Em 2003, o Rapture, banda de Nova York, apareceu para o mundo levado junto meio que na esteira do sucesso de outras bandas da cidade (apesar de ser mais velha que elas), e para as pistas de dança com o hit “House Of Jealours Lovers”, inserido no seu álbum “Echoes”, lançado no mesmo ano.
O Rapture já desde seu primeiro disco de 1999 imprimia sua música revisitada do pós-punk de bandas como The Cure, P.I.L, Talking Heads e Blondie, fazendo todos dançar e moldando a “quase-cena” que viria anos depois com bandas como Strokes, Radio 4 e Yeah, Yeah, Yeahs.
Em 2006, Luke Jenner nos vocais e guitarras, Mattie Safer no baixo, Vito Roccoforte na bateria e Gabriel Andruzzi responsável pelos teclados, saxophone e percussão, colocaram no mercado mais um trabalho da sua banda, intitulado “Pieces Of The People We Love”.
O álbum não arrisca muito em outras direções, não divergindo muito de “Echoes”, com o baixo de Mattie Seffer sempre saltando muito e Luke Jenner emulando Robert Smith do The Cure nos vocais. No entanto, o disco está um pouco menos soturno que seu antecessor. Ponto para ele.
Canções como a faixa titulo, “Don Gon Do It”, “Get Myself Into It”, “The Devil” e a indecifrável “Whoo! Alright-Yeah...Uh Huh” são de não deixar ninguém parado. Então esqueça as pretensões banais, os discursos politizados e apenas aumente o volume e dance com o rock oitentista do The Rapture. Apenas isso.
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
"Amores, Melodias e Afins" - Grandprix - EP - (2003)
A história basicamente se repete em cada canto do mundo dia após dia. Alguns amigos resolvem começar a tocar músicas de suas bandas preferidas para passar o tempo, nesse caso bandas como Teenage Fanclub, Ride, Placebo, Flaming Lips e Pixies.
A cidade era o Rio de Janeiro e os amigos que também eram românticos inveterados, adicionaram a isso mais alguns toques de bossa nova e em 2003, lançaram “Amores, Melodias e Afins”. A banda em questão se chama Grandprix (não por acaso o nome de um disco do Teenage Fanclub) e está em processo de gravação do seu primeiro álbum.
No seu EP de estréia, disponível para download na Trama Virtual (clique aqui para baixar), Luiz Alberto (Guitarra e Voz), Filipe Dias (Guitarra e Voz), Rodrigo Belmonte (Baixo), Luiz Paulo (Bateria), Alex Martoni (Guitarra e Teclado) e Ricardo Falco (Teclado), fizeram bem bonito.
“(Nem ver) Você voltar”, traz os versos: “Eu só aceito se eu a tiver pra sempre/ quero para mim/ as lágrimas de um rosto que me fez tão feliz...”. Soa meio brega não? Não. Com um instrumental bebendo no power pop das suas influências soa muito bem.
Toques bem presentes de bossa nova em “A Menina”, dão uma quebrada gostosa no ritmo enquanto descreve-se que “A minha menina tem olhos negros/ e um sorriso capaz de degelar meu coração...”. Romantismo embalado para viagem ou para ser gravado em um cd acompanhando um buquê de flores em pleno dia dos namorados.
O EP ainda tem as faixas “Euforia” (com o lindo verso: “A solidão me cai tão bem...”), “Melhor Assim” e “Anna” (com um backing daqueles que grudam na cabeça), deixando no ar uma grande expectativa em cima do seu primeiro álbum que terá a mixagem e masterização de Gustavo Seabra do Pelv´s.
Enquanto o disco não vem, a (boa) saída é sair cantando junto, sem muito compromisso, no ouvido de alguém ou em casa mesmo, as canções do EP da banda.
domingo, 26 de novembro de 2006
" A Catholic Education" - Teenage Fanclub - (1990)
O ano era 1989. A cidade era Glascow na Escócia. Três caras. Norman Blake (vocal e guitarra), Raymond McGinley (vocal e guitarra) e Gerard Love (vocal e baixo). E uma banda. Teenage Fanclub.
“A Catholic Education” foi o primeiro disco de uma banda que fundamentou o se chama de Power Pop, com influências de Big Star, Love e Beatles, onde guitarras densas e por vezes distorcidas dão lugar a estruturas melódicas das mais diversas, ambientando em sua grande maioria letras que versam sobre o amor.
O Teenage Fanclub contava com três vocalistas que se revezavam e contavam histórias sentimentais, mas nunca piegas. O seu disco de estréia lançado pelo selo Creation na Inglaterra e pela Matador nos USA rendeu boas criticas e mostrou a uma geração de fãs o som da banda, cultivando para essa galeria nomes do porte de Frank Black e Kurt Cobain.
