quinta-feira, 30 de agosto de 2007

"Country Mouse, City House" - Josh Rouse - 2007

No decorrer da vida de cada um existem aqueles momentos de paz, momentos de tranqüilidade em que o amor dá as cartas, soltando no ar ternura e harmonia, além de cuidar de sarar antigas feridas que teimavam em não cicatrizar. Esse é o clima do novo disco do americano Josh Rouse, “Country Mouse, City House”. Lançado no mês passado, constitui-se em mais um belo registro da carreira do músico.

A historinha meio batida e que todos mais ou menos sabem é que uns dois, três anos atrás Josh sofreu uma desilusão amorosa e se mudou para a Espanha, encontrando novamente a paz quando uma cantora chamada Paz Suay topou no seu caminho. Esse encontro começou a render frutos no excelente “Subtítulo” lançado ano passado, um dos melhores de 2006, continuando no grande EP que os dois lançaram no começo desse ano: “She´s Spanish, I´m American”.

De bem com a vida e recuperado dos atropelos da vida, o músico desembarca com seu sétimo disco de inéditas, abaixando um pouco o tom, fazendo canções mais intimistas e deixando um pouco de lado as coisas mais dançantes que ora costumava fazer. Josh Rouse parece também querer fazer a reconciliação com sua terra natal e investe mais em nuances de jazz e algumas pitadas de soul.

“Sweetie” abre docemente esse novo registro com la, la, las e tudo mais. “Italian Dry Ice” desenvolve temas de jazz no seu solo. “Hollywood Bassplayer” é típica canção que o músico costuma frequentemente proporcionar. “God, Please Let Me Go Back” emula George Harrison com grande maestria. “Nice To Fit In” chega com aquele sabor de domingo de manhã, sendo a mais agitada do disco.

“Pilgrim” é outra que se aproxima e namora o jazz, bem intimista com baixo em primeiro plano e bateria suave ao fundo. “Domesticated Lovers” poderia constar em qualquer disco anterior sem fazer vergonha. “London Bridges” é um alt-country com o selo Josh Rouse de qualidade. “Snowy” encerra o trabalho mais uma vez chamando o jazz pra dançar em uma baladaça digna de ser entonada por uma grande dama da música americana.

“Country Mouse, City House” não é o melhor disco da carreira de Josh Rouse, fica bem atrás de obras como “Nashiville” ou “1972” e até mesmo do álbum do ano passado. Mesmo assim a dádiva desse músico em compor belas canções continua intacta e cada vez mais aprimorada. Um belo disco para aquecer a alma e o coração. Suave, terno e doce como a vida às vezes deve ser.

Site oficial:
http://www.joshrouse.com
My Space:
http://www.myspace.com/joshrouse

Veja mais algumas coisas que dissemos sobre Josh Rouse:

terça-feira, 28 de agosto de 2007

"Daqui Pro Futuro" - Pato Fu - 2006


Como é bacana ano em que tem disco do Pato Fu. Muito bacana mesmo. Os mineiros estão com lançamento novo na praça, de gravadora nova e mais uma vez esbanjando vanguarda na música nacional. “Daqui Pro Futuro” antes de sair nas lojas foi disponibilizado para venda no UOL por R$ 0,99 cada música e R$ 9,99 o disco todo. Em tempos como os nossos tal iniciativa é um golpe de mestre.

Desde 1993 quando a banda ainda somente com três integrantes lançou de maneira independente, a coleção de idéias e canções intitulada “Rotomusic de Liquidificapum”, tem sido um prazer acompanhar sua trajetória. Uma das poucas bandas dos anos 90 que continuam fazendo coisa interessante, sem nunca terem lançado um disco ruim esses anos todos e colocando álbuns como “Gol de Quem” de 1995, “Tem Mas Acabou” de 1996 e “Toda Cura Pra Todo Mal” de 2005 no rol de excelência.

O combo que conta como Fernanda Takai (violões, guitarras e voz), John Ulhoa (guitarras, programação e voz), Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Lulu Camargo (teclados) continua enchendo o ouvinte de sorrisos a cada trabalho. Como poucas bandas, o Pato Fu consegue soar pop sem ser descartável, novo sem abdicar de antigas influências, critico sem deixar de ser divertido, rock sem precisar fazer cara e pose de mal ou de sofredor.

