sexta-feira, 30 de maio de 2008

"A Torre Negra Vol. V - Lobos de Calla" - Stephen King

Quando terminei a resenha de “Mago e Vidro”, o quarto volume da série “A Torre Negra” de Stephen King, disse que o ar estava carregado de boas expectativas para o próximo volume. E agora que em acabo de ler “A Torre Negra Vol. V - Lobos de Calla”, essas expectativas realmente se confirmaram. O quinto volume continua em ótimo nível, apesar de cair um pouquinho em relação ao anterior.
Originalmente escrito pelo autor em 2003, a saga do pistoleiro Roland e seus companheiros retorna em um calhamaço de mais de 700 páginas. Até você tentar pescar todas as referências e tentar tapar os buracos deixados em aberto anteriormente, demora um bom bocado. Mas vale a pena. A saga de King ganha mais em ritmo, se veste de vez de aventura e segue por dois caminhos diferentes ao mesmo tempo.
Depois de se livrar dos perigos de Blaine e do Mago Randall Flagg, o ka-tet de Roland retoma o caminho do feixe de luz, quando é interceptado por moradores de uma pequena cidade chamada Calla Bryn Sturgis. Os habitantes clamam por ajuda, pois daqui há algumas semanas será atacada por criaturas mascaradas que se intitulam de Lobos e vem uma vez por geração para roubar-lhes as crianças e devolverem depois completamente incapacitadas mentalmente.
Ao mesmo tempo, o grupo precisa defender a rosa, que representa a Torre Negra na Nova York de 1977, antes que a mesma seja destruída. Essas duas missões se cruzam e se distanciam, começando a apontar várias explicações, outros questionamentos e principalmente gerir uma enxurrada de coincidências que passaram batidas nos volumes anteriores.
No quinto volume da sua saga, Stephen King mantêm o leitor grudado nas suas palavras e passa a explorar todas as influências já mostradas anteriormente, criando um caleidoscópio que não para de girar, sempre voltando a pontos passados que deixam a trama mais rica e elaborada.
Sobre os volumes I, II, III e IV, siga os links.
Site Oficial: http://www.torrenegra.com.br

terça-feira, 27 de maio de 2008

"Roll With You" - Eli "Paperboy" Reed & The True Loves

Embriagado pelo soul clássico dos anos 60 e 70, encharcado por influências das lendárias gravadoras americanas Stax e Motown, incorporado pelos grandes mestres da soul music como James Brown, Otis Redding, Solomon Burke, Al Green e Marvin Gaye e dono de uma voz forte e vigorosa, além de um talento próprio que combinado com o dos músicos da banda, aparece como um grande diferencial.
Quem é esse cara? Esse cidadão se chama Eli “Paperboy” Reed, toca guitarra e faz vocal junto com a sua banda “The True Loves”, que é formada por Ryan “Man Hawk” Spraker na outra guitarra, Emen “Bay Area Funk” na percussão e mais uma guitarra, Mike “Money” Montgomery no baixo e Andy “Funkatron” Bauer na bateria, além do naipe de metais formado por Ben “Robocop Scientist” Jaffe, Paul “Fidgety” Jones e Patriq “Strange Affection” Moody.
Os codinomes engraçados são apenas mais um toque desse excelente grupo que descobri recentemente e desde então não para de tocar por aqui. Quem acompanha o Coisapop há algum tempo, já sabe que o soul é muito bem quisto aqui na casa e esse “Roll With You”, segundo disco de Eli “Paperboy” Reed & The True Loves, esbanja visceralidade, suingue e doçura em doses certas e homogêneas que não causarão problemas se consumidas em demasia.
A abertura com “Stake Your Claim” é simplesmente matadora, vocal em primeiro plano, metais sangrando e as guitarras fazendo seu papel. “Am I Wasting Time’ que vem depois é suculenta, lembra os grandes momentos de Al Green, pois ao mesmo tempo em que é uma balada, tem aquele suingue todo especial. “It´s Easier” evoca Marvin Gaye com louvor. “The Satisfier” mistura James Brow com Solomon Burke com estilo.
“Take My Love With You”, é um boogie woogie, deliciosamente pop e contagiante. “I´ll Roll With You” remete a algum trabalho de grupos vocais como The Temptations. “She Walks” é outra balada, com Eli “Paperboy” Reed cantando de maneira competentíssima. “I´m Gonna Getcha Back”, chama o funk pro jogo e flerta com Aretha Franklin e com o rock n´roll.
“Won´t Give Up Without A Fight”, vem mais acelerada, com um tecladão puxando o ritmo. “(Am I Just) Fooling Myself” é completamente indicada para curtir uma boa fossa. Enquanto “(Doin´ The) Boom Boom” fecha o disco com James Brown baixando no músico. Um álbum que para honrar as tradições em que busca suas influências foi gravado todo analogicamente. Mais do que justo.
“Roll With You” vem angariando criticas positivas por todo o mundo e trazendo o soul de volta para o gramado de jogo. Um dos grandes discos de 2008. Aos amantes do soul, já nasceu fundamental. Escute e vicie.
My Space:
http://www.myspace.com/elipaperboyreed

