais se inspira, o U2.
A sonoridade do U2 está por todos os lados e em quase todos os instrumentos. Isso ao mesmo tempo que deixa as canções com um clima interessante, às vezes enche o saco por parecer tanto. Tudo em “Viva La Vida or...” está melhor. A maneira de Chris Martin cantar, suas letras, as guitarras e principalmente os teclados que aqui passaram a ser mais sabiamente utilizados do que anteriormente.
Canções como a instrumental “Life In Technicolor” que abre o disco, “Lost!”, as excelentes “Lovers In Japan”, “Viva La Vida” ou “Violet Hill” (uma das músicas de 2008), podem tocar e tocar que você continuará cantando. Muitos afirmaram que este é o melhor disco gravado pelo U2 nos últimos anos, o que é uma grande maldade, mas sem dúvida "Viva La Vida or Death and All His Friends" é o melhor trabalho da carreira do Coldplay. Pode anotar.
Site Oficial: http://www.coldplay.com

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"Lady Vingança" - 2005

“Lady Vingança” é o filme que fecha a trilogia sobre vingança feita pelo diretor sul coreano Park Chan-Wook. Antes dele vieram “Mr. Vingança” de 2002 e o excelente “Old Boy” de 2005. Comparado com seu predecessor, “Lady Vingança” tem uma linha argumentativa mais coesa mas perde em energia e visceralidade para “Old Boy”. Com algumas semelhenças com “Kill Bill” do Tarantino, temos outro grande filme desse diretor sul coreano.
A direção mais uma vez é um dos pontos mais fortes do longa assim como o trabalho do personagem principal. Temos uma trama que pula de um ponto para outro sem aviso prévio, mas que no entanto se faz entender bem. O diretor também brinca em diversos momentos na tela, parando cenas, sobrepondo imagens ou gerando toques de fantasia. Outro bom destaque é o humor negro que de maneira sucinta se espalha pela película.
Na história, somos apresentados a Lee Geum-Ja (interpretada de maneira brilhante pela atriz Lee Young-Ae) que depois de ficar presa por treze anos retorna a sociedade. Ela foi presa por sequestrar e assassinar uma criança, crime esse que apesar de ter assumido, não cometeu. Durante o tempo que esteve na cadeia além de forjar inúmeras amizades e “alianças”, quase que em sua totalidade por caminhos não muito virtuosos, ela aproveitou para tramar sua vingança contra o responsavel pela ruína da sua vida.
Enquanto somos apresentados a todas as mulheres que Lee Geum-Ja conheceu na cadeia, aos crimes que elas cometeram e o seu tempo de prisão, o diretor vai relacionando estas com a personagem principal dentro do presente, em que busca de maneira confusa e ao mesmo tempo obstinada o seu objetivo. A partir daí temos dilacerações de moral envoltas em uma espiral que mexe basicamente em questões de familia, enquanto promove-se situações cada vez mais inusitadas.
“Lady Vingança” é um filme um pouco menor que “Old Boy”, mas mesmo assim aponta para a excelência em diversos momentos, tanto pelo roteiro nada óbvio (apesar do tema recorrente) quanto pela atuação os personagens envolvidos e dos temas trabalhados que buscam ao final de toda a vingança planejada, uma redenção para Lee Geum-Ja. Um filme para ser visto, sem dúvida.
Sobre “Old Boy”, passe aqui.

sábado, 23 de agosto de 2008

"Ensinando a Viver" - 2007

Em determinado momento da vida todos buscamos algum tipo de redenção, alguma forma de redescobrir uma parte do nosso caminho, alguma maneira de fazer diferente o que não gostamos ou superar um problema que nos aflige. “Ensinando a Viver” (“The Martian Child” no original) versa justamente sobre esses pontos descritos acima, tratando de assuntos um pouco complicados de maneira bem leve.
No filme temos David Gordon (o sempre bom John Cusack) um escritor de ficção cientifica de sucesso que há dois anos sofre com a morte de sua mulher. Durante sua vida com ela, chegaram a pensar em adotar um filho, situação essa que David resolve fazer sozinho nesse momento. No entanto, a tarefa que já é árdua, complica ainda mais pois o garoto escolhido, Dennis (o apenas razoavel Bobby Coleman) é bem estranho e vive literalmente dentro de uma caixa.
David se identifica com Dennis, pois durante sua infância também foi uma criança desconectada do mundo das outras crianças, mas aos poucos ao mesmo tempo que vai se encantando com o seu “filho”, vai desacreditando na sua capacidade de conseguir fazê-lo. O garoto insiste em dizer que veio de marte (daí o título original) e segue tendo uma personalidade dificil (se protegendo na verdade), enquanto leva David ao completo e absoluto delírio em determinados momentos.
No elenco ainda temos nomes como Joan Cusack, Amanda Peet e Oliver Platt, além de uma trilha sonora legalzinha com Electric Light Orchestra e Cat Stevens, entre outros. O roteiro adaptado de um conto do escritor David Gerrold, apesar de ser recheado de clichês funciona bem nesse pequeno drama em busca de familia e redenção, não sendo profundo e resultando em uma boa diversão para o começo da noite.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

