No ano de 2005, a banda anglo-americana The Earlies lançava seu primeiro disco intitulado “These Were The Earlies”, com um pop cheio de ambientações e experimentações. Detalhe importante: JM Lapham, Giles Hatton, Christian Madden e Brandon Carr não se conheciam, montaram toda a base do álbum através de fitas enviadas pelo correio.
Em 2007 é a vez de “The Enemy Chorus” ser lançado. Sobrevivendo a prova do primeiro álbum e chegando consolidados como uma banda de verdade (do jeito que é possível para eles, cabe ressaltar) o Earlies fez um disco daqueles que a crítica adora detonar, abduzindo com termos como “pretensioso” ou “falsa modernidade” as maiores virtudes da banda. Pura balela.
A banda passeia entre o psicodelismo das bandas dos anos 60/70, com um som recheado de experimentalismo e barulhos diversos como ruídos eletrônicos, máquinas de escrever e sinos de igreja. No entanto, o fundo disso tudo são melodias pop embaladas por pianos, teclados e cordas que passam longe de serem melosas, promovendo vários bons momentos.
“No Love In Your Heart” abre o disco com efeitos eletrônicos trazendo o vocal para a festa só depois de mais de um minuto e meio. “Burn The Liars” que vem depois, é mais curta das canções, com um piano ditando o ritmo e parecendo um Coldplay mais vigoroso e experimental. “Enemy Chorus” que vem em seguida lembra em algum momento o Mercury Rev.
Um dos grandes momentos é a balada “The Ground We Walk On” que chega doce e bela, tratando do cotidiano da vida e sua singular caminhada. “Bad is as Bad Does” em seus quase seis minutos começa com uma bateria repleta de efeitos parelelos antes que a melodia cantada em passo quase falado chegue e conquiste o ouvinte. Depois vem “Gone For The Most Part”, intrumental que parece ser uma filha bastarda e rejeitada do mestre Ênio Morricone.
“Found a Lion and Earth” com seus metais quase infantis, é uma das melhores canções do disco, se transformando depois em um pop perfeito. Em meio a contagens, sussurros e conversas paralelas temos um piano que traz “Litlle Tropper” cutucando alguma recordação dos bons momentos do Eels.
Um violão com toques de country e um teclado que parece ter saído de uma churrascaria introduzem “Broken Chain”. “When The Wind Blows” vem depois com uma bateria mais acelerada, abrindo caminho para os barulhinhos (sim, eles de novo!) que trazem “Breaking Point” que encerra o disco com um leve toque árabe (?) e mais experimentações em outro instrumental.
Nada de novo no front com certeza, mas boas idéias reunidas e bem executadas, proporcionando momentos de beleza ao ouvinte. Bom disco. Mais sobre a banda entre em: http://www.myspace.com/theearlies .
A série “A Grande Família” que passa na Rede Globo às quintas feiras já é uma franquia de sucesso, tendo arregimentado uma grande quantidade de fãs, que se deliciam com as loucuras mais bizarras dessa família do subúrbio carioca, sendo um dos poucos destaques com qualidade da emissora.
Em 2007, foi decidido levar para a tela grande as aventuras e desventuras de Lineu, Nenê, Agostinho, Bebel, Tuco, Marilda, Beiçola e Mendonça. A aventura apesar de parecer um tiro certo, poderia correr o mesmo perigo, por exemplo, de “Os Normais” e “Casseta e Planeta” que não deram certo. Poderia, mas acaba por não correr.
Primeiramente, esqueça o cinema. Sério. Ele quase não existe na película de 104 minutos dirigida pelo diretor Maurício Farias e roteirizada pelos competentes Cláudio Paiva e Guel Arraes. O que temos é mais um episódio normal da série estendido até não poder mais, se constituindo isso um dos maiores méritos do filme.
Não há revelações ou alterações no cotidiano dos personagens, entrando na trama apenas dois novos coadjuvantes, sendo o caso de Carlinhos (Paulo Betti) e Marina (Dira Paes). A manutenção do esqueleto da trama realizando esse “mais do mesmo” em relação a série, alavanca grandes pontos e garante boas gargalhadas.