domingo, 25 de maio de 2008

"Melhor" - Wilson Simoninha - 2008

Wilson Simoninha é um daqueles caras que podemos chamar de “boa praça”. Qualquer lugar que apareça está sempre com um sorriso aberto e cativante. Com a música no sangue e fazendo efeitos desde criança, é filho do grande Wilson Simonal e irmão do pequeno gênio Max de Castro. Vem desde os anos 80 trabalhando como músico, produtor, compositor de jingles e outras coisas mais. Um daqueles multi-homens.

Como artista solo, Simoninha lança seu quarto trabalho esse ano, sendo o terceiro de inéditas. “Melhor” é uma jornada musical ao comando do artista, trazendo músicos da mais alta qualidade e participações especiais de Max De Castro, Jair Oliveira, Milton Guedes, Seu Jorge e Cláudio Zoli que se embebedam na mistura de soul, funk, samba e mpb que o músico costuma proporcionar.

“Melhor” bate diretamente com a estréia em “Volume 2”, atrás do titulo de melhor trabalho da carreira. Nele temos uma coleção de canções pop espalhadas por todo o lado, desde a dobradinha de entrada com “A Saideira” e a regravação de “Homem de Gelo” da antiga banda Bel, até a finalização com o piano de Paulo Calazans na balada “26 de Dezembro”.

No decorrer do trajeto passamos ainda pela parceira com Seu Jorge em “Ela é Brasileira”, balanço para ninguém ficar parado e “Sossega” uma composição de Simoninha com o ídolo e mestre Jorge Ben Jor, malemolente e levemente preguiçosa. Outros dois bons destaques são as baladas “É Bom Andar a Pé”, com toques do ideário hippie e a ótima e idílica “Navegador de Estrelas”.

Bom disco.

My Space: http://br.myspace.com/wilsonsimoninha

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"O Sonho de Cassandra" - 2008

