quinta-feira, 31 de agosto de 2006
Se Rasgum no Rock - 01,02 e 03 de Setembro (Tá chegando... se liga!!)
terça-feira, 29 de agosto de 2006
"Antiquarta" - Antiquarta
“Eu já sei onde estou, estou voltando para o seu coração, estou chegando...” são os versos do refrão da música “Estou Chegando” da banda recifense Antiquarta que tem seu primeiro EP (com o mesmo nome) lançado pela revista MP3 Magazine. Baixe diretamente do site da revista, clicando aqui. A música que abre o EP é de uma delicadeza pop acima da média, sucesso fácil se não fosse o corporativismo da nossa música. Gravado com muita dificuldade na estúdio caseiro de um amigo, em meio a trabalho de parto da vocalista Lorena Raia no meio do processo, sendo ela a responsável pela maioria das canções. A banda tem também as guitarras de Renxon Lapa e Pedro Guedes, deixando a cozinha por conta de Niko de Oliveira no Baixo e Sóstenes Barros na bateria. Com um pé no powerpop e outro no indie, a banda fez um EP de estréia que merece ser ouvido. Boas músicas, com letras inteligentes, guitarras bem utilizadas e um vocal bem definido fazem do Antiquarta uma boa aposta. Às vezes a banda se perde nas próprias influências, mas isso se arranja com o tempo e a experiência. Precisa acertar melhor principalmente as baladas, casos de “Tudo vai dar Certo” e “Vai Guardar” Nada que vá mudar o mundo, mas uma boa banda que merece ficar ali no seu som para ser sacado de vez em quando, enquanto espera-se algo novo pela frente. Para iniciar vá direto na já citada “Estou Chegando” e em “Vida, Luz e Som”. Vai lá.
domingo, 27 de agosto de 2006
"Complicado" - Astar
“Complicado” é o nome do primeiro EP da banda Astar de Recife/PE e se encontra disponivel para download no site do Recife Rock e da Trama Virtual. Formada há pouco mais de quatro anos por Ju Orange (Vocais), Eduardo Padrão (Guitarras), Claúdio Magalhães (Baixo), Manuel Cunha (Bateria) e Felipe Chagas (Teclados), a banda alça seu primeiro vôo. O nome saiu de uma conversa de bar sobre UFOs, na qual um amigo contou da existência de uma fita do Led Zeppelin datada de 1989, na qual teriam informações psicografadas inclusive. Sinistro não? Mas o som é bem agradavel, ainda falta uma maior consistência para a banda em termos de produção, mas o primeiro trabalho sugere boa coisa. Ambientado no pop rock, lembrando os bons tempos da Penélope e um pouco o Suzana Flag, pelo estilo e vocal da Ju Orange. O EP conta com quatro músicas, contando casos do cotidiano e amor. Pop de qualidade. “Contagem Regressiva” é a melhor do disco com um punch que remete a “Song 2” do Blur. “Sem Tempo” e “Rotina” tambem tem uma boa pegada, letras juvenis bem legais e mantêm uma certa unidade. “Complicado” não segue a mesma trilha, mas não (desculpem a infãmia) complica. Bom trabalho, de quem dá para esperar coisas bem mais interessantes pela frente. Enquanto isso, coloque o EP no som e deixe rolar bem alto, balançado a cabeça de um lado para o outro, curtindo desprentesiosamente o som. No site da banda http://www.astarmusic.com.br tem outras músicas para download. Vai lá.
