Martin Scorsese é um dos poucos gênios da histórias do cinema que ainda estão vivos e produzindo. Desde os idos dos clássicos “Táxi Driver” e “Touro Indomável”, até seu último e injustiçado “O Aviador”, Scorsese é sempre relevante, focando a psique humana na violência e sobrevivência dentro de um mundo adverso ao dos personagens.
No seu novo filme “Os Infiltrados (The Departed)”, o diretor volta para o universo que se sente bem, deixando de lado os (bons) épicos do passado recente e mergulhando sua câmera de novo em meio à sordidez, traição e relações supra sociais do universo dos gangstêres que já havia abordado brilhantemente em “Os Bons Companheiros” e “Cassino”.
Na sua mais nova parceria com Leonardo DiCaprio, o clima todo leva a crer em uma reabilitação necessária ao seu trabalho apesar das últimas criticas recebidas, algumas até sem grande valia. A cidade deixa de ser Nova York e se transforma em Boston, onde o chefe do crime é um irlandês (interpretado pelo sempre magistral Jack Nicholson) que passeia ilegalmente entre a policia local e o FBI.
No seu universo próprio e repleto de idiossincrasias (leia-se drogas, violência e sexo) o chefão infiltra dentro da policia um agente seu (Matt Damon) para servir de suporte as suas transações, mas no entanto também tem dentro da sua “corporação” um agente infiltrado da policia (DiCaprio), que tenta desmascara-lo e prende-lo. Os dois personagens tem nas suas ambivalências, quase a formação de um carater único que se completa no decorrer do longa.
Com um elenco de apoio com nomes como Martin Sheen, Alec Baldwin (brilhante como coadjuvante) e Mark Whalberg (que sim, consegue trabalhar bem), o diretor recria a história que já fora filmada em 2002 em Hong Kong pela dupla Andrew Lau e Alan Mak, com uma competência peculiar.
Scorsese volta em grande estilo, dirigindo um dos grandes filmes do ano até agora, trabalhando mais uma vez naquilo que faz melhor, retratando toda a solidão que é própria do ser humano e que acaba por ficar na maioria das vezes encoberta no meio de tudo. E convence muito bem. Mais uma vez.
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