No enredo temos Lineu (Marco Nanini) passando mal em um enterro de um colega de repartição, o que meio que obriga a procura de um médico. Nesses exames aparece uma mancha no pulmão que tanto pode ser um tumor quanto não. Lineu decide não abrir o exame e passa a conviver com a idéia de que vai morrer.
Nesse contexto temos a mesma história usando como pano de fundo os 40 anos em que Lineu começou a namorar com Nenê (Marieta Severo) em um baile de formutura, entre outras tramas paralelas, contadas de três perspectivas diferentes, com as decisões de Lineu afetando diretamente a vida dos envolvidos.
Mesmo sendo mais televisão que cinema, o filme garante boas, aliás, muito boas gargalhadas ao espectador. Cenas como a de Lineu chegando em casa bêbado, as malandragens de Agostinho (Pedro Cardoso) ou o constante desespero de Nenê resultam no grande elixir do longa, que conta com boas participações de todos os personagens.
Apesar de a trama cansar um pouco no desenrolar da segunda das três histórias contadas, o filme ainda diverte bem, merecendo ser visto sem compromisso algum, no final de tarde de um dia cansativo de trabalho aliviando toda a correria do dia a dia. Não espere nada demais e se divertirá.
Houve um tempo, lá pelas décadas de 40 e 50 e com alguns bons momentos nas décadas de 60 e 70, que o romance policial era um grande gênero de filme, com roteiros bem amarrados, suspense do começo ao fim, mulheres lindas e dissimuladas, policiais cínicos e sedentos por dinheiro, tudo construído sem a caracterização básica de bom x mau.
Um dos pilares desse estilo, tanto na literatura quanto no cinema foi Raymond Chandler, um cidadão que odiava quase tudo que fazia e permanecia sempre que possível bêbado, o que não atrapalhava seu brilhantismo, fazendo na verdade realça-lo. Chandler trabalhou com Billy Wilder em “Pacto de Sangue” de 1944 e com o mestre Alfred Hitchcock em “Pacto Sinistro” de 1951, dentre outros.
Em 1946, Chandler produziu seu único roteiro original para o cinema, o clássico “A Dália Azul” que trouxe Alan Ladd e Verônica Lake nos papeis principais e levou uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original. Tudo isso é história. E bote história nisso.
Mudando de cenário, os anos 80 tiveram uma grande revista italiana chamada “Frigidaire”, onde vários nomes da cultura do país se reuniram provocando um trabalho anárquico e sem limites, causando ódio e ira em vários setores da política e da igreja italiana, tendo no quadrinista Filippo Scózzari um de seus grandes nomes.
Nessa conjuntura, entra em cena um grande agitador cultural da época, Oreste Del Buono (que num prefácio bastante interessante explica parte do processo), que “pede” encarecidamente para a revista adaptar “A Dália Azul” para os quadrinhos. Ninguém quer fazer o projeto que acaba sobrando para Scózzari realizar sem nenhum sorriso no rosto.
Desse projeto nasceu “A Dália Azul” de Raymond Chandler por Filippo Scórazzi, lançado pela Editora Conrad (sempre ela!) em 2004 e que chega novamente as bancas. Essas duas mentes que nunca trocaram um oi sequer produzem um trabalho singular. Scórazzi distorce com muito sarcasmo as idéias de Chandler colocando um algo mais repleto de particularidade através do seu traço engraçado e desfigurado.
A história? Bom, uma bela mulher é encontrada morta, depois que seu marido chegou da guerra e descobriu que estava sendo traído por ela. Quem seria o assassino? É nessa viagem que embarcamos, pensando em suspeitos e analisando as nuances da trama. Rogério de Campos introduz a obra com um ótimo prefácio.
Uma obra prima dos quadrinhos, sem dúvida. Essa e outras obras podem ser encontradas em http://www.lojaconrad.com.br/ .
O ano de 2007 mal começou e álbuns e mais álbuns começam a “vazar” na internet no meio de alguns lançamentos já oficiais. Vida que segue, diria o mais poético, pois acabamos de enterrar 2006 e ainda exumamos seu corpo vez ou outra enquanto já temos novos lançamentos para escutar.
E mesmo sendo precipitado (ou não, como diria Caetano), um dos discos que farão bonito em 2007, é o novo da banda de Denver, Colorado The Apples In Stereo que coloca no mercado em 06/02/2007, seu mais recente álbum “New Magnetic Wonder”, que já se encontra em pré-venda em alguns sites americanos.
