“Clitóris, clitóris, ah! Clitóris...” abre o novo disco de uma das grandes referências do rock nacional que alçara vôos rumo ao sucesso. Meio pesado, não? Claro que sim, ainda mais se estivermos em 1991, com uma crise total abatendo o mercado que só tinha ouvidos para a música sertaneja.
Os Titãs lançavam há quinze anos atrás, um dos grandes álbuns de sua carreira, entrecortado entre algumas brigas paralelas e desejos individuais. “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” à época, soava como sujo, mal vestido e sem ser convidado. Hoje é quase um clássico perdido entre os lugares comuns de sua geração.
O disco que contava com um projeto gráfico excelente, entre outras coisas marcou a saída de Arnaldo Antunes. Era como se grande parte da porra louquice da banda estivesse indo embora, mesmo que ainda sobrassem Branco Mello e Paulo Miklos. As faixas aparecem desesperadas, urgentes, sem muita preoucupação com o que viria pela frente e paralelo a isso, tinham uma energia ímpar, permanecendo viscerais até hoje.
Da urgência matadora de “Clitóris”, aos devaneios existencialistas de “Cabeça”, ou as cacetadas poéticas (e sonoras) de “Isso Para Mim é Perfume” e “Flat – Cemitério – Apartamento”, os Titãs procriavam guitarras, esporros e palavrões com a naturalidade de que se come um pão no café da manhã.
Faixas como “Eu Vezes Eu”, “Saia de Mim”, “Agora” e “Não é Por Não Falar”, estão no rol das melhores de toda a carreira da banda. O minimalismo poético de “Uma Coisa de Cada Vez”, “Obrigado” e “Se Você Está Aqui”, tem seus recôncavos na urgência punk e influências na poesia concreta.
“Tudo ao Mesmo Tempo Agora” é um daqueles discos que quanto mais velhos ficam, mais você percebe e admira sua qualidade, mostrando uma banda que começava a se rachar e encontrar diversas dificuldades, mas que diferente dos seus tempos atuais, respondia a tudo isso com música de uma necessidade absurda.
2 comentários:
Por essas e por outras que eu sempre fui meio que apaixonada por Titãs. Além de terem marcado uma fase importantíssima da minha vida adolescente, o Serginho é uma das coisas mais lindinhas que já existiu! =D Discaço mesmo menininho.
Gostei do "Não Caber". Envaidecida tem que se sentir a criatura para quem o escrevestes, é bonito mesmo.
Beijinhos
Bem morro de saudades do Titãs punk...eu sempre quiz ser punk na verdade, mas só me restou virar Drag mesmo.
Quanto ao texto "Não Caber", que inveja me deu da fonte de inspiração... se existir, porque as vezes escrevo coisas apaixonadas sem um alvo especifico...
Ah! o texto é um luxo.
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