Esse nono disco mais uma vez apresenta o selo de qualidade “Pato Fu” em alta rotação. “30.000" pés abre o disco em um belo cartão de visita, passeando depois por pop em “Mamã Papá”, baladas como “Espero” e a bela “Verdade Sobre o Tempo”, rocks como “Woo!” ou músicas com a cara da banda vide “Nada Original”, sempre fazendo isso com extrema competência.

Destaques maiores ainda podemos dar para a excelente versão da banda para “Cities In The Dust” da cultuada e clássica Siouxsie Ant The Banshees, com efeitos eletrônicos dando um toque especial, “Tudo Vai Ficar Bem”, uma canção daquelas com o titulo de memoráveis, parceria com Andréa Echeverri da banda colombiana Aterciopelados e “A Hora Da Estrela”, baladaça de tocar o coração, que mostra os efeitos da maternidade sobre Fernanda Takai.

“Daqui Pro Futuro” é uma colagem de todos os trabalhos anteriores da banda e continua soando como novidade. De volta para independência com a marca da Tratore agora no seu trabalho, a felicidade e a paz reinam absolutas no Pato Fu. Mais um excelente trabalho que com certeza figura entre os melhores do ano e merece ocupar horas e mais horas no seu cd player e computador. Era para ter disco novo todo ano.

Longa vida ao Pato Fu.

Como comprar as músicas e o disco em formato virtual:
http://megastore.uol.com.br/acervo/pop/p/pato_fu/daqui_pro_futuro

Site oficial:
http://www.patofu.com.br/

domingo, 26 de agosto de 2007

"O Cavaleiro das Trevas" - Edição Especial - 2006

No decorrer dos tempos algumas obras dão uma reviravolta em determinado tipo de arte, bagunçando tudo com um vigor com cheiro de novidade e reiventando esta arte. Foi assim quando Francis Ford Coppola lançou em 1979, “Apocalipse Now”, o testemunho definitivo da Guerra do Vietnã (e das guerras em geral) ou quando um certo quarteto de Liverpool lançou em 1966 um disco intitulado “Revolver” virando a música de pernas pro ar.

Em 1986 a mesma coisa aconteceu com a nona arte. Os quadrinhos que nos anos 60 e boa parte dos 70 tinham sido arremessados ao universo da superficialidade e irrelevância, começaram a dar a volta por cima nas mãos de Neil Adams e Denny O´Neil no final dos mesmo anos 70 com a série Arqueiro Verde e Lanterna Verde. Essa volta por cima foi consolidada com “O Cavaleiro das Trevas”, onde Frank Miller lançava Batman em um futuro não muito esperançoso e remodelava tudo que viria pela frente.

Em 2006 a Panini Comics colocou no mercado nacional uma edição belíssima e bastante especial somando “O Cavaleiro das Trevas” de 1986 e “O Cavaleiro das Trevas 2” continuação que Frank Miller começou a jogar no mercado em dezembro de 2001 após inúmeros pedidos de fãs. Esta edição vem recheada de esboços e capas originais, depoimentos e outros extras que deixam a obra com o status de imperdível.

No seu trabalho (principalmente o primeiro) Frank Miller pega um estandarte da DC Comics (e da cultura pop mundial) e arremessa em um mundo que esqueceu seus heróis, um mundo em que Bruce Wayne se encontra com 55 anos e a violência toma conta de todos os lados enquanto a mídia expande toda a sua cobertura com imensa superficialidade. Um mundo onde o governo subjugou os heróis e o Superman não passa de uma marionete do governo dos USA.

Além de toda a dinâmica do roteiro e da premissa que nos é mostrada, o recheio desse bolo é a arte de Miller, que aparece mais soberba que nunca, mesclando anarquia, técnica e beleza, acompanhando a narrativa de maneira sublime. A continuação realizada que sempre ficou dividida entre necessária ou não (inclusive para mim), é outro furacão em que entram na jogada a Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Capitão Marvel e muitos outros velhos parceiros de Batman.

