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Edward Bunker talvez seja o escritor em atividade que retrate de forma mais realista o universo do submundo do crime. Grande parte disso deve-se ao fato do autor ter vivido um bom tempo encarcerado em prisões nos USA, o que lhe adiciona um conhecimento de causa e tanto.
Em “Cão Come Cão” lançado ano passado pela Editora Barracuda, o autor apresenta uma Califórnia oitentista envolvida na lama e na sordidez dos desajustados da sociedade, abordando a constante briga pelo poder, assim como a corrupção e o envolvimento das prisões na formação de indivíduos.
Os personagens da trama são Troy Cameron, Diesel Carson e Mad Dog Mccain que começaram sua vida pelo outro lado da vida desde cedo, conhecendo-se em reformatórios e alongando sua amizade para parcerias futuras.
A grande vantagem da literatura de Bunker é que nela não há endeusamentos. Não tem espaço para heróis, nem mocinhos. Não há apologia a nada, apesar de algumas idéias dos personagens serem bastante incisivas, isso é feito para que a história possa se desenvolver. Ao invés de autores que glamorizam o mundo do crime, Edward Bunker apenas relata seus atos.
No livro os personagens se envolvem em um mundo de traição, briga por poder, dando literalmente margem para o título. Bunker retrata um mundo de pessoas que não tem visão para nada além de seus desejos, buscando os mesmos com determinação, sendo capazes de tudo para tanto.
Bunker, que tem como um dos seus maiores fãs o diretor Quentin Tarantino, no qual trabalhou como ator em seu primeiro filme, “Cães de Aluguel”, fazendo o Mr. Blue, arremessa seu universo na mesma direção que o diretor ambienta seus filmes, corroborando em muito para a criação básica do sistema Tarantino.
Dentro do que faz, Bunker ainda é o melhor e sua literatura sempre é bem vinda.
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