Ano novo chegando...
Hora de renovar os sonhos, as esperanças, fechar um novo contrato com a vida...
Hora de cortar maus hábitos, de lembrar que todo dia também pode ser um novo ano...
Hora de fazer um elogio a tudo que realmente vale a pena nessa vida...
Hora de brindar a vida...
Hora de agradecer por tudo que já nos foi dado na nossa jornada...
Hora de entender que tudo aqui passa rápido, correndo, mas que tudo vale a pena, que tudo merece ser vivido da melhor forma que conseguirmos...
Um ano para começar a realizar todos os sonhos que guardamos nas gavetas, um ano para mais uma vez afirmarmos para o mundo: “Ei, estamos aqui!!”
Um brinde!
Que façamos da vida sempre um elogio a própria vida...
Um 2009 do caralho a todos!!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
“Falling Off The Lavender Bridge” - Lightspeed Champion - 2008
Sabe aquele disco para escutar em uma bela e despretensiosa manhã de domingo? Para escutar nos momentos mais leves do dia ou no fone de ouvido enquanto caminhamos rumo ao trabalho? Aquele disco saborosamente pop, mas com bastante qualidade? Sabe? Pois é, esta categoria ganhou mais um integrante no ano de 2008, trata-se de “Falling Off The Lavender Bridge” do Lightspeed Champion.
O Lightspeed Champion, na verdade é o novo projeto do músico Devonte Hynes (Ex-Test Icicles), que faz sua estréia com uma capa no mínimo peculiar e que na verdade serve mais para afugentar do que conquistar ouvintes. Aliás, Dev Hynes é uma figuraça daquelas. Basta dar uma olhada nos vídeos no youtube ou nas fotos do site, que você não passa indiferente a canhastrice do cara.
“Falling Off The Lavender Bridge” é deliciosamente pop, flertando com o folk, o country e o indie, trazendo momentos bastante agradáveis no decorrer das suas doze faixas, que com raras exceções tem curta duração, como exige a música pop. Uma dessas raras exceções fica por conta de “Midnight Surprise” que com quase dez minutos e andamentos diversos, passa suave e tranqüila, sem soar cansativa no seu percurso.
O disco tem desde momentos mais animados como “Galaxy Of The Lost”, “Tell Me What It's Worth”, “I Could Have Done This Myself”, “Dry Lips”, “Let The Bitches Die” e “No Surprise(For Wendela)/Midnight Surprise” ou mais calmos como “All To Shit”, “Devil Tricks For A Bitch”, “Salty Water”, passando até por baladinhas como “Everyone I Know Is Listening To Crunk”.
“Falling Off The Lavender Bridge” traz boas doses de humor e letras bem sacadas inseridas em melodias muito bem feitas e contagiantes. Dev Hynes está inspirado e muito bem acompanhado por um bom grupo de amigos, principalmente da vocalista Emmy The Great, que ao contrapor o vocal com o de Hynes provoca ótimos momentos. Esse disquinho do Lightspeed Champion merece ser escutado, sendo completamente indicado contra a tristeza e o mau humor.
Site Oficial: http://www.lightspeedchampion.com
My Space: http://www.myspace.com/lightspeedchampion
sábado, 27 de dezembro de 2008
"For Emma, Forever Ago" - Bon Iver - 2008
Uma das definições mais peculiares para o que chamamos de folk é: “denominaçāo indicava para a música feita pela sociedade pré-industrial, fora dos circuitos da alta cultura urbana”. É claro que essa definição vincula o folk em tempos bem mais idos. Ao escutar o disco “For Emma, Forever Ago” do americano Bon Iver, tal assertiva não fica tão distante, uma vez que o disco exala por todos os seus poros, um climão rústico, distante da barulheira das cidades.
Bon Iver na verdade é o americano de Wisconsin, Justin Vernon que construiu as nove canções que compõem o disco, assoberbado por uma imensa carga de fracasso, decepção e tristeza. Como muitos outros, Vernon tinha uma banda e também uma namorada. A banda saiu para tentar a sorte em outra cidade, não resistiu e o sonho acabou. Seu relacionamento amoroso foi igualmente por água abaixo. Vernon então decidiu ir para uma cabana, se isolar, passar por esse pequeno inferno astral e tentar se recuperar.
O resultado desses meses no meio do nada em pleno inverno é “For Emma, Forever Ago”, um trabalho que remete ao folk de nomes como Nick Drake ou Bert Jansch e pode fazer par com nomes mais contemporâneos como Devendra Banhart, Iron & Wine e Bonnie “Prince” Billy. No disco, o artista conta além de seu violão com uma rara bateria, uns pouquíssimos metais e vocais carregados de overdubs e passagens dobradas, que passam fazendo bonito, sem soar cansativos ou mesmo chatos.
Originalmente lançado de maneira independente em 2007, o disco teve um novo nascimento em fevereiro deste ano pela pequena gravadora Jagjaguwar e chegou a lista de melhores de 2008, de publicações respeitáveis mundo afora. Faixas como “Flume”, “Skinny Love”, “For Emma” e “Re:Stacks” tem um lirismo cativante e são o ponto mais alto de um trabalho triste, mas muito bonito, afinal quem disse que a tristeza não pode ser bela?
Site Oficial: http://www.boniver.org
My Space: http://www.myspace.com/boniver
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Feliz Natal!!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
"Fleet Foxes" - Fleet Foxes - 2008
Mesmo com tanta informação disponível nos dias de hoje e a vontade de sempre estar atento a tudo que vem acontecendo, freqüentemente passa uma banda que não damos a devida atenção e acabamos por redescobrir mais adiante. Isso aconteceu com os americanos do Fleet Foxes, vi o disco, li uns comentários, mas não fui atrás de escutar. Agora no final do ano a banda esteve presente em listas conceituadas de melhores de 2008, o que me fez querer escutar.
Os americanos de Seattle, Robin Pecknold (vocal e guitarra), Skyler Skjelset (guitarra), Bryn Lumsden (baixo), Casey Wescott (teclados) e Nicholas Peterson (bateria) fizeram no seu disco homônimo de estréia um belo trabalho. “Fleet Foxes” é extremamente prazeroso de ser escutado e pode servi-lo em diversas ocasiões do dia. Sua música habita no mundo de Beach Boys, Bob Dylan, Crosby, Stills, Nash & Young e The Byrds, entre outras influências presentes.
A sonoridade é simples e rústica mesmo quando é extremamente trabalhada. As harmonias vocais elaboradas pela banda são muito bem arregimentadas e conduzidas, transportando o ouvinte para uma espécie de transe que só tem fim quando o disquinho acaba de rodar no player. Vamos citar como exemplo, a faixa “White Winter Hymnal”, com os vocais ora em conjunto, ora em momentos diferentes que vão se encontrando na bela melodia, pedindo para tocar muitas vezes.
Todas as onze canções estão no mesmo nível, mas ainda assim podemos destacar algumas como a abertura com “Sun It Rises”, a bonita “He Doesn't Know Why”, a ode a Neil Young em “Meadowlarks” ou o fechamento nota dez com louvor de “Oliver James”. O timbre de voz de Robin Pecknold também ajuda, é agradável e faz muito bem aos ouvidos às vezes calejados de tanta bobagem durante o dia.
“Fleet Foxes” foi uma grata surpresa nesse final de 2008. Tomara que a banda siga na estrada sempre produzindo músicas não só para os ouvidos, mas também para a alma. Belo disco.
My Space: http://www.myspace.com/fleetfoxes
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
"Ensaio Sobre a Cegueira" - 2008
O livro “Ensaio Sobre A Cegueira” do escritor português José Saramago é uma obra que transmite ao leitor uma versão dura e crua da nossa pretensa humanidade e das nossas conquistas enquanto sociedade, que desmoronam de uma hora para outra nos arremessando de volta a tempos bem mais difíceis. Quando o diretor Fernando Meirelles apontou como seu novo projeto a adaptação da obra para o cinema, achei muito difícil ele repassar o sentimento do livro para a grande tela.
Para o grande bem daqueles que gostam do livro e do bom cinema, o brasileiro conseguiu transmitir de maneira brilhante quase que a totalidade da inquietação que sentimos ao ler a obra. “Blindness”, o filme, é ao mesmo tempo ousado e elitista, assustador e esperançoso, sombrio e humanista. Com um elenco de primeira linha, composto por Juliane Moore, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, Mark Ruffalo e Alice Braga, o diretor transpõe fielmente a obra de Saramago, o que resulta no grande ponto positivo.
No filme em que ninguém tem nome (afinal para que nomes?), somos apresentados a um homem que subitamente fica cego quando está dirigindo pela cidade, uma cegueira completamente branca, sem explicações e que começa a se alastrar como uma epidemia, contagiando todos que vão se sucedendo nos acontecimentos. O governo para conter o surto coloca todos os “doentes” em um lugar sujo e sem higiene, que serve para apaziguar o medo dos governantes em serem atingidos.