Sempre é uma boa noticia saber de um filme de Woody Allen. “O Sonho de Cassandra” é o novo longa do diretor, sendo o terceiro consecutivo a ser rodado na Inglaterra. Neste novo filme, Allen muda os atores que vinham sendo utilizados mais frequentemente e parte para contar um drama, uma tragédia que envolve dois irmãos envoltos a sérios problemas financeiros.
“O Sonho de Cassandra” ancora-se na relação de família, sendo esta o ponto principal que norteia a trama. Nele somos apresentados a Ian (Ewan McGregor, em trabalho competente) e Terry (Colin Farrell, em atuação não tão brilhante mas sem comprometer), dois bons irmãos que vivem pensando, cada um a seu modo, em dias melhores.
Ian toma conta do restaurante do pai e tem mais pretensões. Terry é mecânico, viciado em jogos de qualquer espécie e tem sonhos menos ambiciosos. Os dois se metem em enrascadas envolvendo grandes somas de dinheiro e precisam recorrer ao seu Tio Howard (Tom Wilkison, muito bem), um médico com grande sucesso financeiro e que sempre ajudou a família.
No entanto para surpresa dos dois, Howard também se encontra em apuros, sendo que para ajudar os sobrinhos meio que promove uma troca de favores. Só que o favor que ele pede ultrapassa os limites. Nesse ponto é que Allen começa a dar show, observando o desespero dos personagens dentro do processo e colocando sua culpa e redenção caminhando junto com a própria ambição e necessidade.
“O Sonho de Cassandra” tem alguns pontos negativos, como a dupla de personagens principais que não consegue “dar liga”, não casa bem junto. Outro ponto é a quase ausência de trilha sonora, tão presente nos filmes do diretor. E em determinado momento tanto Ewan quanto Colin parecem estar urgentes demais nos seus papéis, como se fossem o próprio Allen atuando, imitando um pouco além da conta.
Mesmo assim, os pontos fortes como o roteiro, a trama e o elenco de atores coadjuvantes servem para deixar o longa dentro da categoria “bom”, mas longe de outras obras do diretor, mesmo recentes como “Match Point”. No mais como disse lá em cima, é sempre uma boa noticia ter filme novo de Allen. Mesmo mediano ainda é melhor do que muita coisa que temos por aí.
Mais Allen: resenha sobre “Match Point”, aqui.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

"Jonas, o Copromanta" - Patrícia Melo

A escritora Patrícia Melo já nos presenteou com ótimos livros como “O Matador” de 1995 e “Inferno” de 2000. Em 2008 chega às livrarias seu sétimo trabalho, “Jonas, o Copromanta” sucessor do denso (e não tão bom) “O Mundo Perdido” de 2006. Com 176 páginas, o novo romance da autora mais uma vez tem o selo da Companhia das Letras e retoma o caminho das boas obras.
A trama se baseia em Jonas, um cara a primeira vista praticamente normal, que leva sua vida como arquivista da Biblioteca Nacional, dentro de uma rotina comum a maioria das pessoas. Na sua vida afetiva, passeia entre duas colegas de trabalho, Eunice e Darlene. Sua vida na verdade, só faz algum sentido para ele por duas paixões: a literatura e o “dom” de adivinhar o futuro através da análise das suas fezes.
No começo, Jonas tem o efeito e o drama de um anti-herói que dedica boa parte do seu tempo a reescrever clássicos que vão de Nabokov a Edgar Allan Poe, trazendo para eles outra perspectiva. Sua loucura maior é um método de adivinhação do futuro baseado na disposição das fezes no vaso sanitário e seu alinhamento com técnicas de criptografia. Uma loucura que não precisa ferir ninguém.
Isso até Jonas ler o conto “Copromancia” do escritor Rubem Fonseca (um dos favoritos aqui da casa) contido em “Secreções, Excreções e Desatinos” e começar a enlouquecer. Para Jonas, seu ídolo plagiou (apesar de não saber como) sua idéia e colocou ela em um livro, o que aliado a visita de Rubem (que passa a ser um personagem do livro) a Biblioteca Nacional, torna esse desvario um caminho sem volta.
A partir desse momento Jonas entra em um ciclo que vai lhe deixando cada vez mais atordoado, passando a perseguir o escritor de diversas maneiras e sucumbindo assim toda a sua vida. No seu novo livro, Patrícia Melo entra de cabeça na relação entre autor e leitor, retomando toques seus de personagens antigos na construção de Jonas e aliando isso à literatura do próprio Rubem Fonseca, como também do americano Chuck Palahniuk.
“Jonas, o Copromanta”, alia delírio, devaneios, solidão e bom humor de maneira bem interessante, valendo a leitura.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"The Lucky Ones" - Mudhoney - 2008

