segunda-feira, 20 de novembro de 2006

"Modern Times" - Bob Dylan - 2006

Bob Dylan não é um simples mortal. Não mais. Há tempos Bob passou a ocupar um lugar em cima de quase todos os outros quando se trata da música dos últimos 50 anos. Seja pelo lado da música, a qual carregou no colo e criou milhões de súditos e reverências no decorrer dos anos, seja pelo lado da cultura pop, onde se tornou mundialmente conhecido, mesmo quando alguns saibam somente algumas de suas músicas. Não que ele ache isso tudo interessante, em recente entrevista para a Rolling Stone Brasil, Dylan chuta: “Na verdade, não tenho um bando de astrólogos me dizendo o que irá acontecer. Apenas dou um passo após o outro, uma coisa leva à outra”. Despretensão? Sim, mas também muita calma e certeza de que é um dos pilares fundamentais da música e do comportamento que se instalou em boa parte dos seus 65 anos. Desde os idos da postura rebelde com seu folk e critica social, passando pelo efeito sex symbol dos anos 70, pelo certo ostracismo do meio dos 80 e 90 e pelo retorno as boas criticas (como se ele se preocupasse com isso) com os álbuns “Time Out Of Mind” de 1997 e “Love And The Thief” de 2001, Dylan sempre se manteve na frente de boa parte da mídia, certeza que se confere novamente nesse ano. Com o lançamento do seu 31º álbum, intitulado com o instigante título “Modern Times”, Dylan completa sua não pretensa trilogia iniciada com os dois discos citados acima, de um mundo diferente, um mundo que se despedaçou, desvirtuou, mas que apesar de parecer cansado consegue ainda ter amor. Mesmo que escondido no meio de tudo. “Thunder of the Mountain” que abre o disco com seu rock clássico de solos de guitarras e batida boogie-woogie aponta: “...investigue seu coração e você vai entender um pouco...”. O que o músico faz hoje é uma reflexão dos nossos tempos em que apesar de estarmos tão conectados a tudo e a todos, ainda carecemos basicamente de atenção, vivendo em um mundo solitário na maioria das vezes. Não espere rocks engajados ou com ritmo forte, talvez você consiga levemente balançar a cabeça na já citada “Thunder of the Mountain” ou em “Someday Baby” e em “The Levee´s Gonna Break” além do magnífico blues de “Rollin´ And Tumblin´” que traz uma homenagem aos seus heróis blueseiros das décadas de 40 e 50. No mais “Modern Times” traz apenas belas baladas folk, com pitadas de jazz e blues, com Dylan deixando seu sarcasmo espalhado pelo caminho, encoberto com uma certa melancolia. Como em “Spirit on The Water” que os contornos de jazz, abrem caminhos para reflexões obscuras do cantor, trabalhando em cima de pesadelos. “When The Deal Goes Down” evoca a razão de se estar aqui vivendo e “Beyond The Horizon”, chega um pouco mais romântica e habitual. Os grandes destaques do disco ficam com “Working Man´s Blues #2”, continuação da original em que se destaca a corrupção das nossas individualidades e desejos perante toda a rotina dos dias atuais e a sombria “Ain´t Talkin” com versos como “...não há nenhum altar nessa estrada longa e solitária...”. Dylan é eterno. E caso você não acredite nisso, simplesmente não ouça o disco e parta atrás das (boas) novidades como Radio 4, Dirty Pretty Things, Racounters e outras tantas efemeridades quase sempre passageiras (e que divertem nessas passagens). Mas caso você tenha um pouquinho de bom senso nesse seu coração, escute “Modern Times” e se encante com toda a magia de alguém que para a música é como se fosse um Deus e que consegue depois de tantos anos, lançar um disco que faz pensar e emociona, ainda conseguindo soar relevante e atual.

Um comentário:

Sic disse...

Égua eu to doida pra escutar esse cd! Pelo jeito tu já tens vê se manda pelo menos uma mpusica pra mim! kkkkkk Quanto ao parecer referente ao Bob Dylan, tens meu voto, o cara não pode ser categorizado como mortal kkkkkkkkkk Já escutei muito, mas muito Bob Dylan hoje perco meu tempo mais com os descartáveis kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
E a propósito, o Bob Dylan poderia ser o compositor de "minha éguinha pocotó" que ainda assim eu agradeceria a presença dele no planeta terra, afinal o que é o filho dele! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijos!

Ah o nome da banda é Carimbodélico, e já estás avisado, só elogios! kkkkkkkkkkkk