Os “doentes” que são colocados em quarentena passam a se virar como podem, sem nenhum auxilio do governo, a não ser da mulher (Juliane Moore, redundantemente ótima) do médico (Mark Ruffalo) contaminado pelo primeiro a ter cegado, que continua com sua visão em perfeita forma, se tornando a única a ver os horrores que passam a ser construídos. A mulher do médico ao mesmo tempo em que serve de guia e ajuda, funciona também como guardiã e testemunha de uma realidade quase absurda.
“Blindness” destrói de maneira brutal e arrebatadora todos os conceitos de sociedade que hoje nos são pertinentes. A partir da perda da visão coletiva arremessa todos (com raras exceções) em direção aos seus instintos mais básicos como alimentação e sexo, mas sem antes manter entre eles a perversão da cobiça e do desprezo para com os seus iguais. “Blindness”, como diria o livro diz que “só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são”. Obrigatório.
sábado, 20 de dezembro de 2008
"Longe Dela" - 2007
Toda pessoa sonha com o amor para o resto da vida em algum momento da sua jornada. Sonha em encontrar alguém para viver feliz e envelhecer juntinho quando for chegada a hora disso acontecer. Esse desejo tão ilusório nos dias de hoje (mas ainda assim grandioso), tão distante na época em que vivemos pode ser presenciado em algumas ocasiões. É nesse universo que o primeiro longa da competente atriz Sarah Polley nos coloca em “Longe Dela”.
Nele somos apresentados a Grant (Gordon Pinsent) e Fiona (Julie Christie), um casal na casa dos 60 anos, que passou os últimos 40 e poucos juntos e hoje moram em um chalé afastado, onde compartilham o prazer da sua companhia e as benesses de um relacionamento que apesar de alguns deslizes (como percebe-se mais a frente) foi regado inteiramente de amor e de companheirismo. Grant e Fiona seriam o casal do desejo descrito no parágrafo acima.
Até chegarmos a cena que define o que esperar do filme mais adiante. Ao acabar de lavar uma frigideira, Fiona vai calmamente, abre a geladeira e a coloca dentro, enquanto em seguida, de maneira sossegada, Gordon a retira e guarda no local correto. Fiona está com o Mal de Alzheimer e este vai se acelerando e degradando a sua memória e aquilo que lhe concerne como mundo lá fora, enquanto junto com seu esposo tentam levar tudo mais ou menos tranquilamente.
Com o avanço da doença a única saída é a internação de Fiona (com seu total aval) em uma casa de repouso, onde no início Grant precisará ficar 30 dias longe da sua amada. Quando finalmente Grant está permitido para encontrar sua esposa, a doença dela lhe trará um mundo novo, um mundo totalmente desconhecido para os dois, que precisam novamente encontrar o amor que tinham um pelo outro no meio das novas surpresas que vão aparecendo.
“Longe Dela” é um filme demasiadamente bonito, mas igualmente triste. Baseado no conto “The bear came over the mountain" da escritora canadense Alice Munro, Sarah Polley constrói um drama difícil de passar sem causar emoção. Com um trabalho brilhante de Gordon Pinsent e Julie Christie, indicações ao Oscar e uma trilha sonora com canções de Neil Young como Harvest Moon e Helpless (essa em uma versão maravilhosa de K.D. Lang), “Longe Dela” vale plenamente a sessão.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
"Day & Age" - The Killers - 2008
Se tornar uma banda grande, que lota estádios por onde passa, vende muito discos e tem fãs ao redor do mundo, na maioria das vezes resulta em algo não muito saudável para sua sonoridade. Vez ou outra o sucesso sobe um pouco a cabeça, a megalomania toma conta do ar, a gravadora faz pressão para mais sucessos e a banda nem percebe isso a tempo de corrigir e retomar seu rumo. O começo disso pode estar acontecendo com os americanos do The Killers.
No seu novo álbum, lançado mês passado, “Day & Age”, Brandon Flowers (vocal e teclados), David Keuning (guitarras), Mark Stormer (baixo) e Ronnie Vannucci (bateria) rumam para um caminho de pretensa grandiosidade que não lhe faz nada bem. O vigor contido na estréia em “Hot Fuss” e a qualidade de “Sam´s Town”, o segundo trabalho, continuam presentes, mas são sobrecarregados pela produção e arranjos que permeiam o disco.
As influências da banda continuam lá, Queen, David Bowie, pop 80, U2, etc..., as melodias continuam arrebatadoras com refrões para cantar junto, o vocal de Brandon Flowers está melhor (apesar de tentar ser o Bono em alguns momentos), mas algo parece soar fora do lugar. É uma orquestração que não funciona, um teclado que não cai bem, uma faixa que ultrapassa demais o tempo de terminar. Tudo isso acaba por fazer “Day & Age” um disco com apenas alguns bons momentos.
Entre esses momentos podemos citar a primeira faixa de trabalho, “Human”, um pop dançante dos 80, que poderia muito bem ter saido de algum disco do Pet Shop Boys ou do Erasure e “Spaceman” com um baixão a lá Joy Division que funciona muito bem. Destaque também para “Neon Tiger”, totalmente Queen. As duas faixas bônus “A Crippling Blow” e “Forget About What I Said” funcionam muito bem e podiam tranquilamente estar no disco.
Em “Day & Age”, Brandon Flowers e sua trupe estão vivendo um dos maiores estereótipos do rock, tentando fazer sua música ser maior do que realmente é. Uma produção excessiva (até para os parâmetros da própria banda) acaba por fazer do Killers meio cópia de si mesmo, vivendo somente de alguns momentos, o que para uma banda que já cravou mais do que um bom par de hits nos discos anteriores, chega a ser bem decepcionante.
My Space: http://www.myspace.com/thekillers
Site Oficial: http://www.thekillersmusic.com
Mais The Killers, passe aqui.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
"Apenas Uma Vez" - 2007
Encontrar a pessoa certa já serviu de tema para bons filmes na história. Quando esse encontro é feito ao acaso, melhor ainda. Em “Apenas Uma Vez” do diretor John Carney, esse assunto tão recorrente é belamente explorado, rendendo um ótimo resultado. O diretor usa da simplicidade para criar uma espécie de conto de fadas, sem maiores toques de sentimentalismo e principalmente sem soar piegas em momento algum.
O romance é praticamente um musical, já que metade do filme é preenchido por canções, mas não pense que veremos atores pulando e dançando ao cantar, nada disso, o toque aqui é de pura simplicidade. Ambientado na cidade de Dublin, somos apresentados a um músico de rua que procura ter uma chance de mostrar seu trabalho, ao mesmo tempo que precisa se recuperar de feridas amorosas, enquanto ajuda o pai na sua loja de conserto de aspiradores.
O músico (Glen Hansard da banda irlandesa The Frames, que já havia trabalhado em “The Commitments, como o guitarrista), tem seu caminho atravessado por uma mulher tcheca (Marketa Irglova, tmabém música) que ganha a vida vendendo rosas pelas mesmas ruas em que ele toca. A convivência se inicia e vai se aprimorando a partir do momento em que ele descobre que ela toca piano e conhece música, passando assim a colaborarem.
Os dois personagens principais se encontram perdidos, tentando esquecer problemas recentes enquanto procuram sobreviver e seguir em frente. O diretor John Carney (que tocou com Glen Hansard no The Frames) faz uma direção em que tudo parece completamente real e possível, enquanto sua câmera segue ora de longe para dar maior tranquilidade aos atores, ora mais perto para assegurar ao espectador a certeza das reações de cada um.
Com bonitas canções como “Falling Slowly” (vencedora do Oscar de melhor canção desse ano), “If You Want Me”, “Leave” e “Say It To Me” ajudando a contar sua história, John Carney faz um filme delicioso de ser visto e ouvido, um filme em que depois da sessão ainda gastamos alguns minutos pensando um pouco nesse tal de amor e sobre seguir em frente apesar de tudo. “Apenas Uma Vez” é daqueles filmes para se ter devidamente guardado em casa.
domingo, 14 de dezembro de 2008
"Aos Meus Amigos" - Maria Adelaide Amaral
O que a amizade realmente representa na vida das pessoas? O que ela acrescenta ou prejudica? No livro “Aos Meus Amigos” da escritora Maria Adelaide Amaral, temos uma boa história para responder parte dessas perguntas. O livro que inspirou a minissérie da TV Globo “Queridos Amigos” (e que não vi), versa sobre amizade tendo como pano de fundo um país sem muitos caminhos e alternativas, usando o ponto de vista de uma geração que lutou tanto e acabou como os demais.
O livro foi originalmente lançado em 1992 e traz uma grande turma de amigos que se reencontram em um momento nada bacana. Léo (inspirado em Décio Bar, amigo da autora), escritor e publicitário, se suicida e consegue reunir em seu leito de morte, seu grupo de amigos que há muito não estavam juntos, mas que viveram intensamente entre os anos da ditadura brasileira, com todas as implicações políticas e de cerceamento da liberdade que isso representa.