Essa edição especial da Panini de “O Cavaleiro das Trevas” é fundamental para qualquer um que goste de quadrinhos ou simplesmente aprecie arte em suas diversas formas. Um divisor de águas. Um marco traçado por um artista inovador que teve o poder de alterar toda uma cultura já enraizada há tanto tempo. Uma obra que permanece viva, atual e significativa ano após ano. Simplesmente um clássico.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

"O Labirinto do Fauno" - 2006


É muito difícil para qualquer diretor conseguir mesclar com a mesma dose de competência realidade e fantasia. Ainda mais quando esses dois caminhos tem força suficiente para caminharem sozinho enquanto não estão convergindo entre si. O mexicano Guilhermo Del Toro (de “Hellboy”) conseguiu com louvor isto em “O Labirinto do Fauno” lançado ano passado e que chegou nos últimos meses em DVD.

O filme ganhou 3 Oscar (Direção de Arte, Fotografia e Maquiagem), acumulou indicações e outros prêmios ao redor do mundo, com grande justiça. Guilhermo Del Toro fez um filme que agrada tanto com entretenimento quanto como arte, trazendo referências de diversas outras obras cinematográficas como “O Iluminado”, “O Mágico de Oz” e “Hellboy”, além de claramente inspirado nas fábulas dos Irmãos Grimm.

O longa se passa na Espanha, em 1944, um pouco depois da guerra civil e no inicio do governo do ditador Franco. Enquanto alguns rebeldes continuam resistindo na floresta tendo no seu encalço o exercito franquista, Ofélia (a excelente Ivana Banqueiro) chega com sua mãe (Ariadna Gil) para esse cenário a fim de viver com seu padrasto o capitão Vidal (Sergi Lopez), responsável pela região.

Ofélia vive imersa em mundo de fantasia, de conto de fadas e vê esse contraste com o mundo brutal e repleto de violência da guerra. Em determinado momento Ofélia conhece o Fauno (um assombroso trabalho de Doug Jones), que a identifica como uma princesa perdida de um mundo subterrâneo, mostrando que ela precisa passar por três provas para recuperar seu mundo e a si mesma.

A partir disso Guilhermo Del Toro nos leva a um mundo repleto de magia em um conto de fadas sombrio, de cores escuras mas nem por isso menos belo. Trata também de fatos políticos da época da ditadura franquista, assim como mostra todo o horror envolto as guerras e aos sentimentos menos nobres que infestam o ser humano em épocas não tão prosperas e brilhantes.

“O Labirinto do Fauno” é uma fábula fascinante, uma aventura repleta de momentos inesquecíveis, muito superior a produções hollydianas recentes (“Crônicas de Nárnia”, “Eragon”, etc.) e que merece muito ser assistida. Cinema de qualidade, que nem sempre está por aí na prateleira a disposição. Aproveite.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

"Our Ill Wills" - Shout Out Louds - 2007

Quando a banda sueca Shout Out Louds lançou em 2003 seu disco de estréia intitulado “Howl Howl Gaff Gaff”, o estrondo e a aclamação na sua terra natal por conta disso foram bem grandes. O grupo fez tanto sucesso que em 2005 saiu o mesmo disco em mercado americano, conquistando bons elogios na critica mundial.

Nesse primeiro trabalho o som da banda caminhava entre retratos dos anos 80, pitadas de pós punk e camadas sobrepostas de indie pop. Em 2007, chegou as lojas “Our Ill Wills”, a sempre difícil tarefa do segundo trabalho. Apesar da banda fazer o tipo de som que não vai mudar o mundo e nem sua vida, seu novo álbum é bem prazeroso de se escutar e merece ser adquirido.

Em “Our Ill Wills”, Adam Olenius (vocal), Ted Malmros (baixo), Eric Edman (bateria), Carl VonArbin (guitarras) e Bebban (vocal e teclados) escancaram de vez as suas influências de The Cure (Adam está mais Robert Smith que nunca) e ancora os dois pé no indie pop de bandas como Belle And Sebastian, Peter Bjorn and John e Câmera Obscura, entre outras.

O resultado vai desde ótimas canções “fofinhas” como “Blue Headlights” (com Bebban nos vocais) e a bela “Impossible”, até devoções maiores ao The Cure como “Parents Livingroom” e “Normandie”. Some-se a tudo isso a grande habilidade desses suecos em fazerem boas melodias repletas de climas e backing vocals e o resultado é um bom prato a ser servido a qualquer hora do dia.

Repito, não vai mudar em nada sua vida e nem acrescentar algo novo na suas preferências musicais, “Our Ill Wills” é o tipo de álbum que tem como única pretensão ser escutado e gerar alguns bons sorrisos. E além do mais vem da Suécia e vocês sabem que a agua de lá tem alguma coisa :) .