Abrindo com as guitarras de “Everything Flows”, seguindo com o vocal de “Everbody´s fool”, passando pela faixa titulo e culminando em grandes canções pop como “Critical Mass”, “Too Involved”, “Eternal Light” e a sarcástica “Don´t Need a Drum”, o Teenage iniciava um caminho que até hoje tem pouquíssimos erros.
No seu “debut”, o TF pavimentava o que seria o terreno de seu melhor álbum, o clássico “Bandwagonesque” de 1992, uma das principais gravações da década. A banda continua produzindo grandes discos, provavelmente sem nunca ter lançado um álbum ruim e continuando a empolgar com seu rock melódico.
“A Catholic Education” mostra uma banda ainda tentando encontrar seu melhor som, mas em contrapartida fazendo dessa procura um trabalho de imensurável prazer para seus ouvintes. Como costumo dizer, beba Teenage Fanclub sempre que puder. E se embriague.
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
"Modern Times" - Bob Dylan - 2006
Bob Dylan não é um simples mortal. Não mais. Há tempos Bob passou a ocupar um lugar em cima de quase todos os outros quando se trata da música dos últimos 50 anos. Seja pelo lado da música, a qual carregou no colo e criou milhões de súditos e reverências no decorrer dos anos, seja pelo lado da cultura pop, onde se tornou mundialmente conhecido, mesmo quando alguns saibam somente algumas de suas músicas.
Não que ele ache isso tudo interessante, em recente entrevista para a Rolling Stone Brasil, Dylan chuta: “Na verdade, não tenho um bando de astrólogos me dizendo o que irá acontecer. Apenas dou um passo após o outro, uma coisa leva à outra”. Despretensão? Sim, mas também muita calma e certeza de que é um dos pilares fundamentais da música e do comportamento que se instalou em boa parte dos seus 65 anos.
Desde os idos da postura rebelde com seu folk e critica social, passando pelo efeito sex symbol dos anos 70, pelo certo ostracismo do meio dos 80 e 90 e pelo retorno as boas criticas (como se ele se preocupasse com isso) com os álbuns “Time Out Of Mind” de 1997 e “Love And The Thief” de 2001, Dylan sempre se manteve na frente de boa parte da mídia, certeza que se confere novamente nesse ano.
Com o lançamento do seu 31º álbum, intitulado com o instigante título “Modern Times”, Dylan completa sua não pretensa trilogia iniciada com os dois discos citados acima, de um mundo diferente, um mundo que se despedaçou, desvirtuou, mas que apesar de parecer cansado consegue ainda ter amor. Mesmo que escondido no meio de tudo.
“Thunder of the Mountain” que abre o disco com seu rock clássico de solos de guitarras e batida boogie-woogie aponta: “...investigue seu coração e você vai entender um pouco...”. O que o músico faz hoje é uma reflexão dos nossos tempos em que apesar de estarmos tão conectados a tudo e a todos, ainda carecemos basicamente de atenção, vivendo em um mundo solitário na maioria das vezes.
Não espere rocks engajados ou com ritmo forte, talvez você consiga levemente balançar a cabeça na já citada “Thunder of the Mountain” ou em “Someday Baby” e em “The Levee´s Gonna Break” além do magnífico blues de “Rollin´ And Tumblin´” que traz uma homenagem aos seus heróis blueseiros das décadas de 40 e 50.
No mais “Modern Times” traz apenas belas baladas folk, com pitadas de jazz e blues, com Dylan deixando seu sarcasmo espalhado pelo caminho, encoberto com uma certa melancolia. Como em “Spirit on The Water” que os contornos de jazz, abrem caminhos para reflexões obscuras do cantor, trabalhando em cima de pesadelos.
“When The Deal Goes Down” evoca a razão de se estar aqui vivendo e “Beyond The Horizon”, chega um pouco mais romântica e habitual. Os grandes destaques do disco ficam com “Working Man´s Blues #2”, continuação da original em que se destaca a corrupção das nossas individualidades e desejos perante toda a rotina dos dias atuais e a sombria “Ain´t Talkin” com versos como “...não há nenhum altar nessa estrada longa e solitária...”.
Dylan é eterno. E caso você não acredite nisso, simplesmente não ouça o disco e parta atrás das (boas) novidades como Radio 4, Dirty Pretty Things, Racounters e outras tantas efemeridades quase sempre passageiras (e que divertem nessas passagens).
Mas caso você tenha um pouquinho de bom senso nesse seu coração, escute “Modern Times” e se encante com toda a magia de alguém que para a música é como se fosse um Deus e que consegue depois de tantos anos, lançar um disco que faz pensar e emociona, ainda conseguindo soar relevante e atual.
