Sebastião Rodrigues Maia nascido em 28 de setembro de 1942 foi um dos maiores nomes da música nacional nos últimos 50 anos, deixando um legado maior do que o próprio tamanho. O Sebastião em questão ficou conhecido em todo país como Tim Maia e se definia como “preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares”.
Tim Maia morreu em 1998 aos 55 anos e teve uma trajetória difícil para qualquer roteirista imaginar. Era um bonachão irreverente, louco e genial. Mas também era autoritário, displicente e nada profissional. Sua obra é uma das mais completas da nossa música, cabendo clássicos como “Sossego”, “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Você”, “Gostava Tanto de Você”, “Do Leme Ao Pontal”, a fase “Racional”, entre tantas outras obras primas.
Sua história é retratada nesse “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, lançado recentemente pela Editora Objetiva, biografia do cantor nas mãos do competente Nelson Motta, escritor e produtor musical que viveu bastante com Tim e arregaçou as mangas em uma pesquisa que decifrou da infância, passando pelo tempo de morada nos USA, o estrelato, as quedas constantes por causa do álcool e das drogas e a consolidação de um mito.
Tipo de biografia que merece ser consumida vorazmente, divertindo e emocionando tanto os fãs do cantor (como eu que até hoje escuto frequentemente sua obra) quanto aqueles que não o conhecem (sendo um belo ponto de partida para começar). Tem como coadjuvantes grandes nomes como Erasmo e Roberto Carlos, Jorge Ben, João Gilberto, Tom Jobim, e outros mais.
Além de uma história de vida fascinante, essa biografia funciona inconscientemente para termos uma idéia de como nosso país cresceu da ditadura até o Collor e como os modos fonográficos evoluíram desde o compacto até os CDs e DVDs. Tim além de gênio na música (escrevia suas canções sem saber nada, absolutamente nada de partituras e notas), era uma figuraça, um porra louca cativante que cunhou algumas frases incríveis como:
“Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias.”
“Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho.”
Ou a clássica: “Mais grave! Mais agudo! Mais retorno! Mais eco! Mais tudo!”, que soltava em seus shows e resumia bem a sua personalidade, que sempre queria mais e mais.
Uma ótima viagem tendo o soul, o funk e o samba como ritmo de fundo de uma absurda saga de pobreza, dificuldade, loucura, drogas, mulheres, álcool, sucesso, depressão, religiosidade e principalmente de uma eterna boa vontade para com a vida, vida que com certeza não se arrepende em nada de ter habitado durante 55 anos nesse cidadão chamado Tim Maia.