Site:
http://www.shoutoutlouds.com/

My Space:
http://www.myspace.com/shoutoutlouds

P.S: Só por curiosidade a nova propaganda da Fiat, do modelo Punto, traz como trilha sonora “Shut Your Eyes” do primeiro disco do Shout Out Louds.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

"Estação Melodia" - Luiz Melodia - 2007


Luiz Carlos dos Santos, mais conhecido pelo público como Luiz Melodia há tempos vinha prometendo um disco essencialmente de samba, promessa essa cumprida agora em 2007 com o ótimo “Estação Melodia”. No seu novo trabalho o carioca Melodia se debruça em sua maioria com sambas das décadas de 30,40 e 50, com um resultado bastante bonito.
Lançado pela Biscoito Fino e contando com a produção de Humberto Araújo, “Estação Melodia” mostra o artista quase que em sua totalidade como interprete, só assinando uma faixa “Nós Dois” com Renato Piau. No entanto, em determinado momento há de se imaginar que em todas as faixas há o envolvimento dele, devido a intensa identificação com que se relaciona com as canções.

Passeando por Cartola (“Tive Sim”), Oswaldo Melodia (seu pai que entra com “Não Me Quebro a Toa” e “Linda Tereza”), Geraldo Pereira (“Chegou a Bonitona”), Geraldo das Neves (“Papelão”) e Noel Rosa (“O Neguinho e a Senhorita”), entre outros não menos brilhantes, abre-se um tratado, um pacto com o ouvinte que sobrevive até o final, quando tupo pede para ser repetido.

Luiz Melodia brinca, manda e desmanda na sua estação, promovendo momentos de grande beleza ao adestrar o samba, adequar as batidas com sua voz e inserir toda sua categoria em faixas com mais de 50, 60 anos. Melodia, simples como sempre, está de bem com a vida e isso reflete bastante no trabalho, como canta em “Rei do Samba” de Miguel Lima e Arino Nunes, “...eu sei que não sou majestade/ Não tenho, nem quero coroa/ Eu quero é cantar na cidade...”.

Para quem admira sua carreira, isto já é muito mais do que suficiente.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Expresso do Rock em Castanhal....17 e 18 de agosto....

Salve, salve minha gente amiga...

Depois de dois dias de aquecimento com mostra audiovisual na Casa de Cultura, hoje as guitarras começam a soar ao vivo e a cores no Palco Alternativo em Castanhal para o Expresso do Rock que pede passagem.
Hoje tem Bandola, Jhonny Rockstar, Stereoscope e Madame Saatan. Amanhã, sabadão, tem Estado Civil, Attack Fantasma, Telesonic e Suzana Flag. Imperdivel meus caros amigos.
Nos dois dias eu brinco de DJ (se meu pé deixar...) botando o melhor do rock mundo afora na pista...
:))

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

"The Kissaway Trail" - The Kissaway Trail - 2007

Uma paisagem se estende pelo horizonte enquanto um jovem caminha meio sem destino, meio que procurando alguma coisa enquanto enxerga uma igreja, ouve um órgão em último volume e decide entrar e se confrontar com seus pensamentos, tendo como pano de fundo algum país da Europa. Esse poderia muito bem ser o tema da viagem que “Forever Turned Out To Be Too Long”, faixa de abertura de “The Kissaway Trail”, disco de estréia da banda de mesmo nome nos convida a fazer parte.

A banda vem da cidade de Odense na Dinamarca e coloca no mercado uma estréia arrebatadora, um grande disco repleto de climas e nuances soterrados por grandes melodias. Contando com três guitarristas o combo escandinavo é formado por Thomas L. Fagerlund (voz e guitarra), Søren B. Corneliussen (voz e guitarra), Daniel Skjoldmose (guitarra e teclados), Rune Pedersen (baixo) e Hasse Mydtskov (bateria).

O som do The Kissaway Trail ao mesmo tempo em que se apresenta como singular ancora-se em influências de Arcade Fire (“Smother+Evil=Hurt”), Flaming Lips (“Tracy”), Pixies (“La La Song”) e Mercury Rev (“Bleeding Hearts”) , mas com uma essência própria de criatividade que sustenta as canções enquanto é processado o seu caldeirão de informação.