A banda de Robert Schneider (guitarras e vocal), não lançava nada desde “Velocity Of Sound” de 2002, levando 12 meses e gravando em 5 cidades sob a batuta da produção de Bryce Goggin, que já trabalhou com artistas como Pavement e Sebadoh, para colocar seu novo rebento nas lojas.
Quando da sua formação em 1993 e através de seus dois primeiros discos “Fun Trick Noisemaker” de 1995 e “Tone Soul Evolution” de 1997, a banda se caracterizava pelas belas e trabalhadas harmonias vocais e pela psicodelia em clima retrô. Depois do já citado “Velocity of Sound” em que a banda tomou um caminho totalmente powerpop, os seus destinos musicais se alteraram.
“New Magnetic Wonder” reflete uma espécie de conciliação entre essas duas vertentes, além do casamento de outras influências como os anos 70 e o som meio lo-fi de bandas como Guided By Voices e da primeira fase do Pavement.
Robert Schneider e seus asseclas de sempre, John Hill nas guitarras e Eric Allen no baixo, contam agora com Hilarie Sidney na bateria e nos vocais e tiveram o apoio de Bill Doss, amigo de Scheneider (e co-fundador do Elephant 6 junto com ele) nos teclados, além de muitos, muitos convidados.
O disco tem 14 faixas e 12 pequenos intervalos entre as canções, montando sua concepção. Da abertura com o powerpop da dobradinha “Can You Feel It” e “Skyway”, passando pelo pop setentista da perfeitinha “Same Old Drag”, pelo lo-fi e violão de “Sun Is Out”, ou por “7 Stars” que demonstra fortes ecos de Pavement, tudo é para cima, alegre e multi-colorido.
As harmonias vocais com forte influência dos Beach Boys não desapareceram, aparecem continuadamente, mesmo que em uma intensidade menor. A baterista Hilarie contribui belamente em duas músicas “Sunday Sounds” e “Sunndal Song”, levando o clima para os anos sessenta, com melodias bem encaixadas e um instrumental bem simples.
“New Magnetic Wonder” fará bonito em 2007. É um disco ensolarado, cheio de canções para cantar junto. Totalmente indicado contra o mau humor, cara feia, reclamações e buscas essenciais. É pop e pronto. Muito bem tocado, feito para divertir e animar.
Histórias de amor são universais. Encontros e desencontros acontecem aqui no Brasil como também acontecem na China ou nas Ilhas Faroe. Algumas histórias se repetem anos após anos, só adicionando novos personagens na trama e alterando alguns toques pessoais aqui e ali.
“Vestido de Flor”, lançado em 2006 pela Editora Vertical com 221 páginas é o primeiro livro do jornalista e crítico musical Carlos Eduardo Lima. CEL como assina suas colunas é editor do site Rock Press (www.rockpress.com.br), colaborador fixo do Scream & Yell e sempre escreve por aí sobre cultura pop em geral.
O seu primeiro livro não carrega nada de novo no tema abordado, no entanto é pintado com cores muito bonitas e de maneira muito especial, tratando da história universal do amor tendo como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro, que se constitui como uma coadjuvante na história e preenche com as mais variadas referências os espaços das páginas.
Poderíamos chamar o seu livro de “Literatura Pop”, ambientando dentro do universo de escritores como Nick Hornby e Tony Parsons, o que não seria mentira, mas como bem observa o jornalista Arthur Dapieve no verso do livro, sua ambientação está mais para os romances “Antes do Amanhecer” e “Antes do Por-do-Sol”, onde os personagens de Ethan Hawke e Julie Delpy saem por Viena e Paris apreciando cada momento em que estão juntos.
No seu livro, Bernardo é um crítico musical que acaba de perder o emprego na empresa em que trabalhava e vem de um processo de divórcio bem dolorido. Bernardo é um cara bacana, que acredita no amor, faz as coisas do jeito que acha ser o mais certo possível, um ser humano desses difíceis de achar, mas que anda um pouco cansado de tudo.
