O dinamarquês Lars Von Trier é um grande cineasta, daqueles que qualquer trabalho chama a atenção, levando a discussões (positivas ou negativas, mas sem passar despercebido) desde que apareceu completamente ao mundo com o filme “Dançando no Escuro” de 2000. Um dos fundadores do movimento “Dogma 95”, que insiste em um cinema mais simples e natural, no entanto com muita criatividade. Em 2003, o diretor iniciou sua trilogia denominada “EUA – Terra das Oportunidades” com o filme “Dogville”, que surpreendeu com sua abordagem cética e cínica dos americanos, dentro de uma concepção diretiva quase teatral, passando inclusive pelos cenários, ou a falta deles se preferir. Ano passado, a saga de Grace (agora interpretada por Bryce Dallas Howard de “A Vila” no lugar que era de Nicole Kidman) continua em “Manderlay”, ambientado em uma cidade sulista que recebe a visita desta e de seu pai (Willem Dafoe) com seus gangstêres a procura de novos horizontes. “Manderlay” é uma fazendo que ainda continua mantendo a escravidão dos negros em 1933, mesmo depois da abolição tempos atrás. Mais uma vez Grace ao enxergar que as coisas estão erradas na sua visão, começa a fazer parte dessa intricada relação entre patrões e empregados que parece ser bem mais complicada do que o seu sentido de certo indicava. Von Trier consegue melhorar bastante sua receita cinematográfica, dirigindo seu elenco em atuações soberbas como a de Bryce Dallas Howard e singelamente Danny Glover como Wilhelm, o mais velho dos escravos e que no decorrer do filme demonstra ser uma ótima surpresa. Com um enredo bem arrumado, a receita de crítica social envolta a papéis bonitos e laços de presente, esbanja cinismo e um falso conformismo. Um tema sempre atual como o do racismo que tem raízes tão profundas quanto mal cheirosas nos USA, a terra que abre chance a todos, mas ao mesmo tempo caça aqueles que formam sua nação. Parafraseando um epílogo do clássico “V de Vingança” de Alan Moore, “Manderlay” é para aqueles que não desligam a tv quando o noticiário começa e continua achando que tudo é como acha que devia ser. Agora é esperar o final da trilogia marcada para o ano que vem com “Wasington” e se deliciar com a mais recente obra prima do diretor.
Um comentário:
A-há, eu não te disse? =D
Lindo, lindo. Necessário também. Eu adorei, pena que só o assisti uma vez ainda, mas não decepcionou (e olhe que as expectativas eram enormes). Ficamos no aguardo para "Wasington".
Beijinhos menininho ;)
*Tenho que confessar que sempre saio com inveja do Lars Von Trier dos cinemas, é fato.
Postar um comentário