“O Coração Do Homem Bomba – Volume 1” - Zeca Baleiro - 2008

O maranhense José Ribamar Coelho Santos, mais conhecido como Zeca Baleiro vem desde sua estréia em 1997, misturando música popular brasileira com diversos ritmos de todos os lugares do nosso país e de fora dele. Já cunhou algumas canções belíssimas e outras tantas que se fizeram conhecer estrada afora. Em 2008 chega o seu novo disco “O Coração Do Homem Bomba – Volume 1”, que ganhará uma continuação ainda esse ano.
Zeca vinha de uma coletânea (“Lado Z” em 2007) e um ao vivo em 2006. Seu último registro de inéditas havia sido o excelente “Baladas do Asfalto e Outros Blues” de 2005, que entrou na listinha aqui da casa entre os melhores do ano. Em “O Coração...”, Zeca volta aos seus primeiros trabalhos e investe na alegria, no clima pra cima e na profusão de ritmos se encontrando e se misturando, com o habitual bom humor.
Começando com uma vinhetinha, passamos entre outras faixas pela releitura de “Alma Não Tem Cor” do André Abumjamra e seu Karnak, o ótimo samba rock de “Vai de Madureira”, o pop sessentista com toques de música brega de “Ela Falou Malandro”, parceria com Zé Geraldo, a saborosa “Você é Má”, com letra do poeta paraense Joãozinho Gomes (nova “descoberta” do artista”) e mais uma releitura, desta vez “Bola Dividida” do grande Luiz Ayrão.
Para completar ainda temos duas pequenas e divertidas homenagens: “Toca Raul” que começa com os versos “Mal eu subo no palco/um mala maluco já grita de lá/Toca Raul!” para complementar com “Como é poderoso esse Raulzito”. Grande sacada. Já “Geraldo Vandré”, em dobradinha com Chico Cesár é como se retratasse um dialógo com uma das figuras mais misteriosas da música nacional, responsavel pelo hino anti-ditadura “Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores”.
Zeca continua sua jornada meio na contramão ao mesmo tempo que saboreia pequenos pedaços de sucesso, com um trabalho sempre interessante, apesar de não carregar nada de novo. No release oficial o artista escreve: “Este disco não tem “conceito”. Também nada “desconstrói”. É um disco de música popular, a boa e velha música popular brasileira. Espero que baste.” Pode deixar que basta sim, meu caro.
Site do cantor: http://www2.uol.com.br/zecabaleiro

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

"The Rhumb Line" - Ra Ra Riot - 2008

Ano passado passava por aqui o EP de estréia dos americanos do Ra Ra Riot, contendo seis músicas. Dentre tanta coisa que toca por aqui e nunca mais volta, gostei desse pequeno trabalho, principalmente de músicas como “Dying Is Fine” e “Can You Tell” e decidi deixar guardado para esperar o lançamento do seu primeiro trabalho. Esse mês chega as lojas “The Rhumb Line”, o primeiro disco.
Muito hype aconteceu por causa do epzinho, coisa que hoje já nem assusta mais e nem levo em conta ao escutar uma banda nova. Alguns fatos como a morte do baterista John Ryan Pike, comparações de sonoridade com Arcade Fire, além do fato do disco ter sido produzido pelo Ryan Hadlock (The Gossip) e sair pelo selo Barsuk Records, mesmo da ótima Nada Surf, ajudaram em parte no hype.
Em seu registro inicial, Milo Bonacci, Alexandra Lawn, Wesley Miles, Mathieu Santos e Rebecca Zeller avançaram bastante na sonoridade que procuravam transmitir anteriormente. Temos um indie pop com uma cara mais rocker que de costume em alguns momentos e ótimas introduções não casuais de violinos que dão um charme todo especial. Mas nesse momento você pode dizer: “Ah, mas muitas bandas fazem isso!”. E eu digo: “E daí?”
“The Rhumb Line” é muito bem feito e arranjado, faz você cantar junto em diversos momentos e melhora em muito as quatro canções tiradas do Ep do ano passado, além de juntar novos bons momentos com faixas como “St. Peter's Day Festival” e “Run My Mouth”. Disquinho bem agradável, para figurar lá pelo Top 30 do ano e fazer músicas como as já citadas “Dying Is Fine” e “Can You Tell” entrarem nas suas seleções pessoais.
Site oficial: http://www.rarariot.com
My Space: http://www.myspace.com/rarariot