Em uma tarde de julho, uma amiga de uma amiga sua, chamada Flora manda um email, pois está de passagem pela cidade maravilhosa. Flora é uma atriz e diretora teatral cheia de liberdade, de força de vida dentro de si e que não gosta muito da palavra compromisso, preferindo viver o presente.
Quando os dois se encontram, a química acontece e eles passam alguns dias no Rio de Janeiro, vivendo sua paixão arrebatadora e sofrendo pelos atos que permeiam suas decisões e a própria vida. Nada pode ser declarado com eterno ou como fugaz em sua relação, o que deixa um ar de nostalgia espalhado pelo caminho, pois nos identificamos com a história no decorrer do livro.
Carlos Eduardo Lima na sua primeira incursão literária, produziu um livro simples, sem grandes pretensões literárias, mas um livro muito, muito bonito, que pode ser contado através de sua trilha sonora e de suas referências e que olha para o amor como algo etéreo e belo, como uma necessidade na jornada de cada um.
Se você achar que a história é comum, como diria o próprio autor no prefácio do livro, isso é intencional. Invada a vida de Bernardo e Flora e junto com eles passe por todos os momentos prazerosos, todas as incertezas e aposto como você olhará para o passado e enxergará algo disso também na sua estrada.
Mais em: www.vestidodeflor.com.br
Ano passado o Placebo voltou a colocar um disco novo no mercado, em abril a banda lançou “Meds”. O último álbum de estúdio havia sido “Sleeping With Ghosts” de 2003, sendo sucedido por uma coletânea em 2004, chamada “Once More Feeling”.
Já fazem 10 anos que “Placebo” chegou às lojas, com sua mistura de glam rock e pós punk, trazendo canções nervosas como “Come Home” e “Nancy Boy”. De lá para cá, Brian Molko, Stefan Osdal e Steve Hewitt alcançaram sucesso, inclusive fazendo uma turnê pelo Brasil em 2005 com grandes apresentações, apesar de parecerem meio cansados.
“Meds” abre o disco com um violão tocado rapidamente antes da coisa explodir de vez, num ótimo dueto de Molko com Alison Mosshart do The Kills. É o velho Placebo, mas também uma nova banda, mais madura (e não entenda madura aqui como chata) e mais consciente do seu potencial.
Entram canções mais elaboradas como a excelente “Blind”, o transe incessante de “Space Monkey”, a bela e poderosa “Broken Promise” em que Molko canta com Michael Stipe e a nostálgica “Song To Say Goodbye” que fecha o álbum.
Mas a banda de hits rápidos e certeiros, com grande influência do pós punk ainda está lá, em faixas como “Infra-Red”, “Drag” e “Post Blue”, levantando a moral e jogando para cima, constituindo mais canções para se pular e dançar nos shows.
Confesso que gostava da banda, mas depois que os vi no Abril Pro Rock em 2005, a consideração realmente aumentou, pela entrega em cima do palco e da força que sua música ganha ao vivo. “Meds” segue o mesmo caminho de qualidade anterior, por mais que já aponte novos rumos. Bom disco.
Eu sou um daqueles caras que acham que 80% das coletâneas e ao vivos são meros caça níqueis e só valem a pena para você ter uma coleção meio que pronta para levar no porta cd e escutar na praia, no bar, ou no clube, sem ter que precisar de muita coisa. Poucas realmente valem a pena.
Uma dessas que fogem a pretensa regra é “And I Feel Fine - The Best Of The I.R.S Years 1982-1987” da banda americana R.E.M, que reúne 21 canções que vão desde o EP de estréia “Chronic Town” em 1982 até seu quinto álbum, “Document” de 1987. A coletânea reúne os anos em que a banda passou no selo I.R.S e promoveu grandes álbuns.
Claro que é um caça níquel enquanto não vem o disco novo, isso é lógico, mas é um que tem méritos atrás de méritos.
Contando com a formação original, ainda com Bill Berry na bateria, estão reunidas canções de uma qualidade espetacular que influenciaram gerações e continuam influenciando até hoje.
Do disco de estréia, o já clássico “Murmur”, até o já citado “Document”, podemos acompanhar a trajetória de guitar band por “Reckoning” de 1984, o estranho e belo “Fables Of The Reconstruction” de 1985 e o seminal e politico “Life´s Rich Pageant” de 1986.