Léo ao mesmo tempo que carregava um talento enorme, sofria bastante com o seu lado social, não se enquadrava direito no mundo e vivia até onde podia como seus ídolos, artistas como Rimbaud ou os poetas beatniks. Seu suícidio apesar de não ter sido uma grande surpresa para os amigos, mexe bastante com todos, que desencavam antigos sentimentos, relembram histórias e olham para a sua própria vida, percebendo que eles podiam muito bem ter tomado a mesma decisão.
A autora nos apresenta um grupo de pessoas que perdeu os sonhos em um determinado ponto da vida e olham para trás lembrando os tempos em que eram mais importantes, se arrependendo de alguns atos e promessas. Maria Adelaide Amaral lança um olhar de um Brasil sem esperança no final dos anos 80 e de um mundo que quebrava antiga amarras com a queda do muro de Berlim, entre outras coisas, ao mesmo tempo que versa sobre o valor da amizade em nossos caminhos.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
"Rede de Mentiras" - 2008
Você consegue arrumar um tempo na correria do dia a dia e dá uma passada pelo cinema para ver se consegue pegar alguma sessão, quando percebe que daqui a alguns minutos começará um filme que tem a direção de Ridley Scott e personagens principais, o quase sempre ótimo Russell Crowe e o astro Leonardo DiCaprio em ascensão constante como ator. A primeira coisa que vem a cabeça é: vou comprar meu ingresso, deve ser bom.
“Rede de Mentiras”, o novo longa do diretor de “Alien’, “Blade Runner”, “Gladiador”, “Gangstêr”, etc. é realmente uma ótima promessa, que infelizmente não chega a se concretizar, por mais que não decepcione em momento algum. É um filme mediano, o que com os envolvidos citados anteriormente, chega a ser bem frustrante. “Rede de Mentiras”, vale a sessão se você quer espairecer sem maiores expectativas ou se está sem pretensões maiores para o horário.
A trama, um thriller político e de ação convence bem, mas toma caminhos que o prejudicam no seu andamento. Tudo começa no Iraque, quando um líder da Al-Qaeda começa a comandar ataques terroristas pela Europa. O agente da CIA, Roger Ferris (DiCaprio) consegue rastrear um pequeno fio que pode levar a ele. Para tanto, o seu chefe Ed Hoffman (Crowe, bem a vontade no papel) o transfere para Amã na Jordânia, onde Ferris começa a trabalhar com o chefe da inteligência jordaniana, Hani (Mark Strong).
A partir desse momento a trama viaja e ganha muito em corpo, com o roteirista recém oscarizado por “Os Infiltrados”, William Monahan, mostrando seu trabalho e costurando uma história que além de atual é alicerçada por jogos políticos, mentiras, traições e todo o tipo de sujeira envolvendo a todos. No meio de tudo isso, pessoas são arremessadas para morte e tem suas vidas destruídas por capricho ou jogada daqueles que comandam as peças do tabuleiro.
A trama vai convencendo relativamente bem, quando é inserido na história um par romântico para o agente Roger Ferris, que faz quase tudo desaguar. O filme vira um pastiche de 007 e um romance descabido e plenamente desnecessário, com propensas lições de moral. Em “Rede de Mentiras”, Ridley Scott vai agradar a muitas pessoas, mas quando a sessão acaba, o gosto que fica no final é que poderia ser melhor, bem melhor.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
"Konk" - The Kooks - 2008
Fazia um tempo que eu queria escrever sobre o segundo disco dos ingleses do Kooks, mas sempre me desviava e acabava deixando para depois. O disco em questão, “Konk”, tocou bastante por aqui alguns meses atrás e quando me peguei fazendo a tradicionalíssima listinha de melhores do ano, ele apareceu novamente. O sucessor do bom “Inside In/Inside Out”, que levou o grupo de Luke Pritchard ao sucesso e ao hype, é diversão garantida.
A sonoridade do Kooks é carregada de boas influências, passa tanto pelos anos 60 e 70, quanto pelo britpop, procurando extrair sempre o lado mais assobiável de tudo. É música para se ouvir de bem com a vida, para cantarolar algumas frases por aí. Nada que vá mudar o rock, ou acrescentar alguma coisa nova. É apenas e prazerosamente música. Pop até a alma, com uma produção impecável e melodias que grudam na mente do ouvinte, por mais que este as esqueça depois de uns meses.
“Konk” abre com a boa “See The Sun”, passa pelo hitzaço “Always Where I Need to Be”, diverte com “Mr. Maker”, lembra Franz Ferdinand em “Do You Wanna”, esbanja melodia em “Gap”, gruda como chiclete na bregona e absurdamente pop “Love It All”, desembarca nos 80 em “Stormy Weather”, faz cantar junto em “Sway”, encanta em “Shine On”, faz dançar em “Down To The Market”, passa bonito pelos violões de “One Last Time” e fecha despretensiosamente com “Tick Of Time”.
Com “Konk”, Luke Pritchard começa a deixar uma grande expectativa no ar, que daqui há alguns anos possa sair uma obra prima da mão de sua banda, ou quem sabe de outros projetos que o envolvam. Em “Konk”, o Kooks assina a carteira como pop, se rende de vez a máxima de canções assobiáveis com mais ou menos três minutos e proporciona ao ouvinte a chance de passar alguns minutos sem se preocupar com nada, curtindo alguns momentos de felicidade, o que sempre faz bem.
Site Oficial: http://www.thekooks.com
My Space: http://www.myspace.com/thekooks
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
"...Earth To The Dandy Warhols..." - The Dandy Warhols - 2008
O Dandy Warhols já foi uma banda bacana no cenário do rock mundial. Em discos como “Thirteen Tales from Urban Bohemia” de 2000 ou “Welcome To The Monkey House” de 2003, a banda de Portland, Oregon, USA chegou até a trilhar um caminho bem interessante, aliando o pop, com influências dispares e diversas, que basicamente passavam sempre pelos anos 80, David Bowie e Velvet Underground.
Porém, em algum momento parece que a piração dos caras passou a fazer mal. O experimentalismo passou do ponto, com uma certa “megalomania”, por assim dizer, dos seus integrantes. O novo trabalho “...Earth To The Dandy Warhols...”, lançado esse ano, pode ser considerado como uma pequena retomada do trabalho de outrora, pois apesar de ser apenas razoável, é imensamente melhor que seu anterior “Odditorium Or Warlords Of Mars” de 2005.
Em “...Earth To The Dandy Warhols...”, Courtney Taylor-Taylor, Peter Holmström, Zia Mccabe e Brent de Boer trazem 13 faixas, em que mais da metade soa completamente dispensável. Os bons destaques ficam com “The World The People Together (Come On)”, bem dançante com ecos de Manchester no fim dos 80 e disco music, “Mission Control” oitentaça e com toques de britpop e “Wasp In The Lotus” com um vocal repleto de efeitos em cima de uma base quase industrial enjetando um riff meio psicodélico.
Também merecem destaque nessa quase retomada as faixas “Talk Radio”, a grande canção do trabalho, um popzão, com nananas e tudo mais, “Love Song” um folk que flerta com o country, encharcado totalmente na lisergia, com participação especial dos guitarristas Mark Knopfler (Dire Straits) e Mike Campbell (The Heartbreakers) e “Now You Love Me” mais uma vez pop, com mais calma, trazendo guitarras sobrevoando a canção. A velha acidez a mostra.
Com “...Earth To The Dandy Warhols...”, os dandys parecem ter reencontrado novamente o caminho das pedras nas seis canções citadas anteriormente. As demais são ou um pastiche de suas próprias canções ou pretensiosas demais. Com um disco razoável, mas com alguns bons momentos, não é forçoso acreditar novamente um pouquinho em uma banda que foi responsável por um trabalho bem bacana nos primeiros anos desta década. Só resta torcer.
Site Oficial: http://www.dandywarhols.com
sábado, 6 de dezembro de 2008
"Efeito Moral" - Relespública - 2008
Viver de música no Brasil não é fácil, imagine então se você faz rock. Para cada Titãs ou Capital Inicial que estoura e trilha o caminho do sucesso (sem antes ralar bastante), existem dezenas de bandas que sucumbem sem ter o seu trabalho gravado, dirá reconhecido. Para sobreviver e continuar longe dos holofotes, nem que estes sejam pequenos, tem que ter muita persistência. Os curitibanos da Relespública são craques nessa seara.
Na estrada desde 1989, o grupo já lançou quatro discos, entre eles os ótimos “O Circo Está Armado” de 2000 e “As Histórias São Iguais” de 2003. O rock cru, seco e básico de Fabio Elias (guitarra e vocal), Emanuel Moon (bateria) e Ricardo Bastos (baixo e vocal) frequentemente produz bons resultados. Em 2008, chega a hora de mais um trabalho, “Efeito Moral”, que leva a banda para um caminho mais pop, sem esquecer suas, digamos assim, raízes.