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

"The Curse of The Sugars" - The Sugars - 2008

Os anos 50 foram muito importantes para a música (especialmente o rock), envolta em toda uma estética tanto no que tange a moda quanto a determinadas mudanças de costumes. O trio The Sugars parece gostar mais dessa epóca que boa parte das pessoas. Vindos da cidade de Leeds na Inglaterra, Anna Greenaway (guitarra,baixo e vocal), Matt Bolton e Jodie Wyatt (bateria) estreiam recheado de influências dessa época.
“The Curse Of The Sugars” é enérgico, divertido e completamente para cima. Além dos anos 50, o trio coloca na mistura muito blues e rock garageiro, além de pitadas de soul. Uma bagunça danada que quanto mais toca, mais convence e pede para que o som seja aumentado. Guitarras, bateria com muitas paradinhas e viradas, baixo pulsando, vocais recheados de pequenos improvisos e mais guitarras executam a mistura.
“Black Friday” abre com uma energia impressionante. “Unnamed Duet” remete as bandas de garagem dos anos 70, deliciosamente suja. “Fairytales Of Love” é um soul rock contagiante. “Monster” vem rápida e veloz. “Heaven Knows” brinca com o blues e é uma das melhores do trabalho. “Mama” é um rockabilly torto e quebrado. “Gossip” joga tudo para cima de novo, com pitadas new rave. “Way To My Heart” é dançante, comandada pelo baixo.
E ainda tem mais. “The Seamstress” é mais um petardo de guitarras sujas, “Everbody Yell” é outro rockabilly torto e “You Better Go” fecha o disco em uma baladinha bonitinha. Em sua estreia os ingleses fizeram um disco totalmente para cima, divertido e bem produzido por Wil Jackson (que trabalhou com os conterrâneos do Pigeon Detectives). Um disco para ser escutado em volume alto tomando uma cerveja estupidamente gelada. Bem recomendável.
Site Oficial: http://www.thesugars.co.uk
My Space: http://www.myspace.com/thesugars

terça-feira, 12 de agosto de 2008

“We Are Jealous We Are Glass” - Francis International Airport - 2008

Costumo dizer que a primeira música de um disco define boa parte da atenção que vamos dispensar para ele depois. É certo que isso nem sempre ocorre e muitas bandas preferem abrir os seus trabalhos como uma espécie de introdução em alguma vinheta. Há alguns meses o disco “We Are Jealous We Are Glass”, estréia dos austriacos do Francis International Airport (belo nome não?) desembarcou aqui na casa e sua música inicial é quase um tratado.
“Lost In Design”, abre acusticamente com pequenas distorções, sendo invadida depois por um belo trabalho vocal. Passado algum tempo o vocal é compartilhado por uma mulher (como nas boas canções dos escoceses do Delgados) para depois o ritmo se acelerar um pouco já dando para esperar aquela invasão de guitarras com distorção. Mas isso não ocorre, o que chega é um trabalho de bateria perfeito (como nas baladas do James no disco “Laid”), acompanhado das primeiras insinuações do baixo que carregam a canção para o final.
Você fica tomado pela atmosfera e quando “Lost In Design” cumpre seus mais de seis minutos, acaba sendo arremessado de volta para a realidade. Em sequência temos a oitentista “Dancing Ships”, a indie “Fleabite”, as guitarras e o pop de “Neon Sign” (a que tem menor duração com menos de três minutos), os violões de “Safety Maches”, o post-rock de “Phantom View”, mais guitarras em “Tapehead”, a bonita “Words On Logs”, mais post-rock em “Crashcars” e a épica “Riverside Dogs”, fechando a conta com uma grande e ostensiva chave de ouro.
O Francis International Airport, formado por Markus Zahradnicek (vocal e guitarra), David Zahradnicek (baixo) Manu Kaminski (vocal e teclados), Christian Hölzel (guitarra) e Andreas Ottosson (bateria) traz na sua estréia um disco digno de ser apreciado. Com influências do indie rock, aliada aos anos 80, post-rock e pitadas suaves de folk temos dez ótimas canções. Nada de novo, é verdade. Mas tudo muito bem azeitado e produzido. Grata surpresa de 2008.
My Space: http://www.myspace.com/francisinternationalairport