As guitarras enchem o disco de um clima todo especial em que os vocais de Fagerlund e Corneliussen se distanciam e se completam ao mesmo tempo, deixando a suíte habitual ser preenchida por teclados e pianos. Repleto de coros por todo o álbum, a viagem que toma conta do ouvinte em pouco mais de quarenta minutos é viciante, misturando estranheza e conforto, suavidade e desespero. Beleza e fantasia.

Quando o disco chega ao fim e temos que descer do trem e de todas as imagens surreais que ocupam a nossa cabeça durante os climas medievais e contemporâneos que “The Kissaway Trail” são capazes de proporcionar, resta esperar a próxima viagem para revigorar novamente a alma que acaba de ser bombardeada por uma quantidade anormal de magia.

Site Oficial : http://www.thekissawaytrail.com

My Space:
http://www.myspace.com/thekissawaytrail

Logo abaixo fique com o clipe de “La La Song”, uma das canções de 2007.

The Kissaway Trail - La La Song

sábado, 11 de agosto de 2007

"Go" - The Primary 5 - 2007


Sabe aquele disco que você tem vontade de colocar no player toda vez que liga o computador ou abre seu porta-cd? Aquele disco cheio de canções com melodias pop e assobiáveis que levanta teu astral? Aquele disco que serve como pano de fundo para as tuas tarefas no trabalho ou em casa? “Go”, segundo disco do The Primary 5 se enquadra perfeitamente na descrição.

The Primary 5 é o projeto/banda que Paul Quinn toca desde o final de 2001. Mas ora, quem diabos é Paul Quinn? O cantor, compositor, guitarrista e baterista escocês fez parte do Soup Dragons no ótimo “Lovegod” no inicio da década de 90, incorporando depois o Teenage Fanclub em álbuns como “Grand Prix” (um clássico) e “Howdy”.

Cansado das turnês e tudo que cerca uma banda de rock, pulou fora do barco para descansar. O descanso teve seu destino atrapalhado em 2004, quando com seu novo projeto lançou “North Pole” mais ambientando no folk rock, com toques de Byrds , The Troggs e claro que da sua ex-banda. Agora em 2007 com “Go”, Paul Quinn volta com um belo disco que não faria nada feio na discografia do Teenage Fanclub.

Ao lado do velho comparsa Ryan Currie nas guitarras e teclados e de Stuart Kidd na bateria junto com Mike McKerral no baixo se encarregando da cozinha, o artista volta suas atenções para a devoção ao Big Star, encharca a cara de pop e produz um disco repleto de momentos felizes, manhãs com sol, beijos apaixonados e finais de tarde especiais.

Tudo é de primeira linha desde a abertura com “Off Course” até o fechamento com a belíssima “Star And Stripes”, passando pelas ganchudas “2 Am”, “The Great Escape” e “Make Believe” com destaque um pouquinho maior. Para melhorar o processo ainda tem a participação dos ex-amigos de Teenage, Norman Blake e Raymond McGuinle, adoçando o doce e suave caldo.

Sabe aquela listinha de melhores do ano que todo mundo faz? “Go” do The Primary 5 entra fácil, fácil nela...

Confira o my space:
http://www.myspace.com/theprimary5 .

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

"Tribunal Surdo" - Violins - 2007


“Atenção, atenção/ Prestem atenção ao que vamos dizer/ Nós somos o grupo de extermínio de aberrações/ De toda sorte que você possa conceber/ Vindo até vocês para pedir/ Qualquer quantia que se possa fornecer/ E eu garanto que seus filhos agradecem por crescer/ Sem ter que conviver/ Com bichas e michês/ E pretos na TV...”

O trecho acima abre a melhor canção de 2007 até agora, “Grupo de Extermínio de Aberrações” é quarta faixa do disco “Tribunal Surdo”, terceiro registro dos goianos do Violins. Nada de rosas, de paisagens perfeitas ou de ilusões felizes. “Tribunal Surdo” é um recorte de mesquinharia, falta de compaixão, ignorância, violência e desamor. Um retrato triste, tenso e fiel dos nossos dias atuais.

Há muito tempo que o rock nacional não via um disco tão forte e tão belamente construído. Não estou aloprando quando digo que este disco consta na lista dos melhores quinze ou vinte discos já lançados em todos os tempos no rock brazuca. “Tribunal Surdo” é um chute na cara não só de toda uma nação (que muito provavelmente não conhecerá as canções), mas também na mídia, no governo e também em nós mesmos.