As influências antigas continuam lá, como o rock brazuca dos anos 80, rockabilly, Ira!, Rolling Stones, etc., mas se juntam com outras como o rock dos anos 60 no seu lado mais hippie e a jovem guarda. Nada mais natural que uma banda com quase 20 anos de carreira amadureça (no bom sentido da palavra), procure novas sonoridades e desacelere um pouco o ritmo. Isso não quer dizer que sua música seja pior ou melhor. É a vida que segue.
“Efeito Moral” traz ótimos momentos como a deliciosamente brega “Dê Uma Chance Para o Amor” , a skankiana “Tudo Que Eu Preciso” (não por acaso, com participação de Samuel Rosa), a bacana “Catavento”, a riponguíssima “Tema Pela Terra” ou a epopéia de “Lara Bee”, com outros menos inspirados, que apesar de baixarem um pouco o nível, não chegam a afetar o resultado do disco. Talvez com umas duas ou três faixas a menos ficaria melhor.
A Relespública continua devidamente viva e fazendo música de qualidade, o que é mais importante. “Efeito Moral” é um bom disco que nem de perto arranha a discografia da banda e traz para o jogo mais algumas canções para serem cantadas nos shows país afora. Para bandas como a Relespública, clichês como honestidade e sinceridade caem sempre bem, sem soar forçado em momento algum.
My Space: http://www.myspace.com/relespublica
Site Oficial http://www.relespublica.com
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
"Get It Together!" - Supersuckers - 2008
Fazia um bom tempo que eu não ouvia falar (e não ouvia o som) dos americanos do Supersuckers. A banda liderada pelo baixista Eddie Spaghetti não dava as caras com disco de estúdio desde o “Motherfuckers Be Trippin’” de 2003. Os caras carregam uma longa carreira (sem trocadilhos, por favor), iniciada há vinte anos atrás, em 1988, na pequena Tucson no Arizona, sempre produzindo um rock vigoroso e clássico, daqueles para ser tocado com volume em nível elevado.
O Supersuckers passou um bom tempo na Sub Pop, estando lá no auge do grunge, mas sempre fazendo uma sonoridade bem diferente dos seus colegas de selo. O som da banda remete ao rock mais cru, pendendo ora para o hard rock, ora para o punk, além de gostar de utilizar o country e o rockabilly. Lançou discos bacanudos como o “The Smoke Of Hell” de 1992 (que infelizmente só conheci algum tempo depois), entre outros.
A banda traz na sua atual formação, além de Spaghetti, Ron “Rontrose” Heathman em uma guitarra, Dan “Thunder” Bolton na outra guitarra e Scott “Scottzilla” Churilla na bateria. O universo da banda continua sendo o de sempre, drogas, garotas, alcool, conversas com o demônio (eita!) e rock n´roll. Nada mais caricato e ao mesmo tempo tudo feito com paixão e sinceridade daqueles que se intitulam a “melhor banda de rock da história”.
Seu mais recente trabalho “Get It Together!” traz tudo que foi exemplificado acima em doses variáveis. É fato, que eles já vem dando uma acalmada na mão faz alguns anos, mas mesmo assim temos rock n´ roll em estado bruto. Passa pela dobradinha de abertura “What It Takes” e “Anything Else”, engata no riff e nas paradinhas de “Listen Up”, transita pelo excelente powerpop de “Sunset On Sunday”, pelo country de “Breaking Honey's Heart” e pelo canto falado de “Something Good For You”.
Ainda tem uma versão especial do disco com DVD de uma apresentação realizada na California em setembro de 2007, com músicas do novo álbum, além de clássicas da banda."Get It Together!” é daqueles discos para se ouvir tomando uma cerveja bem gelada, jogando conversa besta e idiota fora, rindo bastante e de preferência com o volume bem alto. É rock n´roll, baby, somente rock n´roll, mas vale a pena.
Site Oficial: http://www.supersuckers.com
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
"Dig Out Your Soul" - Oasis - 2008
Quem diria que o velho Oasis voltaria a lançar um disco inspirado? Eu com certeza, não. A banda dos irmãos Gallagher que vendeu milhões de discos mundo afora, parecia que estava fadada a se copiar eternamente, lançando uma boa música aqui, outra acolá, até que acabasse. “Dig Out Your Soul” chega para carregar toda essa história para longe e colocar novamente o Oasis com um bom trabalho no mercado, coisa que não acontecia há muito tempo.
Desde a grande dobradinha de estréia com “Definitely Maybe” de 1994 e “What´s The Story Morning Glory” de 1995, o Oasis não exibia uma sonoridade tão boa. “Dig Out Your Soul” faz esquecer discos ruins como “Standing On The Shoulder Giants” de 2000 e mostra os irmãos Gallagher totalmente entrosados com Gem Archer (guitarra) e Andy Bell ( baixo). Até Liam está cantando melhor, sem toda aquela extensão nas frases finais.
Neste seu sétimo disco de estúdio, os ingleses reencontram a inspiração perdida nos primeiros trabalhos, flertando bastante com a psicodelia (começando pela climão da capa), mostrando também além de guitarras vigorosas, bons refrões e melodias. A abertura com “Bag It Up” é um ótimo momento e nos arremessa diretamente de volta para algum ponto perdido no meio dos anos 90, junto com “The Shock The Lightning”.
“The Turning” é extremamente pop, “I´m Outta Time” uma bonita balada e faixas como “(Get Off Your) High Horse Lady”, “To Be Where There's Life” (esta com uma melodia marcante) e “Soldier On” namoram bastante a psicodelia. Destaque também para “Waiting For The Rapture” que apesar de copiar descaradamente “Five To One” do The Doors, consegue ganhar um brilho próprio e aparece como o lado canalha da banda em ação.
Com “Dig Out Your Soul” o Oasis faz nascer seu terceiro melhor disco na carreira, retoma a velha forma e com isso volta a habitar o player de muitas pessoas ao redor do mundo, como este que aqui escreve. Pode ir atrás sem medo. Vale a pena.
Site Oficial: http://www.oasisinet.com
domingo, 30 de novembro de 2008
"Estandarte" - Skank - 2008
O Skank é uma banda que não tem medo de mudar. Nunca teve. Quando se pensa que os caras vão seguir determinada fórmula, eles dão uma mexida, alteram algumas coisas e saem com uma sonoridade sempre um pouco diferente. Basicamente os mineiros tem dois lados, um mais pop e dançante de discos como “Calango” (1994) e “O Samba Poconé” (1996) e outro com uma levada mais rock exibido em trabalhos como “Cosmotron” de 2003 e “Carrosel” de 2006.
Em 2008, Samuel Rosa, Lelo Zaneti, Henrique Portugal e Haroldo Ferreti lançam mais um disco, intitulado “Estandarte” que surge como uma fusão dos dois lados citados acima. Enquanto a banda retoma sua veia mais suingada e dançante, continua apostando nos climas sessentistas e de levada rock dos últimos anos. “Estandarte” é uma fusão de vários “skanks” dentro de um único registro, espalhado em doze músicas que não deixam os fãs decepcionados.
“Pára Raio”, abre com os metais sangrando e guitarra funkeada. “Ainda Gosto Dela” é uma bonita balada que conta com a parceria de Negra Li nos vocais. Bem bacana. “Chão” vem repleta de programações, totalmente dançante. “Canção Áspera” brinca com o final dos anos 70 em mais outra canção para cima. “Noites de Um Verão Qualquer” tem um climão de praia, malemolente e suave. “Escravo” chega com as guitarras ditando o ritmo, para que Samuel brinque com improvisos vocais, uma velha marca.
“Noticias do Submundo” chega flertando com a psicodelia e traz mais guitarras. “Sutilmente” é melhor faixa do trabalho. Uma baladaça linda, com letra marcante, que diz: “quando eu estiver triste simplesmente me abrace/quando eu estiver louco subitamente se afaste/quando eu estiver fogo suavemente se encaixe...”. Já virou uma das preferidas aqui da casa. “Um Gesto Qualquer” esbanja ritmo e efeitos, enquanto Samuel vai cantando uma pequena crônica cotidiana.
“Assim Sem Fim” tem uma estrutura um pouco mais complexa, com mais nuances e efeitos. “Saturação” é a faixa mais longa, tem seis minutos e qualquer coisa de mudanças de andamento e pequenas experimentações. “Renascença” encerra tudo, de maneira urgente e rápida. Em “Estandarte”, o Skank demonstra toda honestidade para com a sua música que sempre guiou a sua carreira. Um disco sem grandes alarmes ou maiores surpresas, mais com bons momentos, para não fazer nada feio na discografia de um dos maiores grupos do país.