domingo, 10 de agosto de 2008

“Teatro Que Celebra a Extinção do Inverno” - Stuart - 2008

Ouvi falar nos catarinenses do Stuart alguns anos atrás, muito por parte e culpa do Wander Wildner que sempre citava a banda em entrevistas. Em 2006 os sulistas estrearam (depois de alguns eps) com “Honestidade Não Enche Barriga”, um disco com boas influências do punk rock e que trazia pequenas pérolas como “Um Bom Motivo” (até hoje muito bem tocada aqui na casa), “Punk Falido”, “Trilha Sonora Para Nossas Vidas” e “Final de Tarde”.
Dois anos depois, Gustavo Kaly e sua trupe voltam a cena com “Teatro Que Celebra a Extinção do Inverno”. Composto por dez canções que foram disponibilizadas em junho para download no site do Senhor F (ainda está lá, passe em: http://www.senhorf.com.br), o novo rebento dá uma mudada na sonoridade da banda, o rock do Stuart volta com mais influências de folk, em ritmo um pouco mais lento e com mais violões.
A pergunta que fica é se essa mudança foi para melhor. Não é para melhor ou pior e sim ou outro momento da banda que resolve realizar algumas outras apostas. Na primeira vez que escutei, confesso que não gostei muito, mas a medida que o albúm vai passando, ele vai crescendo e mostrando suas pequenas graciosidades escondidas, até lhe convencer a escutar cada vez mais.
Em recente entrevista, Gustavo Kaly disse que na verdade seriam 15 canções organizadas como um espetáculo teatral, que acabaram convertendo nas 10 que estão no disco. Melhor assim. Discos longos geralmente enchem em algum momento. Esse “Teatro...” não. São canções com ótimas letras, explorando o cotidiando com certa ironia e alguma fantasia, enquanto as melodias são agrupadas em temas guiados por violões e backing vocals em sua grande maioria.
Organize uma sequência com “Carta de Despejo” (outro pequena obra prima), “Desenvolvedor de Paranóias”, “Técnica de Ignorar Motivos” e “Canção Para Valorizar o Silêncio”, alguns destaques do trabalho e deixe rolar por algumas horas. “Teatro Que Celebra a Extinção do Inverno” é um dos bons discos de 2008, mostrando a evolução de uma banda com alguns bons anos de estrada que se mostra madura o suficiente para buscar novos caminhos sem forçar a barra em nenhum momento.
Site: http://www.bandastuart.com.br
My space: http://www.myspace.com/stuart

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"Na Natureza Selvagem" - 2007

Depois de quase um ano de atraso chega aos cinemas do estado o filme “Na Natureza Selvagem (Into The Wild)”. O longa que recebeu elogios diversos por onde passou, desembarca como um prêmio para todos os amantes do bom cinema. Baseado no livro do escritor Jon Krakauer, temos a história real do jovem Crhistopher Johnson McCandless, que aos 22 anos largou familia, estudos e tudo o mais para seguir atrás daquilo que entendia como a sua felicidade.
Dirigido por Sean Penn, “Na Natureza Selvagem” não passa imune aos nossos olhos. Mesmo depois de alguns dias, as cenas ainda continuam a sobrevoar pela nossa mente. Acredito ser bastante improvável não dar um aperto no lado esquerdo do peito quando os créditos finais começam a aparecer. O ator Emile Hirsch que faz o papel principal é outro ponto alto da produção. Percebe-se a dedicação dele para com o seu personagem.
Chris McCandless tinha uma familia rica, que podia lhe proporcionar uma vida tranquila e brilhante pela frente, de acordo com os seus parâmetros. O problema é que Chris nunca acreditou nesses parâmetros. Sua familia sempre foi calcada em mentiras, brigas e hipocrisias e isso aos poucos foi minando o inteligente menino, que cada vez mais sonhava em sair do meio da sociedade que não conseguia viver em harmonia com os seus pares.
Ao acabar a universidade junta algumas pequenas coisas, doa 24.000,00 doláres da sua poupança para uma instituição de caridade, entra no seu carro velho e sai pela América em busca de viver na natureza, longe dos seres humanos. A partir desse ponto temos um road-movie repleto de descobertas e algumas pequenas redenções, enquanto vemos a sua história apresentada em capitulos que representam seu crescimento.
“Na Natureza Selvagem” faz pensar. No jovem que abandonou tudo para viver o que achava certo, ao mesmo tempo em que se renegou covardemente a enfrentar o que lhe fazia mal. No nosso mundo atual e também na nossa vida, porque não? A fotografia de Eric Gautier (de “Diários de Motocicleta”) e a trilha sonora de Eddie Vedder (canções como “Society” são como coadjuvantes) dão mais força ao trabalho.
Um filme bonito e pertubador.
Sobre a trilha sonora de Eddie Vedder, passe aqui.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Mucho" - Babasónicos - 2008