Beto Cupertino (voz e guitarra), Thiago Ricco (baixo), Pierre Alcanfôr (bateria) e Pedro Saddi (piano), vem ensaiando esse grande disco desde “Aurora Prisma” de 2003, batendo na trave no excelente “Grandes Infiéis” de 2005, mas agora acertando em cheio. No meio de guitarras altas e sujas, as melodias que ora contam com o piano dando um toque especial servem de pano de fundo para as letras mordazes e certeiras.

O sarcasmo, ironia e humor negro contido nas letras ressoam como ecos perdidos (e mais fortes) do Morrisey ou ainda de um The Clash. Faixas como “Deliquentes Belos”, “Campeão Mundial de Bater Carteira”, “Missão de Paz na África”, “Solitária”ou “Manicômio” são canções pesadas, com um clima tenso e nervoso, mas que invariavelmente resultam em momentos ímpares de inteligência e criatividade.

Se você é daqueles que desliga a TV quando o jornal vai começar, que acha que tudo é lindo e maravilhoso, que as pessoas sempre são boas ou que o amor reina acima de tudo, precisa urgentemente entrar neste tribunal comandado pelo Violins e destampar seus ouvidos para o mundo que infelizmente nos cerca, um mundo de falta de fé no ser humano.

Simplesmente já nasceu clássico.

Site da banda onde tem diversas faixas para download:
http://www.violins.com.br/ .

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

"Bordado" - Rodrigo Maranhão - 2007

O carioca Rodrigo Maranhão vem sendo agraciado nos últimos anos como um dos novos (e bons) talentos da música nacional. A frente do grupo Bangalafumenga lançou dois discos (sendo o segundo um ótimo registro) e começou a se preparar para vôos maiores tanto na carreira, quanto no projeto social que desenvolve na oficina de instrumentos do bloco de mesmo nome do grupo.

O cantor que ao lado do seu grupo esbanja energia tanto em estúdio quanto ao vivo (presença já conferida por este que escreve), se desplugou totalmente para o lançamento do seu primeiro disco solo. “Bordado” lançado recentemente traz o artista, despido na maioria das vezes de instrumentos, somente com o seu violão, emulando canções que fazem uma verdadeira viagem pelo nosso país.

O próprio Rodrigo produziu o disco em parceria com o baixista Paulo Brandão e quando deixa de lado um pouco somente o violão e incorpora outros instrumentos recebe a ajuda de Brandão, além de Marcelo Caldi no acordeão, Marcello Gonçalves na viola e violão e Ely Werneck e Sidon Silva na percussão, que no entanto mantêm o clima das canções ainda em um tom abaixo, não mudando sua estrutura inicial.

A viagem musical pelo país tem menos de meia hora de duração e começa pelo baião da faixa-título, passa pelo xote de “Interior” e assim vai no forrozinho canalha de “O Osso”, na gaúcha “Milonga”, no afro-reggae de “Todo Dia”, na bossa nova de “Pra Tocar no Rádio”, ou nas já conhecidas “Recado” e “Caminho das Águas”.

Em seu primeiro disco solo Rodrigo Maranhão comprova que realmente tem talento, evoca a nova mpb ao mesmo tempo que recorre a Dorival Caymmi, apesar de ainda não comover ou provocar nada excepcional ao ouvinte. Ainda assim as canções que compõem esse doce “Bordado” são totalmente agradáveis de serem escutadas, servindo muitíssimo bem para iniciar ou terminar um dia normal de trabalho.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

"A Strange Education" - The Cinematics - 2007


Às vezes baixo ou compro um disco e sem querer deixo o mesmo parado lá por meses esquecido, até que algum belo dia vou lá e boto o cdzinho pra rolar. Foi o que aconteceu com a banda escocesa The Cinematics, que lançou em março deste ano seu debut intitulado “A Strange Education”. Depois de um bom tempo acomodado no quarto ele finalmente se lançou para os ouvidos.

Do quarteto formado por Scott Rinning (vocal e guitarra), Ramsay Miller (guitarra), Adam Goemans (baixo) e Ross Bonney (bateria), já conhecia “Break”, liberada ano passado (e inclusa nesse disco), com fortes influências de Echo And The Bunnymen e The Cure, que inclusive já fazia parte de algumas coletâneas pessoais. Os amigos também colocaram boas criticas nos seus blogs a respeito dessa estréia.