É fácil gostar do Mudhoney. É o tipo de banda para admirar. Fez parte de um movimento importante do rock (no caso, o grunge), tem uma história anterior a ela, um cara carismático como líder (Mark Arm), lançaram discos que acompanharam tua adolescência, continuaram a tocar o barco com pouquíssimas concessões ao mainstream e depois de 20 anos tem vigor para lançar mais um ótimo disco.
“The Lucky Ones” é o seu décimo disco na carreira, novamente com o selo da Sub Pop e traz a banda de Mark Arm e Steve Turner tão suja e visceral como no final dos anos 90. Junto com o baixista Guy Maddison e o baterista Dan Peters, a dupla que fundou a banda faz um excelente disco que se não é melhor que clássicos como “Superfuzz Bigmuff” de 1988 ou “Piece Of Cake” de 1992, chega perto.
Depois do “apenas” bom “Under A Billion Suns” de 2006, o Mudhoney retoma com força toda sua música com influências não só do começo do movimento grunge mais principalmente de bandas como The Stooges e MC5. O que temos em “The Lucky Ones” é um festival de sujeira, baterias quebradas e guitarras soando distorção para todos os lados. Diversão pura.
Da podreira de “I´m Now” até o fechamento com “New Meaning”, temos um disco para escutar em volume alto, sem se importar muito com o mundo em volta. No decorrer do processo passamos pela pungente “Inside Out Over You”, as “mudhoneyanas” “And The Shimmering Lights” e “What´s The Thing”, o baixo de “The Open Minds” e as guitarras de “Tales Of Terror”, entre outras canções.
Um dos melhores discos de 2008. Aumente o volume!!
Site Oficial: http://www.mudhoney.net
My Space: http://www.myspace.com/mudhoney

sexta-feira, 16 de maio de 2008

"Feliz de Verdade" - Scott Mebus

Um livro com o nome “Feliz de Verdade” parece auto ajuda, não? E a capa toda colorida em listras? Sei não... O segundo livro do americano Scott Mebus (no original “The Big Happy”) é o primeiro a ser lançado no Brasil, chegando através da Editora Landscape em 2008, sendo que originalmente foi publicado em 2006. O nova iorquino Scott Mebus é um multi-homem que além de escrever é compositor, dramaturgo, humorista e produtor da MTV.
Apesar das desconfianças iniciais (e completamente preconceituosas, confesso) o livro passa totalmente longe da auto ajuda e das cores da capa. O universo que o autor nos apresenta no seu livro remete a literatura pop de nomes como Nick Hornby, Matt Beaumont e Tony Parsons e invade o caminho da sensibilidade entre vida, amor e amizade tão brilhantemente explorado no seriado Friends, com inúmeras e incontáveis doses de sarcasmo.
O personagem principal é David, um ex-produtor bem sucedido perto dos 30 anos, que ganhou alguns Emmy´s inclusive e decide do nada largar tudo para ser “feliz de verdade”. Essa busca de felicidade passa pelo desejo de se tornar escritor e ver seu primeiro livro publicado. Enquanto isso não chega, ele ganha a vida sendo disc jockey atendendo casamentos, bodas, quinze anos e outras coisas do tipo.
No caminho de David (além dele mesmo) temos alguns bons amigos de longa data, mais precisamente Cameron, o melhor sucedido, Dustin, o machão, Zach, o intelectual e a melhor amiga e sempre companheira Anne, que resolve casar com um cara que David despreza e chama de “Rato”. Além disso, tem a familia do cara, assim como Janey, que chega e causa bastante confusão nas visões simplistas e meio covardes de David.
Essa “busca pela felicidade” rende ótimos momentos como a disputa de bambolês (para ficar rindo por algumas horas) e a despedida de solteiro do Rato, além de constantes tiradas bem humoradas que fazem do livro algo muito prazeroso de ser consumido. Apesar de não ter nada que indique lições de moral ou coisas do tipo, “Feliz De Verdade” faz vez ou outra dar uma pensada na vida e nos seus caminhos.
Vale muito a pena.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