Camaleões que nunca perderam a forma do seu som.
Impossível dizer que um disco que contenha clássicos como “Radio Free Europe”, “Finest Worksong”, o mega hit “The One I Love”, “It´s the End Of The World As We Know It”, "Driver 8" e “Fall on Me” não tenha grande valor.
Ainda podemos passar pelo country rock de “Don´t Go Back To Rockville”, pela delicadeza de “Talk About The Passion” e “So. Central Rain”, pelas politizadas “Begin The Begin” e “Cuyahoga”, a pérola sempre escondida “Life And How To Live It” ou a redentora “I Believe”.
Com um texto bem bacana do Anthony DeCurtis (em inglês) no encarte, serve também para quem não conhece verificar uma das fases mais produtivas de uma das grandes bandas de todos os tempos, influente e atual há mais de 20 anos, e que talvez seja a única banda que nunca tenha lançado um disco ruim em toda sua brilhante carreira.
I Feel Fine!!
“With Love and Squalor” do trio de Nova York We Are Scientists foi um dos bons álbuns lançados no ano passado. Se não teve fôlego para emplacar os tops de muita gente, ficou com certeza ali beirando uma posição, graças ao seu disco de estréia.
Na estrada desde 2000, Keith Murray (guitarra e vocal), Chris Cain (baixo e backing vocals) e Michael Tapper (bateria e backing vocals) desembarcaram em 2006 no Brasil para um show bastante comentado no Nokia Trends, pautado pela energia da banda e pelos riffs matadores de guitarra.
O disco já abre de maneira matadora com “Nobody Move, Nobody Get Hurt”, uma das melhores canções de 2006, capaz de levantar defunto e fazer o mais tranqüilo dos seres humanos sair pulando à toda. Na seqüência mais dois petardos que parecem ter saído diretamente do pós punk dos anos 80, “This Scene Is Dead” e “Inaction”.
E ainda tem “Callbacks”, o hit “The Great Escape” e “Lousy Reputation”. Os cientistas botam toda sua ciência a serviço do rock n´ roll, que merece ser tocado em último volume, principalmente pelas guitarras e vocais de Keith Murray.
Com seu disco de estréia, o “We Are Scientists” aparece como uma grande promessa para os próximos anos. Mas, enquanto os próximos anos não chegam, a boa pedida é curtir esse “With Love and Squalor”. Vá fundo!
Salve, salve...
Colocamos hoje no CoisaPop, os melhores de 2006 na nossa humilde mas sempre pretensiosa opinião:
Melhor Disco Nacional:
1- O Homem Espuma - Mombojó
2- Superguidis - Superguidis
3- Carioca – Chico Buarque
4- O Grande Passeio do Stereoscope - Stereoscope
5- Bogary - Cascadura
6- Fora de Órbita - Prot(o)
7- Por um Rock n´Roll mais Alcoólatra e Inconsequente - Rock Rocket
8- Anotherspot - Pelv´s
9- La Re-Vuelta - Los Pirata
10- Músicas que Caem em Pé e Correm Deitadas (EP) - Bazar Pamplona
Melhor Música Nacional:
1- Semáforo - Vanguart
2- Lospi Gospel – Los Pirata
3- Gênio Incompreendido - Violins
4- O Raio que o Parta - Superguidis
5- Agora eu Sou o Vilão – Bazar Pamplona
6- Realismo Convincente - Mombojó
7- Ruradélica - Supercordas
8- Hoje é o dia - Telesonic
9- 1932 - Pullovers
10- Cerveja Barata - Rock Rocket
Melhor Disco Internacional:
1- The Great Eastern – James Dean Bradfield
2- Subtítulo – Josh Rouse
3- Modern Times – Bob Dylan
4- Return To Cookie Mountain – Tv On The Radio
5- Sam´s Town – The Killers
6- Boys & Girls In America - The Hold Steady
7- Eyes Open - Snow Patrol
8- Rather Ripped - Sonic Youth
9- Broken Boy Soldiers - The Racounters
10- Civilian - Boy Kill Boy
Melhor Música Internacional:
1- Province – Tv On The Radio
2- Crazy – Gnalrs Barkley
3- Say Hello To The Pope – James Dean Bradfield
4- Pull Shapes – The Pipettes
5- Steady, as She Goes – The Racounters
6- Whatever This Town - Eskobar
7- Bones - The Killers
8- Working Man´s Blues nº 2 - Bob Dylan
9- I Bet You Look Good On The Dancefloor - Arctic Monkeys
10- Nobody Move, Nobody Get Hurt - We Are Scientists
Paz Sempre!!