Site Oficial: http://skank.uol.com.br
Mais Skank no Coisapop? Passe aqui.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
"Loyalty To Loyalty" - Cold War Kids - 2008
Era meados de 2005 e um Epzinho chamado “The Mulberry Street” era lançado sem compromisso por uma banda nova de Fullerton, na California, USA, chamada Cold War Kids. O Ep tinha seis fortes canções, com um vigor admirável, com destaque para os petardos “Heavy Boots” e “The Weeding”. Em 2006 chegava o ótimo disco de estréia “Robbers e Cowards” que além de alargar os horizontes do grupo, adicionava alguns toques a mais.
Desse ponto partimos direto para setembro de 2008, quando Nathan Willett (vocal, piano e guitarra), Jonnie Russell (guitarra e percussão), Matt Maust (baixo) e Matt Aveiro (bateria) chegam ao segundo disco, “Loyalty To Loyalty” onde além de manter o nivel anterior, colocam outros “novos” toques na produção e na concepção das canções. As quatro faixas que abrem o trabalho, “Against Privacy”, “Mexican Dogs”, “Every Valley Is Not A Lake” e “Something Is Not Right WIth Me” são de fazer inveja a muitas bandas por aí.
A produção que deixou a sonoridade do disco meio abafada, com um gosto de coisa antiga é um charme a mais. Na sequência da abertura chega “Welcome To Ocuppation”, que mantêm a porrada em cima, enquanto Matt Maust cria todo um climão lá atrás. “Golden Gate Jumpers” arrastada por Nathan no piano, parece recém saida de algum bar sujo dos anos 50. Tom Waits ficaria feliz se ouvisse. Mais destaques para “Dreams Old Men Dream”, “I´ve Seen Enough” e o encerramento com “Cryptomnesia”.
O Cold War Kids continua meio fora do esquemão das novas bandas, fazendo uma mistura interessante de jazz, blues e rock de vários pontos distintos, elaborando uma música que fica dificil de passar impune. Seja pelo vocal competentíssimo de Nathan Willet, pelas boas letras, pela “sujeira” ou principalmente pela busca por não ser tão óbvio, o quarteto convence muito. Corra atrás desse “Loyalty To Loyalty”, aumente o som e curta bem um dos grandes trabalhos de 2008.
Site Oficial: http://www.coldwarkids.com
My Space: http://www.myspace.com/coldwarkids
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
"Radiolarians I" - Medeski, Martin & Wood - 2008
Não faz muito tempo que a música do trio de Nova York, Medeski, Martin & Wood me foi apresentada. Mais ou menos um ano, um ano e pouquinho. Nesse periodo, o trio vem calmamente consquistando um lugar de maior destaque aqui na casa. A música que John Medeski (piano, teclados, órgão e escaleta), Billy Martin (bateria e percussão) e Chris Wood (contrabaixo) elaboram é de uma natureza completamente cativante.
Na estrada desde 1991, o trio é dono de uma vasta discoteca em que álbuns como “The Dropper” de 2000 ou “End Of The World Party (Just In Case)” de 2004, são exemplares de excelência. Misturando o jazz tradicional com outros estilos de jazz e adicionando a mistura muito groove extraído de ritmos como o funk, , pop, reggae, samba e o escambau, os caras fazem uma mistura que ao mesmo tempo em que esbanja suingue mostra grandes tonalidades de arte.
Em 2008, após lançar um disco dedicados as crianças, colocam no mercado “Radiolarians I”, o primeiro de três volumes a ser produzido agora em selo próprio. Este álbum é bem diferente daqueles que caracterizaram a sonoridade da banda para a maior parte do seu público, sendo bem mais experimental e complexo, remetendo a sonoridade de discos como “Farmer´s Reserve” de 1997.
Em “Radiolarians I” temos 10 temas que viajam na grande maioria das vezes para acima dos seis minutos de duração, com diversas improvisações, frases se cortando e os intrumentos apontando para lugares distintos. Destaques maiores para as faixas “Professor Nohair”, “Reliquary”, “Sweet Pea Dreams” e “Hidden Mon”. Coloque o disco no player, o fone no ouvido e se prepare para a viagem sonora, cortesia mais uma vez de Medeski, Martin & Wood.
Site Oficial: http://www.mmw.net
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
"Vicky Cristina Barcelona" - 2008
As concepções sobre determinados assuntos mudam e variam de acordo com o tempo, se adequam as realidades a que estão inseridas historicamente. O amor e a relação que nós mantemos com ele, já se alterou bastante e hoje caminha de acordo com os nossos dias atuais. É baseado nisso que o diretor Woody Allen, cria seu mais recente filme, “Vicky Cristina Barcelona”, nos brindando com um dos seus melhores trabalhos nos últimos anos.
A Espanha é a bola da vez da incursão européia do diretor, que dessa vez ambienta sua trama em Barcelona e em um momento que guiará o restante do filme, na pacata cidade de Oviedo. Allen brinda o espectador com uma bonita trilha sonora e adiciona como pano de fundo obras de artistas como Miró e Gaudi, como a Igreja Sagrada Família e as famosas Ramblas, entre outras.
Na trama, somos apresentados a Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson, mais uma vez belíssima), que chegam a Barcelona para passar o verão. As duas tem na cabeça motivações diferentes. Enquanto Vicky procura pesquisar para concluir sua tese de mestrado que versa sobre a cultura catalã, Cristina está a procura de um caminho, de um amor, de uma vida, de qualquer coisa. Vicky está noiva e Cristina é solteira e gosta de se arremessar nas suas paixões meio que casuais.
No caminho das duas, surge o pintor Juan Antonio Gonzalo (Javier Bardem em ótimo trabalho), que com sua prosa direta, consegue convencer as duas a passarem uma semana com ele em Oviedo, em um dos melhores momentos do filme. A partir desse final de semana, tudo toma caminho. As paixões começam a se desencadear e ganham outro contorno, quando a ex mulher de Juan, Maria Elena (Penelópe Cruz) aparece e faz tudo virar de cabeça para baixo.
Em “Vicky Cristina Barcelona”, Woody Allen constrói um mosaico de emoções que vai se dilacerando e se dissipando em pequenos espaços de tempo. O diretor versa sobre a forma que o amor vem vestido nesses novos tempos, caótico, libertário e paradoxalmente com saudade do passado, mas versa principalmente sobre um amor que parece não existir mais e se transveste em falta de compromisso ou adequação de vida em um casamento sem nada especial.
Mais Woody Allen no coisapop: Match Point e O Sonho de Cassandra.
sábado, 22 de novembro de 2008
"Macao" - Jards Macalé - 2008
O carioca Jards Anet da Silva já fez muita coisa na vida. Mais conhecido como Jards Macalé, já foi chamado de maldito e maluco, entre outros nomes. Sua música sempre nos brindou com uma visceralidade que parece ser impossivel caber nas cordas de um violão. Dono de algumas canções clássicas como “Gotham City” e “Vapor Barato”, o Macão, como é chamado pelos amigos lançou este ano o seu décimo disco na carreira pelo selo Biscoito Fino.
Para quem tem mais de 40 anos de estrada, lançar dez discos realmente é muito pouco. Entre esses dez, um pequeno clássico de 1974, chamado “Aprendendo a Nadar”. No entanto assim é Macalé e assim é a nossa música que demora para reconhecer (quando reconhece) seus talentos. Em “Macao”, temos onze músicas que se misturam em um universo de inéditas, releituras próprias e algumas homenagens em convers.
Basicamente o disco se guia pelos violões do músico, se contrapondo a sua voz. No campo das inéditas apresenta-se o samba gostoso de “O Engenho de Dentro”, mais samba classudo com “Se Você Quiser” e uma bonita parceria com Ana de Hollanda na curtinha “Balada”. As releituras tem seu maior destaque pela passagem de abertura com “Farinha do Desprezo”, lançada originalmente no seu primeiro trabalho de 1973, mas que cai muito melhor agora com seus versos.
Nas releituras de outros artistas, Macalé passa por uma grande versão para “Um Favor” de Lupicínio Rodrigues, desembarca cruel e belamente no clássico “Ronda” de Paulo Vanzolini, sobe em “Só Assumo Só” do Luiz Melodia e ainda nos brinda com “Corcovado” de Tom Jobim. Em “Macao”, Macalé presenteia os amantes de música brasileira com um belo registro, dotado tanto de simplicidade quanto de toques de maestria. Vale muito a pena.
Site Oficial: http://www.brazilianmusic.com.br/macale/
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
"Para Todo o Mal" - Mesa - 2008
Eita mundão de meu Deus...em todo lugar se faz música boa, ainda bem. Nas últimas semanas o que tem tocado bastante aqui na casa é o terceiro disco dos portugueses do Mesa, chamado “Para Todo o Mal”. A banda foi formada em 2000 e tem outros dois discos já lançados, “Mesa” de 2003 e “Vitamina” de 2005. Apesar de não conhecer esses trabalhos anteriores, li bastante coisa boa a respeito.