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
"Os Infiltrados" - Martin Scorsese - 2006
Martin Scorsese é um dos poucos gênios da histórias do cinema que ainda estão vivos e produzindo. Desde os idos dos clássicos “Táxi Driver” e “Touro Indomável”, até seu último e injustiçado “O Aviador”, Scorsese é sempre relevante, focando a psique humana na violência e sobrevivência dentro de um mundo adverso ao dos personagens.
No seu novo filme “Os Infiltrados (The Departed)”, o diretor volta para o universo que se sente bem, deixando de lado os (bons) épicos do passado recente e mergulhando sua câmera de novo em meio à sordidez, traição e relações supra sociais do universo dos gangstêres que já havia abordado brilhantemente em “Os Bons Companheiros” e “Cassino”.
Na sua mais nova parceria com Leonardo DiCaprio, o clima todo leva a crer em uma reabilitação necessária ao seu trabalho apesar das últimas criticas recebidas, algumas até sem grande valia. A cidade deixa de ser Nova York e se transforma em Boston, onde o chefe do crime é um irlandês (interpretado pelo sempre magistral Jack Nicholson) que passeia ilegalmente entre a policia local e o FBI.
No seu universo próprio e repleto de idiossincrasias (leia-se drogas, violência e sexo) o chefão infiltra dentro da policia um agente seu (Matt Damon) para servir de suporte as suas transações, mas no entanto também tem dentro da sua “corporação” um agente infiltrado da policia (DiCaprio), que tenta desmascara-lo e prende-lo. Os dois personagens tem nas suas ambivalências, quase a formação de um carater único que se completa no decorrer do longa.
Com um elenco de apoio com nomes como Martin Sheen, Alec Baldwin (brilhante como coadjuvante) e Mark Whalberg (que sim, consegue trabalhar bem), o diretor recria a história que já fora filmada em 2002 em Hong Kong pela dupla Andrew Lau e Alan Mak, com uma competência peculiar.
Scorsese volta em grande estilo, dirigindo um dos grandes filmes do ano até agora, trabalhando mais uma vez naquilo que faz melhor, retratando toda a solidão que é própria do ser humano e que acaba por ficar na maioria das vezes encoberta no meio de tudo. E convence muito bem. Mais uma vez.
quarta-feira, 15 de novembro de 2006
Eskobar - Eskobar (2006)
Daniel Bellqvist nos vocais, Frederik Zall nas guitarras e Robert Birming na bateria começaram sua história musical por volta de 1996 em Estocolmo na Suécia e já tem quatro álbuns na bagagem, contando o ótimo “There´s Only Now” de 2001, que ganha um adversário de respeito com o belíssimo “Eskobar”, lançado este ano.
O Eskobar parte do principio que os sentimentos são parte fundamentais da vida de cada um e destilam entre baladas e folks-rock, letras abduzidas por melodias belíssimas convertendo-se em riquezas pop no sentido mais literal da palavra.
Canções como “Persona Gone Missing” e “Whatever This Town” são canções pop de mão cheia, a nostalgia abre o disco com “The Art of Letting Go” e fecha com a singular nobreza de “Champagne”, passando ainda por faixas como “Immortality” e “Be Your Side”.
Fugindo do eixo EUA, Canadá e Grã Bretanha, a Suécia nos mostra uma banda no auge do seu poder criativo que converteu todas suas influências anteriores em um trabalho único que não mexerá praticamente em nenhum aspecto da sua vida, mas proporcionará momentos de rara alegria ao seu coração e mente.
Site Oficial: http://www.eskobar.com/
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
"The Great Eastern" - James Dean Bradfield - 2006
O Manic Street Preachers sempre convenceu com sua mistura de hard rock, punk e britpop inglês no decorrer dos anos 90, lançando belos discos como “Holy Bible” de 1994 e “This is My Truth Tell me Yours” de 1998. A banda inglesa que já possui alguns bons anos de estrada deu uma parada ano passado e deve voltar ano que vem sem maiores surpresas.
Nesse intervalo, seu vocalista James Dean Bradfield, colocou no mercado um grande disco, sem sombra de dúvida um dos melhores do ano, atestando que é possível que um projeto solo tenha qualidade igual ou em alguns casos até maior que a sua própria banda, sem precisar de arremedos sonoros típicos, mesmo que em determinados casos sejam recorrentes.
“The Great Eastern” lançado em julho e que há tempos vem habitando meus prediletos sonoros é simplesmente fantástico. Típico disco que te conquista na primeira faixa, faz você retornar e vai se mostrando melhor a cada momento, não tendo nenhuma canção em que você use a função de passar. “The Great Eastern” reúne os bons momentos dos Manics a uma beleza melódica que James Dean passa a usar atraves de seus violões e teclados.