O Foo Fighters é uma banda bacana, sempre foi. Desde que Dave Grohl começou com o projeto em 1995 ouvindo de tudo e de todos que era um aproveitador barato por surfar em cima da chama de sua ex-banda, o Nirvana, enquanto seu desejo era justamente o contrário, era ir ao inverso de tudo isso.
A banda sempre lançou discos um pouco acima da média, conquistou fama, alçou hits nas paradas de todo o mundo, ganhou Grammy e o escambau, deixando Grohl sair da sombra de seu ex-amigo e parceiro Kurt Cobain - uma lenda vida do rock - mesmo que tenha seguido seus passos em grande parte de suas canções.
Em 2005 a banda lançou aquele que provavelmente seja seu melhor álbum, “In Your Honor”, um disco duplo de estúdio que conta com uma divisão individual de canções elétricas e outras em formato acústico, com participações especiais, gerando um dos grandes lançamentos daquele ano.
A banda organizou algumas pequenas turnês acústicas para a divulgação do disco e então resolveu lançar um disco e DVD ao vivo, que resgatasse esses momentos. Tudo bem que é o primeiro ao vivo da banda e nada contra quem lança álbuns desse tipo, alguns até são clássicos, mas foi a primeira grande pisada na bola do Foo Fighters na sua carreira.
A gravação ao vivo foi realizada em três apresentações no Pantages Theater em Los Angeles (EUA). “Skin And Bones” (na tradução fica “Peles e Ossos”), teve a participação de Petra Haden no violino, Pat Smear (Ex-Fighters e Nirvana) nos violões e Rami Jaffee do Wallflowers no piano e teclados.
Lançar algo ao vivo só se justifica quando as músicas são modificadas e saem do óbvio (como o próprio Acústico MTV do Nirvana), ou quando trazem aquela energia, aquela força que consolida uma banda frente ao seu público com versões não habituais, covers e tudo mais que se tem direito. Não é o caso.
O disco não passa de razoável, trazendo boas canções do disco anterior como “Razor” que abre o disco, “Friend of a Friend” e “Another Round”, mas não consegue se sobressair pelo simples fato de que as grandes canções da banda carecem ser tocadas em último volume, com vocais gritados puxando os refrões ganchudos.
“My Hero” (apesar do ótimo piano), “Everlong”, “Times Like These” e “Best Of You” não funcionam e deixam aquele desejo de que poderia ter sido melhor. Os destaques do disco são “Walking After You” e “Big Me” que conseguem soar tão bonitas quanto suas versões originais e a versão de “Marigold”, lado B do Nirvana lançado na caixa “Heart Shaped Box”. Além de “February Stars” que ganhou uma delicadeza e uma vibração peculiar.
No mais, só vale se você for muito fã da banda, senão pode deixar passar batido, pois há mais ossos que pele nesse novo disco da banda de Dave Grohl, que poderia ter feito como uma de suas bandas prediletas, o Pixies e lançado um acústico bem mais interessante.
Em 2005, a música “Oh Yeah” foi selecionada pela Coca Cola para fazer parte de um dos seus comerciais. A banda responsável pela música se chamava The Subways, oriunda de Welwyn Garden City na Inglaterra e tendo como integrantes, Charlotte Cooper no baixo e vocais, Billy Lun nas guitarras e vocal e Josh Morgan na bateria.
No mesmo ano, a banda apareceu no seriado teen “The OC” do canal norte americano FOX. Pelas características informadas até agora, o que se imagina é uma bandinha descartável que foi alçada meio que programada para o sucesso, correto? É mais ou menos por aí, o que não quer dizer que isso seja ruim.
O primeiro disco do The Subways é como aquela terça feira em que você está indo para casa, cansado do trabalho, entra em uma conveniência, pede uma cerveja para matar a sede, bebe rápido, amassa a lata e joga no lixo, continuando o seu caminho para casa, sem maiores problemas ou revelações.