O núcleo do Mesa é composto basicamente pela ótima vocalista Mônica Ferraz, que transita o seu vocal pelo pop trazendo acentos de música jazz, clássica e tradicional portuguesa. A outra parte da banda é João Pedro Coimbra, baterista, mas também uma espécie de faz tudo, que além de compor quase todas as canções, toca outros instrumentos e ainda cuida de parte da produção.
O som do Mesa além de bastante experimental em alguns momentos, flerta de maneira saborosa com o pop em outras passagens. Os anos 80, o rock e a eletrônica taambém se fazem presentes em boa parte dos temas. Depois de uma abertura com uma faixinha introdutória de 43 segundos, chega uma tríade de responsa para seguir adiante, “Estrela Carente”, “Tribunal de Relação” (tente não viciar nessa) e “Quando as Palavras”.
As outras faixas do trabalho viajam dentro de um universo de pegada mais pop e outro de maior experimentação e mistura. No entanto, a banda funciona muito bem mesmo quando exala seu vigor pop no ar. Poderia direcionar mais para esse caminho. Em um ano com tanta coisa bacana vinda de toda a parte do planeta, os portugueses do Mesa entram no rol não dos melhores do ano, mas com um bom disco enquadram-se tranquilamente nas boas descobertas de 2008.
Fique de olho e enquanto isso grave “Tribunal de Relação” para sair tocando por aí.
Site Oficial: http://www.mesa.pt
My Space: http://www.myspace.com/mesapt
terça-feira, 18 de novembro de 2008
"007 - Quantum Of Solace" - 2008
Ainda não dá para engolir o Daniel Craig no papel de 007. O ator não tem a metade do charme que Sean Connery, Roger Moore e até mesmo Pierce Brosnan emprestaram para o inglês espião que ganhou o mundo e rendeu milhões em bilheteria no decorrer dos anos, se tornando um ícone da cultura pop. Se você consegue passar por isso sem problema e gosta de filmes de ação, “007 - Quantum Of Solace” vai lhe agradar em cheio.
Esse “novo” 007, apesar de não trazer o charme dos filmes anteriores, ganha muito mais pontos no quesito “realidade”. Em determinados momentos, Daniel Craig até esboça alguns gracejos típicos do velho espião e convence bem melhor que na apenas razoável performance que fez no seu primeiro trabalho a frente do personagem. O 007 de hoje usa e abusa do seu poder físico. Sangra, se suja, apanha e diminui bastante as parafernálias tecnológicas.
A história de “Quantum Of Solace” começa imediatamente após o final de “Cassino Royale” na Itália, o que se a memória não me trai, é a primeira vez que acontece. Bond está em uma perseguição implacável de carro, que de entrada já tira um bom fôlego do espectador. A partir disso as cenas de perseguição invadem outros países como o Haiti, Áustria, Bolívia e Inglaterra e se estendem além das vias terrestres para o ar e o mar.
Bond age motivado pela vingança, em busca do assassino de Vésper (Eva Green) e de quem tentou lhe matar e também a M (Judi Dench). Para tanto se envolve no meio de uma grande tramóia internacional guiada por um inimigo desconhecido, uma corporação que se esconde muito bem e parece quase um fantasma. Na sua empreitada, Bond encontra a bela Camille (Olga Kurylenko), agente secreta do governo boliviano que também busca sua vingança pessoal.
No vigésimo segundo filme (e o mais curto) de sua carreira, James Bond precisa se adaptar as expectativas de um novo mundo. Tanto no que tange as novas configurações políticas e econômicas, quanto a exigência de um público totalmente novo, acostumado com games de uma realidade absurda. O diretor Marc Foster (de "Em Busca da Terra do Nunca") consegue fazer isso muito bem. Mas ainda fica no ar a missão de casar o “novo” Bond com o charme e maestria do “antigo” Bond. Sem o Daniel Craig no papel do agente, de preferência.
domingo, 16 de novembro de 2008
"Sonic Youth - Dormindo Noites Acordadas" - 2007
O ano era 2006 e o Sonic Youth passava com sua turnê do ótimo “Rapper Ripped” pela cidade de Reno, no estado de Nevada, nos USA. Um grupo de jovens liderados pelo diretor Michael Albright resolveu documentar em preto e branco um dia na vida dos músicos e evidentemente gravar o show da banda por aquelas paragens que há muitos anos não tocavam.
O documentário que ganhou o título de “Dormindo Noites Acordadas (Sleeping Nights Awake)” foi o primeiro trabalho do Project Moonshine, uma organização sem fins lucrativos com o intuito de ensinar cinema para adolescentes. O filme com seus poucos mais de 85 minutos é bem divertido e passa por interpretações da banda para canções como “Incinerate”, “Shaking Hell”, “Kool Thing” e “100%”, além da excelente "Do You Believe In Rapture?" como pano de fundo.
Esquecendo a digamos assim, falta de experiência, daqueles que estão atrás das câmeras, “Dormindo Noites Acordadas” é uma ótima diversão. Principalmente para os fãs da banda ou aqueles que conhecem um pouco a sua história. Os depoimentos de Thurston More, Kim Gordon e Lee Ranaldo são abertos, espontâneos, totalmente condizentes com a atitude que a banda sempre teve na carreira.
Entre a sinceridade de Kim Gordon, as peraltices e piadas de Thurston Moore e o papo nerd e meio sem sentido de Lee Ranaldo, somos apresentados aos fãs, as guitarras, pequenas histórias e um ou outro segredo banal. Uma das bandas mais importantes das ultimas três décadas focada em meio ao seu cotidiano, sem grandes alarmes ou maiores surpresas, apenas seguindo a sua vida normal.
Para ver o trailer, passe aqui.
Site do Projeto Moonshine: http://www.projectmoonshine.org
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
"Black Music" - Arthur Dapieve
A violência está cada vez mais espalhada país afora. Em grandes cidades, como o Rio de Janeiro a situação chega a beirar o absurdo. Como tratar disso sem recorrer a maneiras não tão usuais? Como abordar o tema, sem esbarrar na mesma estrutura de sempre? O jornalista Arthur Dapieve tenta um caminho paralelo em seu segundo romance, intitulado “Black Music”(Ed. Objetiva, 112 páginas) e consegue um resultado bastante interessante.
Dapieve usa novamente o Rio de Janeiro, como pano de fundo e personagem coadjuvante da história, assim como fez no seu livro anterior “De Cada Amor Tu Herdarás Só o Cinismo”. Em seu novo livro, o escritor carioca aborda a violência sem se preocupar com questões sócio econômicas ou políticas (apesar de elas estarem presentes) e tenta passar uma história que infelizmente é cotidiana, de maneira casual, usando e abusando do humor negro em vários momentos.
Na trama, somos apresentados a Michael Philips, um adolescente norte americano de 13 anos, que mora no Rio, pois seu pai trabalha na cidade. O garoto é apaixonado por jazz e basquete. Quando está saindo da aula em um dia como qualquer outro, é abordado por três pessoas com máscaras de Osama Bin Laden, que o seqüestram e levam para um morro qualquer, com o intuito de conseguir o resgate para comprar mais armas da polícia por causa da guerra com outro morro.
Ao chegar no barraco e ser devidamente “instalado”, Michael é apresentado para o “dono” do morro e responsável por ele estar ali. O ‘dono” é um garoto magro, com espinhas, meio louro, de 17 anos que é conhecido por “He-Man”. Para cuidar do seqüestrado, He-Man destaca uma de suas namoradas, a gostosona Jô que passa a alimentar e cuidar do garoto. Logo um triângulo se estabelece e abre precedentes para um monte de coisa acontecer.
Após um pequeno prólogo, Dapieve conta sua história do ponto de vista dos três envolvidos, exemplificando bem a diferença entre eles tanto na maneira de se expressar quanto na maneira de enxergar a sua vida e o mundo que os cerca. “Black Music” com sua narrativa ágil, entrecortando mundos, culturas e referências, diverte ao mesmo tempo em que cutuca uma ferida que já se encontra aberta, expondo ela de um ângulo relativamente “novo”.
“Black Music” convence bem e vale a leitura.
Para saber mais sobre o livro anterior do autor, passe aqui.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
R.E.M - Via Funchal (SP) - 10.11.2008
Existem certas coisas na vida que carecem de explicação. Procuramos e procuramos palavras para definir e acaba-se por não se contentar com nenhuma. O show do R.E.M ontem no Via Funchal em São Paulo é uma dessas situações. Por mais que venha a mente, palavras como sublime, perfeito, mágico, encantador ou maravilhoso, ainda assim estas parecem ser pequenas para mensurar a apresentação. Talvez se juntássemos todas e a partir delas viesse algo novo, isto poderia servir. Talvez.
A banda que passa pela segunda vez no país (primeira em São Paulo), deixou os fãs com momentos para sonhar por um bom período de anos. O show traz na bagagem o mais recente trabalho do grupo, o excelente “Accelerate”, além de hits e mais hits de quase trinta anos de carreira. A banda abriu com “Living Well Is The Best Revenge” e “I Took Your Name” para depois entrar com a setentista “What´s The Frequency, Kennety?” e levar todos ao delírio pela primeira de muitas vezes.