Estréia essa que para quem espera algo de novo, não terá. O quarteto escocês faz o mesmo pós-punk de bandas como Interpol, Editors, Franz Ferdinand ou Rakes, bebendo na mesma fonte oitentista que serve tanto como fonte de inspiração nos últimos anos. Agora se isso não lhe incomoda, seja bem vindo a um ótimo disco, que não vai figurar no Top 20 de quase ninguém em 2007, porém é muito prazeroso de ser escutado.

Desde a abertura com as guitarras de “Race To The City” dando o ritmo, até o fechamento com “Asleep At The Wheel” de forte influência do Joy Division, os 52 minutos passam redondinhos, sem grandes alardes, mas cativando. As músicas em sua grande maioria são bem feitas e trabalhadas, com ritmo dançante, vocais principais e secundários bem alinhados e melodias interessantes. Tudo como reza a cartilha.

Canções como as já citadas, além da faixa titulo, “Chase”, “Rise & Fall” e “Ready Now” tem aquela cara de single e conquista o ouvinte rapidinho. O Cinematics mostra na sua estréia que tem como diria o outro “bala na agulha”, insinuando mais qualidade que muita gente bombada pela crítica por ai. Disco indicado para ser escutado para começar a noite antes de sair de casa ou dentro do carro indo para a rua.

Site bacanudo da banda:
http://www.thecinematics.com

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

"A Amarga Sinfonia do Superstar" - Superguidis - 2007

“O teu dom de te esconder de mim só é menor do que o meu de não te achar...”, a frase de abertura da canção “Por Entre as Mãos”, a primeira do novo disco do Superguidis já denuncia que a banda não perdeu a mão da estréia. Mesmo sem contar com o frescor do primeiro trabalho (um dos melhores de 2006), “A Amarga Sinfonia Do Superstar” (que nome bacana!) mostra inúmeros méritos.

Lucas Pocamacha (guitarra e vocais), Andrio Maquenzi (voz e guitarras), Diogo Macuedi (baixo) e Marco Pecker (bateria) mostram competência suficiente e registram algo difícil por estas terras, conseguem identificar sua marca, a marca “superguidis” de qualidade. As letras continuam com grandes tiradas, fugindo do lugar comum com uma naturalidade espantosa, enquanto as doces melodias são dispostas em meio a riffs e mais riffs de guitarra.

Mais uma vez lançado pelo Senhor F, esse segundo registro foi gravado no começo do ano em Brasília sobre a produção de Philippe Seabra (Plebe Rude), que contribuiu para que o som do quarteto ganhasse mais corpo sem perder a identidade. O disco vem completo de grandes canções como a excelente “Mais Do Que Isso” (...não sou nem quero ser um gênio/desses que fazem história/eles são todos arrogantes/do mundo são a escória...).

Como destaques maiores temos a bem humorada “A Exclamação” (...de tanto responder perguntas eu virei uma exclamação...), a pop e séria candidata a hit “Parte Boa” ou os riffs matadores de “Mais Um Dia de Cão” já liberada anteriormente em versão demo. Aliás, as cinco músicas que abrem o disco são de um poder impressionante. E não pára por aí, tem a regravação de “Ainda Sem Nome”, a percepção do tempo em “Os Erros Que Ainda Irei Cometer” ou a bonita “6 Anos” que fecha o disco.

O Superguidis consegue provar em “A Amarga Sinfonia do Superstar” que criatividade não é problema e pode andar de mãos dadas com qualidade. Longe do rock oitentista, das bandas mtv e daqueles que emulam os Los Hermanos, o quarteto gaúcho ancora sua música em guitarras e mais guitarras, prontas para conquistar ouvidos incautos país afora e fazer estes saírem cantando por aí.

Grande disco. Um dos melhores de 2007. Canções que fazem sorrir e devem ser tocadas no último volume. Se dúvida disso ouça o rock n roll de “Riffs”, faixa escondida repleta de energia e bom humor para comprovar.

Site:
http://www.superguidis.com.br

My Space:
http://www.myspace.com/superguidis

Mais: Leia o que dissemos sobre o disco do ano passado clicando
aqui.