"Pequenas Coisas Me Fazem Feliz" - Radiotape - 2008

Um bom amigo tem uma camiseta com os dizeres “Eu amo powerpop”, enquanto duas guitarras estão jogadas no chão junto com um microfone. Bem bacana. E foi ela que me veio a mente quando escutei a estréia dos mineiros do Radiotape, “Pequenas Coisas Me Fazem Feliz”, lançado (e disponibilizado) pelo Senhor F Virtual este mês.
O grupo formado por Adílson Badaró (vocal e guitarras), Lucas Sallum (baixo e vocal) e José Caputo (bateria) exala vigor e juventude no seu primeiro trabalho, bebendo em fontes sessentistas e passando por bandas como Teenage Fanclub, The Lemonheads e um pouco de coisas mais novas como Strokes.
As onze faixas não chegam a 30 minutos e trazem guitarras distorcidas, vocal competente, melodias para cantar junto e mais guitarras rápidas e sem muita invenção. Tudo esta lá, desde os refrões ganchudos, aos vocais compartilhados em determinados momentos e alguns backing vocals característicos. Powerpop em sua essência.
O disco todo é bom, bastante homogêneo, resultando em um dos melhores que passaram aqui pela casa nesse ano, dentro do rock brazuca. Alguns destaques maiores são as faixas “Tenho a Solução”, “Nova Chance”, “Não Quero Ser Igual a Você” e as excelentes “Apostar em Você” e “Te Alcançar”.
Sabe de uma? Acho que vou procurar fazer uma camiseta daquelas lá de cima para mim também. E você? Bom, você baixe o disco, bote pra rodar, aumente o som e divirta-se sem maiores preocupações.
Para baixar o disco passe em: http://www.myspace.com/radiotape ou vá no link do Senhor F, aqui.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Way Better Now" - Speedmarket Avenue - 2008

No ano passado os discos oriundos de artistas da Suécia deixaram um rastro de alegria e satisfação aqui na casa. Muitos discos passaram pelo Windows Media Player e encantaram com uma maestria em fazer musica pop e assobiável que beira a perfeição. Em 2008, nada que viesse de lá tinha provocado o mesmo efeito, até “Way Better Now” do Speedmarket Avenue aparecer.
O combo de Estocolmo formado por Johan Angantyr, Sibille Attar, Thomas Holm, Jesper Klein, Tom Wikström e Isak Klasson chega ao segundo trabalho (o anterior é de 2004), esbanjando qualidade dentro da seara do indie pop. Lançado pela Elefant Records, “Way Better Now” é daqueles discos que entram na categoria “não vão mudar sua vida, mas valem muito a pena”.
“Sirens” abre o disco com mais de seis minutos que passam rapidamente, pedindo para serem repetidos. Depois temos “Accident” que lembra os bons momentos do Belle And Sebastian, a faixa título já mais veloz, com vocais compartilhados e um ótimo trabalho de bateria e “Don´t Fall In Love”, mais sessentista e quebrada com uma melodia comandada por teclados.
“Tell Me No” começa com um sussurro, antes da bateria entrar feito um tambor e deixar a canção com a cara da Bjork, até os metais transformarem o clima em algo meio épico. “The State Of Harmony” abre com um barulho de ondas para posteriormente despejar no ouvinte uma linda melodia em dueto. “Enlightened & Left-Wing Indeed” tem aquele tecladão abrindo junto com o vocal até ganhar ritmo. Indie pop puro e honesto.
“Less Than Ok” vem como uma canção de um bordel dos anos 20 ou de um bar qualquer perdido nos anos 40. “No Drama” retoma o ritmo perdido na faixa titulo e traz uma das melhores faixas do trabalho, com os metais aparecendo muito bem. Cabe a “Final Wall” fechar o trabalho com nuances meio etéreas. Um disco para proporcionar momentos felizes e acalmar a alma.
Para “Way Better Now”, siga o link.
Site Oficial: http://www.speedmarketavenue.com
My Space: http://www.myspace.com/speedmarketavenue