“Young For Eternity”, lançado em 2006 é assim, para ser usado rápido, sem pretensão alguma e depois ser colocado em algum lugar do seu computador junto com outras bandas, mas que enquanto estiver sendo usado vai gerar um pequeno prazer ao ouvinte.
No mais, pode-se destacar da mistura de britpop com punk, boas canções para colocar naquela coletânea para escutar no dia a dia, como a já citada “Oh Yeah”, a excelente “Rock & Roll Queen” e mezzo Nirvana “City Pavement”. Nada mais do que isso, mas por isso mesmo bem bacana. Quem disse que o descartável também não traz alegrias?
Visite o site da banda: http://www.thesubways.net/
Em meados de 2000, um amigo meu chegou e perguntou se eu conhecia uma banda gaúcha chamada Cidadão Quem, a qual ele tinha vista no programa do Jô Soares e tinha gostado bastante. Afirmei que não conhecia e ele pediu que eu encomendasse para ele o disco “Soma”, que eles estavam lançando na época.
Foi o que fiz. E durante os três, quatro meses depois que o álbum chegou foi ficando no meu cd player, ficando e ficando que nem repassei a esse amigo. Nunca mais tinha ouvido falar da banda. Eis que do nada me deparo com um disco intitulado “Cidadão Quem no Theatro São Pedro”, projeto acústico lançado no inicio do 2005.
Os irmãos Duca e Luciano Leindecker, mudaram a formação e juntaram uma equipe competente para essa nova empreitada. Contando com as participações de Eduardo Bisogno no piano (Tom Bloch e Video Hits), Claudio Mattos na bateria (Garotos da Rua) e Fernando Peters na Guitarra (Magic Slim).
O projeto que também conta com DVD (que estou bastante tentado a comprar) traz músicas desde o primeiro disco da banda de 1993, como “A La Recherce”, ótimas canções do álbum “Soma”, como “Bossa” (simplesmente linda com a participação de Mônica Tomasi), “Dia Especial” e “Um Dia”, uma canção nova chamada “Música Inédita” e a participação de Humberto Gessinger na cover de “Terra de Gigantes”
O Cidadão Quem é o tipo da banda que pratica o pop perfeito, ou seja, arranjos simples, letras casuais, esquema estrofe-refrão-estrofe-refrão-solo-refrão, cantados e tocados de maneira que se não chega a ser virtuose é extremamente competente. A platéia ajuda, cantando junto, fazendo o disquinho ser bem prazeroso de ser ouvido.
Mais sobre a banda em http://www.cidadãoquem.com.br . Vai lá e tente não se emocionar em canções como “Pinhal”.
Para começar o ano, dando uma renovada geral e acalmando a alma nesse dia primeiro, nada melhor do que um clássico daqueles de mão cheia. “Kind Of Blue”, lançado em 1959 pelo trompetista Miles Davis, continua insuperável mesmo depois de tanto tempo.
Miles já era um gênio do jazz em 1959, tendo começado sua carreira no bebop, e sendo fundador do estilo denominado como “cool jazz”. Com um quinteto de feras formado por Cannonball Aderley no Sax Alto, John Coltrane no Sax Tenor, Paul Chambers no Baixo, James Cobb na bateria e Bill Evans no piano (com exceção de Freddie Freloader", tocado por Wyn Kelly), Miles reinventou sua música.
“Kind Of Blue” talvez tenha sido o primeiro disco da história a ser gravado todo no improviso, sem ensaios ou coisa do tipo. Momentos antes das sessões de gravação, Miles aparecia com o esboço e a estrutura inicial dos temas que iam ser desenvolvidos.
Inacreditável como tudo parece ter sido ensaiado a exaustão, pois os temas se subdividem e caem um sobre o outro gerando uma camada de rara beleza sonora. Em conjunto ou nos solos, cada músico toca como se tivesse uma mão divina sobre eles. Música de encher a alma, de iluminar o coração.
Totalmente indicado para iniciar ou terminar um dia, e para celebrar sempre o talento de tantos craques que ao comando de um mestre do jazz produziram um obra prima que durará gerações e gerações. Viaje tranquilo com canções eternas como "So What" e "All Blues".