Desde a música de abertura “There´s no Way to Tell a Lie”, com suas batidas, palmas e refrão ganchudo até o fechamento com os violões de “Which Way to Kyffin”, tudo convence. O músico tocou todos os instrumentos, com exceção da bateria que ficou a cargo do seu primo Sean Moore (também do Manics) e do Super Furry Animals, Daf Leuan.
Se o mundo fosse perfeito, canções como “Emigré”, “Run Romeo Run”, “Bad Boys and Painkillers” ou “Say Hello to The Pope” (a melhor canção do ano para este que escreve) estariam tocando em rádios, mtv e anúncios publicitarios. É rock, abençoado como pop, para ser devorada pelas massas ou dentro de um mp3 player no trânsito da cidade.
Tudo fecha. As guitarras bem dosadas, o vocal (sempre considerei o cara um dos melhores dos 90), os backing vocals perfeitos, entrando na hora certa e grudando na memória, as letras ora confessionais, ora sarcásticas. Tudo.
Um disco que merece ser apreciado e divulgado entre os amigos como uma das melhores coisas que aconteceram no ano, independente do que estes vão te falar, não dê ouvidos a eles, apenas ouça “The Great Eastern”.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
"Ladrão de Sonhos" - Jeunet & Caro - 1995
Existem parcerias que nunca se esgotam e sempre produzem algo de relevância, seja qual for a esfera cultural em que estiver inserida. Dentro do cinema, um desses casos são os diretores franceses Jean Pierre Jeunet e Marc Caro.
Uma dupla que em 1991 produziu “Delicatessen”, um tiro na goela, esbanjando humor negro, critica social e muita vitalidade. Em 1995, os dois se reuniram novamente para trabalhar em algo um pouco diferente, uma aventura repleta de efeitos especiais e contando uma historinha de ninar, às avessas, remexida ao bel prazer da voracidade das referências arremesadas pela dupla, com um aspecto visual interessantíssimo.Assim nascia “Lá Cite Dus Enfantes Perdus” que aqui acabou como “Ladrão de Sonhos”.
A anti fábula conta a historia de Krank, que envelhece tristemente em sua torre embrulhada no meio do mar, porque não consegue sonhar, para tanto, desenvolve um plano diabólico de roubar os sonhos de crianças, não obstante precisa bastante delas. Quando sua fantástica corja, composta de clones de um cientista maluco fazem o seqüestro de Denree, seu irmão, One, um antigo caçador de baleias (interpretado por Ron Perlman de “Hellboy”) sai em busca do seu salvamento.
Meio sem jeito, One se envolve entre crianças que atuam numa gangue de ladrões a comando de uma dupla assustadora, principalmente com a menina Miette, que o ajuda na sua jornada e de onde nasce um mezzo romance de torcer o nariz dos mais conservadores.
Uma jornada avassaladora com um visual arrebatador, contada por personagens fantásticos, fazem desse conto de fadas travestido um belo entretenimento para quem gosta do gênero fantasia e acrescentou mais pontos positivos na conta da dupla “Jeunet and Caro”.
Procure na sua locadora e se delicie.
Uma dupla que em 1991 produziu “Delicatessen”, um tiro na goela, esbanjando humor negro, critica social e muita vitalidade. Em 1995, os dois se reuniram novamente para trabalhar em algo um pouco diferente, uma aventura repleta de efeitos especiais e contando uma historinha de ninar, às avessas, remexida ao bel prazer da voracidade das referências arremesadas pela dupla, com um aspecto visual interessantíssimo.Assim nascia “Lá Cite Dus Enfantes Perdus” que aqui acabou como “Ladrão de Sonhos”.
A anti fábula conta a historia de Krank, que envelhece tristemente em sua torre embrulhada no meio do mar, porque não consegue sonhar, para tanto, desenvolve um plano diabólico de roubar os sonhos de crianças, não obstante precisa bastante delas. Quando sua fantástica corja, composta de clones de um cientista maluco fazem o seqüestro de Denree, seu irmão, One, um antigo caçador de baleias (interpretado por Ron Perlman de “Hellboy”) sai em busca do seu salvamento.
Meio sem jeito, One se envolve entre crianças que atuam numa gangue de ladrões a comando de uma dupla assustadora, principalmente com a menina Miette, que o ajuda na sua jornada e de onde nasce um mezzo romance de torcer o nariz dos mais conservadores.
Uma jornada avassaladora com um visual arrebatador, contada por personagens fantásticos, fazem desse conto de fadas travestido um belo entretenimento para quem gosta do gênero fantasia e acrescentou mais pontos positivos na conta da dupla “Jeunet and Caro”.
Procure na sua locadora e se delicie.
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