Há bastante tempo o gaúcho Vitor Ramil é um dos melhores nomes da nossa MPB, sempre a margem da mídia, mas com uma legião de fãs espalhados pelo país que cultivam seus espaçosos discos (considerando o tempo de carreira) vorazmente. Marcos Suzano está entre os grandes instrumentistas do país, tendo tocado com quase todas as feras da MPB ao longo da carreira.
Em 2007, esses dois artistas resolveram se unir. A primeira vista, duas características tão dispares, poderiam sugerir que não ia dar certo. Mas o talento venceu no final e produziu “Satolep Sambatown”, uma pequena obra prima. O intimista e o expansivo. O frio e o calor. A poesia e o ritmo. Tudo aqui vem coreografado como um pequeno balé.
Desde os idos da sua estréia lá no comecinho dos anos 80 com “Estrela, Estrela”, Vitor Ramil explorava o que chama de “Estética do Frio”, uma música própria gerada no sul do país, distante de todos aqueles oba-obas de quem sempre tinha sol e vivia cantando canções pra cima. Com a união com Marcos Suzano, Vitor Ramil se reinventa e descobre novas facetas.
Temos canções como “Livro Aberto” que abre o disco já dizendo para o que veio, os dois meio que duelando em suas áreas. “Viajei” tem uma bela estrutura melódica e retrata um pouco da vida de Ramil, perambulando país afora, em shows e mais shows. “Que Horas Não São” conta com a participação de Kátia B, e traz um clima mais carioca, falando de sol, nem de perto lembrando alguns antigos poemas de Ramil.
Marcos Suzano aparece com grande destaque em “O Copo e a Tempestade”, um samba quebrado e sincopado com um verdadeiro show seu no pandeiro, como também nas baladas “Café da Manhã”, um Chico Buarque destorcido na percussão e nos efeitos e em “A Word Is Dead”. “Astronauta Lírico” é outra que merece ser mencionada, fechando o disco.
Os melhores momentos ficam por conta de “A Zero Por Hora” com o competente Jorge Drexler em parceria, cantando em português. Muito bonito. Uma canção sobre se encontrar, achar o caminho. E “Ilusão da Casa”, uma baladaça, com os violões em primeiro plano, com Ramil versando sobre a vida que passa na sua frente, versando sobre o tempo (“...o tempo é minha casa...”).
“Satolep Sambatown” foi um dos discos que mais escutei em 2007, sendo um dos que mais me cativaram e comoveram. Não sei se pelo fato de ser admirador do trabalho de Ramil há muito tempo, mas acredito que seja mais pela excelente união de dois cracaços da música nacional em um disco que honram suas características, mas não esquecem em momento nenhum de flertar com o novo.
Alta qualidade.
Site do Ramil: http://www.vitorramil.com.br
Site do Suzano: http://www.entrecantos.com/suzano.htm
Em 2007, esses dois artistas resolveram se unir. A primeira vista, duas características tão dispares, poderiam sugerir que não ia dar certo. Mas o talento venceu no final e produziu “Satolep Sambatown”, uma pequena obra prima. O intimista e o expansivo. O frio e o calor. A poesia e o ritmo. Tudo aqui vem coreografado como um pequeno balé.
Desde os idos da sua estréia lá no comecinho dos anos 80 com “Estrela, Estrela”, Vitor Ramil explorava o que chama de “Estética do Frio”, uma música própria gerada no sul do país, distante de todos aqueles oba-obas de quem sempre tinha sol e vivia cantando canções pra cima. Com a união com Marcos Suzano, Vitor Ramil se reinventa e descobre novas facetas.
Temos canções como “Livro Aberto” que abre o disco já dizendo para o que veio, os dois meio que duelando em suas áreas. “Viajei” tem uma bela estrutura melódica e retrata um pouco da vida de Ramil, perambulando país afora, em shows e mais shows. “Que Horas Não São” conta com a participação de Kátia B, e traz um clima mais carioca, falando de sol, nem de perto lembrando alguns antigos poemas de Ramil.
Marcos Suzano aparece com grande destaque em “O Copo e a Tempestade”, um samba quebrado e sincopado com um verdadeiro show seu no pandeiro, como também nas baladas “Café da Manhã”, um Chico Buarque destorcido na percussão e nos efeitos e em “A Word Is Dead”. “Astronauta Lírico” é outra que merece ser mencionada, fechando o disco.
Os melhores momentos ficam por conta de “A Zero Por Hora” com o competente Jorge Drexler em parceria, cantando em português. Muito bonito. Uma canção sobre se encontrar, achar o caminho. E “Ilusão da Casa”, uma baladaça, com os violões em primeiro plano, com Ramil versando sobre a vida que passa na sua frente, versando sobre o tempo (“...o tempo é minha casa...”).
“Satolep Sambatown” foi um dos discos que mais escutei em 2007, sendo um dos que mais me cativaram e comoveram. Não sei se pelo fato de ser admirador do trabalho de Ramil há muito tempo, mas acredito que seja mais pela excelente união de dois cracaços da música nacional em um disco que honram suas características, mas não esquecem em momento nenhum de flertar com o novo.
Alta qualidade.
Site do Ramil: http://www.vitorramil.com.br
Site do Suzano: http://www.entrecantos.com/suzano.htm
2 comentários:
Gosto é gosto! E só gostamos daquilo com o qual nos identificamos. Vitor, no auge da fama de seus irmãos - Kleiton e Kledir, foi apresentado pelos mesmos a uma gravadora no Rio, cujo produtor achou seus trabalhos intelectuais demais e sugeriu que ele fizesse coisas mais comerciais. Vitor virou as costas a esta pobre cultura e ainda deu a resposta em Sim e Fim (Cantar e não ser feliz/ é coisa que nunca fiz). Identifico-me com este inconformismo ante à mesmice, aos padrões comerciais e convenções e regras impostas. O trabalho de Vitor é realmente culto demais diante da superficialidade reinante no Showbizz tupiniquim. Vitor é um grande poeta, Marcos um excelente músico e, na minha opinião, Satolep Sambatown é um dos melhores trabalhos da MPB em 2007.
Um dos melhores de 2007 e é uma pena que o trabalho do Vitor nao seja mais conhecido Brasil afora.
Abs,
Postar um comentário