Me lembro da primeira vez que fui apresentado para a banda argentina Babasónicos. Era algum dia entre 2001 ou 2002 e meus conhecimentos da música dos nossos hermanos se reduzia a alguns poucos nomes como Fito Paez e Soda Stereo. Lembro que avacalhei logo com o nome (na verdade um jogo de palavras que une um desenho animado e um guru espiritual) e acabei por dizer que “só podia ser argentino mesmo”.
Brincadeiras à parte, peguei o cd emprestado do amigo que me indicava e resolvi escutá-lo. O disco em questão era o “Jessico” de 2001 e acabei gostando. Acho até que é devido a isso a minha maior abertura para o rock de outros países da America do Sul e da Espanha, do qual hoje gosto muito. Depois a banda lançou mais dois ótimos trabalhos, “Infame” de 2003 e o “Anoche” de 2005.
Chegando as lojas essa semana, “Mucho” é o responsável por suceder “Anoche” e por conseqüência essa excelente tríade citada acima. Não é tarefa nada fácil. Some-se a isso a morte do baixista Gabriel Manelli em 12 de janeiro deste ano. Complicado. Mas apesar disso o vocalista Adrián Rodríguez e o seu combo conseguiram. “Mucho” apesar de não romper muito com seu antecessor, supera este por bem pouco.
São dez canções apenas, com todas exalando pop por todos os poros. A banda que desde a sua estréia com “Pasto” em 1992 já brincou com os mais diversos estilos, calca sua música nesse trabalho em um pop rock simples, mas em nenhum momento soando barato ou fútil. Em alguns momentos é inevitável que o tema recorrente de alguns versos faça referência ao amigo falecido, o que por um lado enobrece mais ainda estas canções.
Desde a abertura com a dupla “Yo Anuncio” e “Pijamas”, passando pela belíssima “Como Eran Las Cosas” (uma das músicas de 2008 aqui na casa), desaguando na dançante “Microdancing” ou no rockão de “Estoy Raboso”, tudo passa pedindo bis. “Mucho” afirma de vez o Babasónicos como uma grande banda com forte potencial para angariar fãs e mais fãs, saindo do mercado alternativo e alçando vôos maiores. Mais que merecido.
Site Oficial:
http://www.babasonicos.com
Não conhece a banda? Passa na comunidade “RCD” no Orkut e dá uma olhada. Siga o link.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