Em seguida Michael Stipe cantaria “Fall On Me”, em que os backing vocals de Mike Mills emocionaram muito mais que o habitual. “Drive” que veio a seguir já encontrou uma platéia totalmente entregue, que cantava junto e aderia ao transe da canção. Em seguida uma música do novo disco, “Man-Sized Wreath”, “Ignoreland” do Automatic For The People em versão poderosíssima e mais uma do último trabalh,o “Hollow Man” que foi devidamente inserida por Stipe, com um discurso de crença nos USA e em seu novo presidente Barack Obama que aparecia nos telões.
“Electrolite” chegaria para causar um dos pontos altos da apresentação. Um dos momentos mais mágicos que já passei na frente de um palco. “The Great Beyond” veio antes de mais alguns minutos que beiraram o transcendental, “Everbody Hurts” fez chorar, sonhar, lembrar. Díficil esquecer. Depois mais um grande hit, “Imitation Of Life”, levantou de novo a apresentação. Em “She Just Wants To Be”, Michael deu um show a parte. Dançou, rebolou, entrou em estado hipnótico. “The One I Love”, outro mega hit, levou novamente todos ao delírio enquanto gritavam o refrão a pedido do vocalista.
O show poderia ter parado ali que já teria valido a pena. Mas teve mais, muito mais. Em um momento ímpar, a banda tirou da cartola a bela “Swetness Follows” para surpresa de muitos e fez um set acústico com todos juntos, que contou também com “Let Me In”. Assombroso. Depois novamente as guitarras falaram mais alto e veio as rápidas e potentes “Bad Day”, “Horse To Water” e “Orange Crush”(esta para delírio geral). Para encerrar, o clássico “It´s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)” jogava fogo na platéia que ensadencia enquanto gritava a todo vapor o refrão.
Quando a banda encerrou essa primeira parte, no palco vinha a frase “Quer mais R.E.M?”. Quase o Via Funchal veio a baixo. A banda volta com Mike Mills de camisa 7 do Brasil e a banda engata o mais novo hit “Supernatural Superserious”, que funciona perfeitamente. Depois o público e a banda parecem um só, “Losing My Religion” envolve todos de maneira única. “Animal” vem em seguida, abrindo caminho para Mike Mills encantar cantando uma antiga canção, o country rock “(Don´t Go Back To) Rockville” que também emocionou muito, principalmente os mais velhos.
Para fechar as duas horas de apresentação, a banda tocou “Man On The Moon” e o público retirou suas últimas forças para pular e cantar mais um dos clássicos de Stipe, Mills e Buck. Fim de show e o público presente contemplava grato e esperançoso de mais um retorno. As feições esbanjavam satisfação. Ao vivo, o R.E.M provou porque é uma das maiores bandas da história. Stipe é genuíno. Sorri, canta, dança e provoca porque quer, porque se sente bem. Mills é genial. Buck, o anti guitar hero fantástico. A banda já deixa saudades e momentos que serão lembrados por muitos e muitos anos.
domingo, 9 de novembro de 2008
Festival Planeta Terra - Vila dos Galpões (SP) - 08.11.2008
Prólogo: 08 de novembro de 2008. Vila dos Galpões, São Paulo. Dia marcado para a segunda edição do Festival Planeta Terra. Um dia que ficará para sempre marcado na memória de grande parte dos 15 mil presentes.
Quando cheguei no complexo que abrigaria o festival, já tinha rolado coisas legais como Vanguart (que queria muito ver) e Curumin. Cheguei no final da apresentação da Mallu Magalhães, mas nem dei muita atenção e saí direto para o palco indie, onde começaria um dos show mais esperados da noite, o Animal Collective. Infelizmente, a banda teve vários problemas técnicos de som e o seu experimentalismo ficou confuso e não conseguiu funcionar. Decepcionante.
Saí bem antes de terminar e me preparei para a maior expectativa da noite, os irmãos Reid e o seu Jesus And Mary Chain, banda seminal que marcou época com suas canções. Como a banda nunca primou por grandes shows, tudo estava meio incerto quanto a sua apresentação. Incerteza que foi jogada fora quando a banda destilou quinze músicas em mais ou menos uma hora de show. O repertório escolhido privelegiou clássicos e canções um pouco mais agitadas.
Começou com “Snakedriver”, “Head On” e “Far Gone And Out” e passou por “Happy When It Rains”, “Some Candy Talking”, “Blues From a Gun”, “Just Like Honey” e “Teenage Lust”, entre outras. Jim Reid cantava de maneira próxima ao sublime, enquanto baixo e bateria comandavam o transe hipnótico que abria caminho para as guitarras sujas de William Reid, com seus riffs minimalistas e certeiros. “Reverence” encerrou uma apresentação em que era comum ver as pessoas lagrimando e chorando. Muito, mas muito emocionante.
Depois do Jesus, tudo que viesse era lucro. O Offspring empolgou no palco principal, enquanto o Foals e o Spoon fizeram shows basntante comentados no palco indie (que não vi). Ainda teve o Bloc Party, que apesar de não ter visto, parece também não ter empolgado. O outro grande show da noite estava por vir. No palco indie, Kim Deal (Pixies) começou botando tudo para cima com seu Breeders. Apresentação quase impecável.
Calcando o repertório nos dois primeiros discos “Pod” e a pequena obra prima “Last Splash”, Kim Deal se divertiu, brincou, zoou e se emocionou com o público que cantou junto músicas como “No Aloha”, “Cannonbal”, “Saints”, Drivin´ On 9” e principalmente “Divine Hammer”. Ainda teve músicas dos Beatles (“Hapiness Is A Warm Gun) e The Amps no meio da história. Show para ficar na memória e ser lembrado por muitos e muitos anos.
Logo depois coube ao Kaiser Chiefs encerrar a noite. Muitos consideraram o melhor show da noite. Eu sinceramente não achei isso tudo. Apesar da banda ter um bom par de hits, ainda precisa evoluir muito no palco. Falta sal. Talvez funcionasse melhor no palco indie. Sai antes do meio da apresentação, pois minha missão já estava devidamente finalizada com os shows do Jesus e Breeders, em um festival muito profissional e organizado. Que venha 2009!!
sábado, 8 de novembro de 2008
Mombojó - Stúdio Sp (SP) - 07.11.2008
Já fazia um bom tempo que eu não assistia a um show do Mombojó. A banda, uma das prediletas aqui da casa, demonstrou toda a força e balanço das suas canções na última sexta feira, dia 07 no Stúdio Sp, na Rua Augusta. Felipe S. e seus comparsas comandaram um show bastante agradável, repleto de momentos ótimos e fazendo a maioria dos presentes cantar junto com ele.
O repertório do show transita entre os dois discos da banda, “Nadadenovo” e “Homem-Espuma”, além de incluir algumas canções que estarão presentes no próximo álbum que deverá ser lançado no primeiro semestre do ano que vem. O show começou com “A Missa” e depois passeou pelos hits internos “Adelaide”, “Merda” (um dos momentos altos), “Novo Prazer”, “O Mais Vendido” e “Realismo Convicente”.
A banda apresentou algumas canções novas, em que percebe-se uma pequena influência do projeto Del Rey, que os caras tocam com o China, com destaque maior para “Casa Caiada” que botou todo mundo para cima. Os momentos mais altos ficaram com “O Céu, O Sol e O Mar”, com participação do China em dueto e o final apoteótico e poderoso com “Deixe-se Acreditar”.
Depois do show, a sensação de satisfação era totalmente presente. Fica dificil de entender porque uma banda como o Mombojó não consegue estourar. As músicas tem apelo pop, são dançantes, bem tocadas e sempre bem apresentadas ao vivo. Coisas do Brasil. Agora é esperar o que eles irão aprontar no terceiro disco que nascerá no ano que vem. Com certeza virá coisa boa.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
"Acima da Chuva" - Volver - 2008
Era Abril de 2005 e eu estava em Recife para o Abril Pro Rock. Um dos shows que mais me chamaram atenção foi o dos recifenses do Volver. Energia, melodia, guitarras bem dosadas, letras com histórias criativas. Comprei o primeiro disco dos caras, “Canções Perdidas Num Canto Qualquer”, escutei um bocado, repassei para os amigos que não conheciam e a banda se tornou bem quista na casa.
Depois de um hiato de três anos, finalmente a banda chega ao seu segundo disco, mais uma vez com a marca da Senhor F Discos. “Acima da Chuva” foi produzido conjuntamente com Léo D. (que toca piano e teclado em várias faixas) e William D. No seu segundo trabalho, a bando composta por Bruno Souto (vocal e guitarra), Fernando Barreto (baixo) e Zeca Viana (bateria) não tem mais canções perdidas, elas estão devidamente encontradas e bem tocadas.