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Slam" - Nick Hornby

Sam tem 18 anos e decide olhar para trás e analisar sua vida aos 16 anos, um período que foi extremamente difícil de ser ultrapassado. Aos 16 anos, Sam era um garoto praticamente normal, estudava, era viciado em skate, tinha seus ídolos e levava sua vidinha no ritmo de qualquer adolescente. Até conhecer Alicia. Alicia virou um marco na sua vida e promoveu uma série de acontecimentos que ele não esperava.
A premissa básica acima é o que envolve o novo livro do inglês Nick Hornby, “Slam” (que na gíria do skate significa “tombo”). Lançado pela Editora Rocco com tradução de Paulo Reis nesse ano, “Slam” traz o autor de pequenos clássicos modernos como “Alta Fidelidade” visitando um publico mais jovem, mas com a mesma velha e boa forma de contar suas histórias.
“Slam” traz os pontos principais da literatura de Hornby em degrau menor, como um romance que desliza no gelo da convivência, um personagem coadjuvante engraçado (dessa vez, Rabbit, o amigo de Sam, é o cara), pílulas de cultura pop, pequenas sátiras do cotidiano e uma lição de moral inclusa, ainda que esta não seja explícita ou mesmo objetiva. “Slam” é daqueles livros que são consumidos de uma só vez.
Narrado por Sam, vemos o garoto se apaixonar por uma bela menina (de um universo diferente do seu, lógico) e depois a relação esfriar para resultar na noticia de que Alicia está grávida. Noticia que muda completamente a vida do adolescente e agrava mais ainda o seu vicio de conversar com o pôster do ídolo Tony Hawk, além de começar a ter “previsões” sobre o seu futuro.
Hornby trata de maneira suave, um drama cada vez mais recorrente no nosso mundo, onde temos cada vez mais adolescentes tendo filhos quando ainda não tem o menor suporte para tanto. Apesar de tratar de um assunto delicado, “Slam” é leve e descompromissado, para ser consumido em um final de tarde, durante uma viagem ou no final de semana. Nada demais, apenas um bom livro.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

"Homem de Ferro" - 2008

Nos quadrinhos, o Homem de Ferro, alter ego do bilionário e playboy Tony Stark sempre foi um personagem meio a sombra dos ícones da Marvel como Homem-Aranha, Capitão América, X-Men, Hulk e Thor, só para ficar em alguns exemplos. No decorrer dos anos essa importância foi aumentando e hoje nos quadrinhos o personagem atravessa um momento de imenso poder e relevância como diretor da S.H.I.E.L.D (agência de espionagem mundial pela paz).
Tony Stark que fez seus bilhões vendendo armas em diversas guerras já passou por graves crises nos quadrinhos, como o alcoolismo, a guerra contra suas próprias armaduras e a vida como Secretário de Defesa dos USA. É o início de toda essa trajetória que começa a ser contada nos cinemas, com a estréia semana passada de “Homem De Ferro”, a nova aposta da Marvel na grande tela.
Muito fiel a história original (o que é fundamental), só dando uma atualizada aqui e ali, temos Tony Stark (vivido por um perfeito Robert Downey Jr.), mostrando um novo míssil no Afeganistão, sendo posteriormente atacado e sequestrado. No meio do ataque uma bomba fabricada pela sua própria companhia explode e arremessa vários estilhaços no seu peito.
Ao acordar, Stark vê um equipamento instalado no seu peito que serve para não deixar que os estilhaços cheguem ao seu coração. O maquinário foi idealizado por seu companheiro de cela Yin-Sen (Shaun Tob) que salva sua vida. Em meio a pressão para criar novos mísseis para os seus seqüestradores, Stark constrói uma armadura que utiliza para fugir. De volta ao seu país, decide não construir mais armamentos para surpresa de seu sócio Obadiah Stane (um ótimo Jeff Bridges) e da imprensa.
Na luta contra sua antiga vida Tony constrói um Homem de Ferro mais moderno e cheio de recursos (incrivelmente idêntico ao dos quadrinhos) e começa a aperfeiçoá-lo. A partir daí, bom, é melhor ver o filme. O longa ainda tem Gwyneth Paltrow e Terrence Howard no elenco e traz a direção precisa de Jon Favreau que combinado ao roteiro ágil e trilha sonora certeira fazem de “Homem de Ferro” um grande filme, nos moldes de Homem-Aranha e X-Men.
Corra já para o cinema.