“Amor em Minúscula” - Francesc Miralles

“Desfrute as pequenas coisas, porque talvez um dia você olhe para trás e se dê conta de que eram as grandes coisas”. Essa frase pertence ao escritor Robert Brault e está contida no começo do livro “Amor em Minúscula” do escritor espanhol Francesc Miralles lançado originalmente em 2006, mas que chega ao Brasil neste ano através da Editora Record. São 283 páginas com tradução de Luís Carlos Cabral.
“Amor em Minúscula” explora questões discutidas com freqüência, sobre como devemos dar importância para coisas que a correria do dia a dia, acaba nos fazendo evitar e passamos por cima. Versa também sobre a solidão, a amizade e a busca de um amor perdido. Temas meio universais que aqui são tratados de maneira bem superficial, chegando a agradar em alguns momentos e se tornando repetitivo em outros.
Na trama somos apresentados a Samuel, um professor de filologia alemã (o autor também é formado na área), que vive imerso em sua solidão com seus 30 e muitos anos. Levando uma vida sem fortes emoções e com quase nenhum contato social, exceção feita aos seus alunos, Samuel é cheio de manias e pequenas loucuras. No entanto, tudo muda com a entrada de um gato na sua vida na primeira manhã de um ano novo.
O gato que passa a ser criado por Samuel (e em alguns momentos parece que a relação é inversa) desencadeia uma série de pequenos acontecimentos que vão fazer sua vida dar uma guinada nos próximos meses. Esses eventos consistem na criação de algumas amizades como o seu vizinho Titus e o completamente lunático Valdemar, além de um reencontro de uma antiga paixão de infância.
Em diversos momentos o livro passa divertido e suave, principalmente com algumas tiradas de Samuel e sua completa incapacidade de seguir em sociedade. O personagem recheia seus momentos com frases e canções de nomes como Goethe, Pink Floyd, Coltrane e Brecht, entre outros. Essas citações dão um charme a mais ao livro. Quando entra no campo do romance e da repetição de alguns temas é que ele se perde, mas ainda assim consegue se reencontrar.
“Amor em Minúscula” é para ser consumido de maneira rápida, durante uma viagem ou antes de dormir. Nada para ser levado a sério demais. No entanto, é sempre bom extrair alguma coisa (que já sabemos de cor, mas não praticamos) de algumas citações, inclusive aquela acima que abre o livro. Não custa nada né?

sábado, 2 de agosto de 2008

"Despertar" - Neil Gaiman

Depois de quase três anos e dez encadernados de luxo, “Sandman” chega novamente ao seu fim. A série que originalmente foi feita em 75 edições durante os anos de 1988 a 1996, já fora publicada anteriormente no Brasil em edições individuais. Mas nada que se compare aos álbuns que a Conrad colocou no mercado desde 2005, contendo a obra prima de Neil Gaiman, uma das mais importantes já escritas.
Gaiman reinventou os quadrinhos, assim como fizeram alguns outros em momentos distintos. Seu trabalho elevou de uma vez por todas os quadrinhos para o nível de arte, no sentindo mais nobre da coisa. Utilizando uma maneira única de contar histórias dentro de histórias e cruzando realidade e fantasia com lendas e antigos deuses, Gaiman produziu um mundo único que servirá para guiar muitas novas obras pelos anos que virão.
“Despertar” é o décimo volume e fecha a série. Na verdade, tudo meio que acabou na edição anterior “Entes Queridos”, onde Lorde Morpheus conheceu o seu final em uma das cenas mais marcantes de todos os tempos, dotada de uma beleza e lirismo ímpar. Morpheus, o Senhor dos Sonhos e Mestre do Sonhar faz o que devia ser feito e deixa o seu reino, deixa o Sonhar de maneira inesquecível.
Em “Despertar” somos convidados ao enterro de Morpheus, um dos sete perpétuos, uma família muito maior que deuses e imortais, que andam pela terra desde o inicio dos tempos. Lá temos Destino, Morte, Delírio, Desespero e Desejo honrando a memória do Rei dos Sonhos. Até Destruição, o irmão que jogou tudo para cima aparece. Também vemos todos os personagens que Gaiman criou para a série aparecendo para dar o seu adeus.
“Sandman” de Neil Gaiman habita no campo da genialidade, das obras únicas e imortais. Depois de ser inserido no universo de Lorde Morpheus é difícil não voltar diferente. A fantasia do titulo alia-se a diversos pontos reais, coisas do cotidiano, do nosso dia a dia e no modo que enxergamos a vida e a morte na maioria das vezes. Em “Sandman” nada é gratuito, tudo se relaciona e se responde e aquilo que não tem resposta, percebemos simplesmente que não era para ter.
Com o final da série (que anteriormente não tinha lido toda) confesso que um pequeno vazio tomou conta. Breve e fugaz, mas mesmo assim existente. Como disse acima, “Sandman” é uma experiência única. Parafraseando Straub que fez um dos prefácios da obra, “se isso não é literatura, nada mais é”. Com “Despertar” um novo Rei dos Sonhos dos Perpétuos nasce, mas Lorde Morpheus ficará para sempre na memória de quem acompanhou a sua história narrada por Gaiman.
Uma boa viagem com bons sonhos.