A banda perdeu um pouquinho de energia, mas ganhou muito em termos de produção e composição. As influências continuam abraçando Jovem Guarda, anos 60, Strokes, o atual indie rock e algumas pinceladas de Los Hermanos. “Pra Deus Implorar”, a responsável por abrir o trabalho, traz guitarras em primeiro plano e um ótimo trabalho vocal de Bruno. “Dispenso” foge um pouco a regra do disco, com violões e efeitos, esbanjando psicodelia, enquanto a “A Sorte” remete totalmente ao primeiro álbum.
Depois chega uma das melhores canções de 2008, a strokeana “Não Sei Dançar”, com sua mudança de andamento e paradinhas. Para tocar em qualquer boa festinha que se preze. “Natural”, já lembra um pouco Los Hermanos, mas tem um toque diferente, um algo mais na forma que a melodia diminui e retorna. “Tão Perto, Tão Certo” é outro hit em potencial, liberada desde o ano passado, já é conhecida por bastante gente. Para escutar bem alto.
A canção que dá nome ao disco é aquilo que costumo definir como quase-balada. Chega com a assinatura da banda. “Dia Azul”, remete a várias bandas novas no seu andamento. “Coração Atonal” é um caso a parte, amor a primeira ouvida. Começa com os versos: “Hey, girl/usei Elton John pra dizer que te amo/mas errei da sétima vez/na sétima nota do meu piano/industrialmente feito pra dizer/que eu desafino com você/nesse meu coração atonal”. Uma baladaça que flerta com os Beatles da fase Sgt. Peppers.
Para encerrar temos “Clarice”, mais uma com a marca registrada da banda e “Despedida Em Seis Por Oito”, repleta de efeitos nos vocais, sendo talvez o único momento mais baixo. Usando um clichê mais do que usual e comum, em seu segundo trabalho, os recifenses do Volver amadureceram bastante. “Acima da Chuva” é um ótimo disco, um dos melhores de um ano que já trouxe muita coisa boa.
My Space: http://www.myspace.com/volverbrasil
domingo, 2 de novembro de 2008
"Dear Science," - Tv On The Radio - 2008
Era outubro de 2006 e eu escrevia aqui no Coisapop sobre o disco “Return To Cookie Mountain” do Tv On The Radio: “o som da banda soa como se David Bowie encontrasse o Radiohead em “Ok Computer”, com a mixagem do Massive Attack e a produção de Brian Eno, com lançamento pela Motown”. Era isso. E era muita coisa mais. O quinteto do Brooklyn lançava uma obra-prima que soprava novidades para todos os lados.
Dois anos se passaram e chega a vez de Tunde Adebimpe (vocais), Kyp Malone (guitarras e vocais), Gerard Smith (baixo), Jaleel Bunton (bateria e percussão) e David Sitek (guitarras, pianos, programações e produção), lançarem o sucessor do aclamado disco de 2006. “Dear Science,” chega para mostrar a evolução da banda e ratificar todo o seu talento em mais um grande trabalho.
O Tv On The Radio de 2008 soa um pouco mais pop, o que no seu caso não significa nada gratuito ou ligeiro. Todas as texturas, junções e montagens ainda estão presentes. A mistura de funk, jazz, soul, rock, pop, blues e o que mais tiver pela frente, continua fortemente presente, ainda sendo uma tarefa bastante árdua definir a banda ou enquadrá-la em algum rótulo específico.
“Dear Science,” já começa em ritmo de avalanche com a batida frenética e o climão que depois toma conta de “Halway Home”. “Crying” chega mais lenta um pouco, quase um soul, antes de começar a embaralhar um riffzinho meio funk no meio. “Dancing Chosse”, a mais curta do disco, convida para dançar e detona um hip hop cheio de vanguarda, que depois recebe uma bela melodia sessentista.
“Stork And Owl” chega com pequenos efeitos no ínicio, criando uma cama toda especial para o vocal que lembra desde Bono, até Bowie e Lou Reed, enquanto os climinhas vão se dissipando no ar. “Golden Age” é quase uma disco-music, com vocal em falsete, chegando em uma pequena apoteose no refrão. “Family Tree” de letra bastante intensa e com um piano tomando a frente é uma das mais fortes canções do trabalho. Muito bonita.
“Red Dress” mistura funk, com o rap dos anos 80 e 90, para explodir mais na frente, enquanto os metais coordenados pelo saxofonista Martin Perna tomam a canção. “Love Dog” carrega um bonito arranjo vocal, enquanto as bases são quebradas constantemente. “Shout Me Out” vem charmosa, bem pop, apesar dos efeitos que a circundam. “DLZ” começa meio R&B e vai ganhando em peso mais pro final. “Lover´s Day” encerra a conta, mantendo o alto nível.
Com “Dear Science,”, O Tv On The Radio se consolida de vez no cenário mundial e crava mais um excelente disco na sua curta carreira, que ainda promete muito, mas muito mais pela frente. Pare, sente, escute, aprecie e depois escute novamente e novamente um dos melhores trabalhos de 2008.
Site Oficial: http://www.tvontheradio.com
My Space: http://www.myspace.com/tvotr
Mais sobre a banda no Coisapop, passe aqui e aqui.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
"Life As a Sinner" - Grenade - 2008
Rodrigo Guedes parece ser o tipo de cara que não desiste nunca. Enquanto o rock brasileiro passava por maus momentos nos anos 90, ele tocava o Killing Chainsaw, banda cultuada até hoje no cenário independente. Quando a banda acabou, montou o Grenade e manteve a excelência no disco de estréia homônimo de 2004. Rodrigo Guedes é um daqueles caras que tocam seus projetos cantando em inglês e fazem bonito.
O Grenade que atualmente está se preparando para um novo disco (sem data confirmada), colocou de maneira gratuita na web esse ano, “Life As a Sinner”, o sucessor do primeiro trabalho que foi gravado em 2005 e deveria ter dado luz em 2006, mas por problemas diversos, só chega agora aos nossos ouvidos. “Life As a Sinner”, abraça de vez o rock americano de maneira geral, esquece um pouco os improvisos e enche o ar de guitarras e boas melodias.
Tudo passa para cima e envolvente, com influências do rock americano safra 80, com toques dos anos 90. Pode escolher entre faixas como “You Know”, “The Laws”, “Something Is Gonna Change Now”, “Babe You Have No Faith On Me”, “Something Between Me And You Will Break” ou “Secretly” que tudo desce redondo, redondo, sem qualquer efeito colateral.
Rodrigo e seus comparsas, Paulo Gutierrez (baixo), Vitor Gorni (bateria) e nesse disco ainda o Eric (guitarra), promovem um rock competentíssimo, sem data de validade para consumo. Longa vida ao Grenade!
Site Oficial: http://www.grenade.com.br
Blog: http://www.grenadeband.blogspot.com
Para baixar “Life As a Sinner”, disponibilizado pela banda, passe aqui.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
"Soul" - Seal - 2008
Ficar marcado para o resto da vida por causa de uma só coisa deve ser frustrante. Isso no mundo da música é bem pior. Vários artistas ou bandas serão sempre lembrados apenas por uma música, limitando suas carreiras a isso. Algumas vezes isso pode ser justo, mas em outras é completamente injusto. O cantor inglês Seal, cabe muito bem nesse segundo grupo.
Muitos lembram dele apenas como o cantor dos sucessos “Kiss From A Rose” e “Crazy”, como se sua carreira fosse somente isso. Desde 1991 lançando discos, o cantor sempre fez uma mistura bem azeitada de dance music com o soul. Apesar de alguns deslizes durante os anos, resultando em discos bem mais ou menos, o saldo de sua vida artística pode ser considerado bom.
Após lançar o apenas mediano “System” no ano passado, o cantor volta em 2008, com o álbum “Soul”, em que revisita onze grandes canções do genêro, passando por nomes como Sam Cooke, James Brown, Otis Redding e Al Green. Sobre o trabalho o músico falou: “esse é um disco atemporal e que agrega muito do que sempre ouvi. Era inevitável gravar algo disso”.
Em “Soul”, Seal dá um verdadeiro show, canta com paixão um repertório muito bem escolhido variando entre estandartes e canções menos conhecidas, destilando todo o seu talento vocal. O libelo sessentista “A Change Is Gonna Come” de Sam Cooke abre os trabalhos em arranjos inspirados, para ser seguido por uma bela sequência de canções que merecem ser escutadas diariamente.
Destaques maiores para as versões de “I've Been Loving You Too Long” de Otis Reding, a ensolarada “It´s Alright” dos Impressions, a balada “If You Don't Know Me By Now” (já gravada pelo Simply Red) do Harold Melvin and the Blue Notes, aqui em versão inspiradíssima e uma bonita e emocionante releitura do clássico “Stand By Me” de Ben E. King, imortalizada por John Lennon.
Vale bem a pena.
Site Oficial: http://www.seal.com
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