sábado, 3 de maio de 2008

"Dona Flor E Seus Dois Maridos" - Teatro das Artes (RJ) - 02.05.2008

Que Jorge Amado foi um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos e que “Dona Flor e Seus Dois Maridos” representa um de seus grandes clássicos quase ninguém discorda. Então o que uma montagem teatral com nomes como Marcelo Faria, Carol Castro e Duda Ribeiro poderia acrescentar a obra? Diversão é a resposta. Boa e despretensiosa diversão.
Em cartaz no Teatro das Artes no Shopping da Gávea na cidade do Rio de Janeiro, a peça vem sendo bem recebida por público e crítica. Com um orçamento relativamente alto e um elenco numeroso dirigido por Pedro Vasconcellos, a peça cumpre aquilo que se destina que é mostrar o trabalho do autor para gerações mais novas e promover boas risadas nesse romance moderno publicado originalmente em 1966.
Ambientado na Bahia dos anos 40, mais precisamente no pelourinho, conta-se a história de Flor (Carol Castro, belíssima) e seu casamento com Vadinho (Marcelo Faria), um malandro boêmio que morre e deixa sua esposa viúva. Flor então casa-se com Theodoro (Duda Ribeiro), um respeitado (e respeitoso) farmacêutico que é completamente o oposto de Vadinho.
Apesar de estar feliz com Theodoro, simplesmente um cavalheiro a moda antiga, Flor anda descontente pelo rendimento de seu marido na cama. Então eis que ressurge dos mortos, o finado Vadinho para apimentar a relação. A peça conta com bons momentos (apesar de algumas piadas repetidas em demasia) e os atores atuando de maneira razoável e sem comprometer, resultando em uma boa pedida para se divertir.
Leve e recomendável.
Site Oficial: http://www.donafloreseusdoismaridos.com.br

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Os Paralamas do Sucesso - Arcos da Lapa (RJ) - 01.05.2008

Primeiro de maio. Feriadão, dia dos trabalhadores. A CUT e o Sindicato dos Bancários promovem nos Arcos da Lapa no Rio de Janeiro uma celebração que envolve artistas como Ana Costa, Dudu Nobre e Diogo Nogueira. Nada mais carioca. Fechando o dia vinha os Paralamas do Sucesso, que começaram exatamente quando eu chegava do Tributo ao Cazuza na praia de Copacabana.
Provavelmente os Paralamas são a banda que mais vi shows nesses meus parcos 29 anos, alguns memoráveis, outros nem tanto, mas com certeza nunca vi um show ruim. Fazia tempo que não via a banda, tempo mesmo e na Lapa, Herbert, Bi e Barone mostraram toda sua força engatando hit atrás de hit e fazendo todos cantarem junto.
Não foi um show que entra no rol dos melhores da sua vida, mas para um antigo fã foi extremamente divertido e saboroso cantar junto com Herbert canções inesquecíveis e que marcaram época como “Caleidoscópio”, “Tendo A Lua”, “Trac-Trac” e tantas outras. Até músicas completamente saturadas como “Meu Erro”, “Uma Brasileira” e “Lanterna dos Afogados”, desceram macias, macias.
Durante o show a banda pouco fala e toca muito, com o quarto paralama, o tecladista João Fera e o naipe de metais mandando ver junto com o trio. Para quem gosta da boa música é sem dúvida emocionante ver Herbert em cima de um palco empunhando sua guitarra, depois por tudo que passou e fazendo isso ainda com imenso prazer e satisfação. Mal sabe ele que o maior prazer será sempre nosso.
Sempre aconselhável.
Obs: Não levei a máquina e não consegui fotos pela internet, por isso essa foto aí. :)