sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

"Terceiro Mundo Festivo" - Wado - 2008


Difícil não gostar do trabalho do alagoano Wado. Desde sua estréia em 2001 com “O Manifesto da Arte Periférica”, ele vem flertando entre o novo e o antigo, usando e abusando de melodias inteligentes, sonoridades distantes do lugar comum e letras muito bem sacadas. Em 2004, ao lado Realismo Fantástico lançou uma pequena obra prima, o indispensável “A Farsa do Samba Nublado”.
Ano passado juntou-se com alguns amigos e colocou no mercado o projeto Fino Coletivo, que lançou um dos melhores discos do ano e manteve o alto nível do seu trabalho. Em 2008, chega a hora desse alagoano nos surpreender com outro belo disco. “Terceiro Mundo Festivo” é o nome e traz as apostas de Wado em sonoridades das periferias de todo o mundo.
Contando com Dinho Zampier (teclados e violão), Pedro Ivo Euzébio (programações), Bruno Rodrigues (baixo) e Rodrigo Peixe (bateria), além de Cris Braun e Jan Aline nos backing vocals, Wado dá mais uns cinco passos a frente ao mesmo tempo em que reencontra parte da sonoridade proposta nos dois primeiros álbuns.
Se no disco anterior (já citado acima), os violões conduziam as canções, desvirtuando o samba e lhe dando novos contornos, neste “Terceiro Mundo Festivo”, eles são apenas bons coadjuvantes. As bonitas “Melhor” e “Recado” talvez sejam as que mais se assemelhem a esse passado recente. As demais canções são outro papo.
Temos quase um funk carioca, bem mais lento em “Teta”, que carrega a letra de sacanagem: “Está guardado pra você amor, aceite, aceite/Está guardado pra você amor, o leite”. “Fita Bruta” nos seus pouco mais de dois minutos, critica a indústria da arte em frases como: “Não entramos na comédia/E é preciso fazer média com o maldito diretor”. “Leva” circula por ritmos nordestinos e caribenhos, suave e pra cima.
“Reforma Agrária do Ar”, com vocal recheado de efeitos, critica “o latifúndio das ondas do rádio”, um tiro seco e certeiro contra todo esse cartel que vive de mesmice e jabá. “Pendurado”, “Faz-me Rir” e “Lucrécia” também não ficam atrás e mantêm o alto nível. O ponto máximo fica por conta de “Fortalece Aí”, um quase samba, com uma melodia grudenta dizendo: “Fortalece aí, meu coração...”. Pode deixar tocar seguidamente.
Mais uma vez Wado dá show, voltando seus olhos para a música que nasce a cada minuto nos mais diversos lugares, com poucos recursos e muitas idéias, sem o mínimo apoio. E continua cavalgando firme na montagem de uma sonoridade ímpar no cenário nacional. É o seguinte meu chapa, aperte o play e bote pra funcionar a reforma agrária do ar.
“Terceiro Mundo Festivo” está liberado para download no site oficial, assim como os discos anteriores. Não perde tempo, vai lá: http://www2.uol.com.br/wado
Resenha sobre “A Farsa do Samba Nublado”, aqui.

2 comentários:

Japa disse...

Oi Adriano! Sempre acompanho o seu blog, já conheci muita coisa legal por aí. Tô começando um blog agora ... me aventurando, se tiver um tempo e paciência, dá uma olhada lá. Abraço

http://entrerock.blogspot.com/

Adriano Mello Costa disse...

Opa...Seja sempre bem vindo...
Vou passar no seu blog sim, longa vida para ele. :)
Abs.