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
"Rather Ripped" - Sonic Youth
O tempo é senhor no que tange a mudanças, separações, novos casos, retornos e coisas do tipo. No caso da música não é diferente. Manter-se junto e fazendo um trabalho de qualidade por 20,25 anos não é para qualquer um, sendo que até mesmo essas mudanças raramente não chegam a acontecer drasticamente, como no caso da banda nova iorquina Sonic Youth. A banda que cultivou gerações de fãs influenciou meio mundo das bandas que por aí estão e continua fazendo do seu trabalho algo em que se olhe sempre com admiração, apesar de às vezes não concordar com o resultado final. Passaram-se os tempos da juventude, do experimentalismo sem concepções e das distorções baratas. Tudo passa. Passaram os tempos de “Evol (1986)” e “Sister (1987)”, clássicos dos 80. Passou também “Daydream Nation” de 1988, que ao lado de “Document” do R.E.M e “Warehouse: Songs And Stories” do Husker Du, pavimentou muita coisa do que se convencionou chamar de alternativo, underground, indie. Passou o tempo da dobradinha “Goo (1990)” e “Dirty (1992)”, dois discaços que mostraram o som da banda a uma geração que ainda não os conhecia, ensinando despretensiosamente como aliar melodia e barulho no mesmo lugar, como deixar os dois caminharem lado a lado de forma tão espetacular. Passou o tempo de provavelmente seu único hit, a canção “100%”. Nesse tempo todo, no entanto, o Sonic Youth não passou e continuou fazendo da sua música, objeto de honestidade e criatividade dentro da música pop. Depois de “Dirty” o Sonic Youth lançou apenas álbuns medianos como “Sonic Nurse (2004)”, ou totalmente difíceis como “Experimental, Jet Set, Trash And No Star (1994). A banda que nunca apostou no mainstrem, continuou fazendo seus discos, sem se vender a ninguém e mantendo a lealdade dos fãs com boas canções, mesmo que mais ou menos sempre tudo meio parecido e igual, mas não menos sincero (alguém pensou nos Ramones?). “Rather Ripped” (algo como “preferencialmente bêbado”) o novo disco da banda lançado há dois meses atrás vem para dar chacoalhada nesse cenário, sacudir a poeira e colocar na praça novamente um grande álbum. Se não tem o peso e influência de obras anteriores “Rather Ripped” figura tranqüilo num Top 5, o que no caso do Sonic Youth é muita coisa. Já de entrada temos a mezzo pop “Reena” e “Incinerate”, com um riff de guitarra lembrando os tempos de “Daydream Nation”, tendo o característico vocal de Thurston Moore. Em seguida vem “Do You Believe in Rapture”, uma quase balada, com o cinismo que sempre foi peculiar às letras da banda, falando em segunda chance. O ataque retorna com ecos dos primeiros tempos em “Sleepin Around”, chegando mais rápida, com uma bateria rosnando ao fundo, mostrando que a cozinha de Kim Gordon (que retoma o baixo, dando aquele toque especial) e Steve Shelley continua precisa como sempre. Em “What a Waste”, Kim Gordon canta calcada em Velvet Undergroun em uma das melhores faixas do disco. “Jams Run Free” vem soturna, com vocal falado, meio sussurrado, cortesia da cozinha característica da banda. “Rats”, é única cantada pelo guitarrista Lee Ranaldo, mais oitentista impossível, mostrando uma linha de melodia até meio estranha para o Sonic Youth, incluindo inclusive violões, sempre com aquela microfonia de fundo. “Turquoise Boy” é outra boa canção, em quase sete minutos, temos uma narrativa meio quebrada, ambientada na literatura beat, com muitas viradas. Arrasadora. “Lights Out” chega seguindo o ritmo desacelerado, lenta, com uma guitarra solando e ditando o ritmo. Em “The Neutral” Kim volta ao cenário, dando pique novamente, com a bateria de Steve Shelley conjugando todo o sentimento vocal no seu compasso. “Pink Steam” e “Or” fecham o disco que ainda tem o bônus track de “Helen Lundenberg” como prêmio. Depois de tanto tempo sem lançar algo realmente fundamental, “Rather Ripped” vem cobrir essa lacuna e mostrar a uma nova geração de ouvintes toda a pegada pop, aliadas a distorções, microfonias e experimentalismo de uma das bandas mais importantes dos 80 ainda em ativa. Unindo recortes de várias fases da banda, o álbum soa como o “New Adventures in Hi-Fi” foi para o R.E.M, sem grandes pretensões, mas um grande disco de rock n´roll.
domingo, 20 de agosto de 2006
Conspiração do Silêncio
O governo brasileiro sempre escondeu (e ainda esconde) muita coisa dos tempos do regime militar. Tempos de uma ditadura que dizimou liberdades individuais, censurou nossa cultura e matou milhares de cidadãos contrários as suas idéias, deixando seus corpos apodrecerem embaixo de um chão qualquer sem explicações nem para a família. “Araguaya - Conspiração do Silêncio” filme rodado em 2004, com alguns prêmios no currículo, mas que só agora chega ao circuito comercial, conta uma dessas “coisas”. O primeiro filme do diretor Ronaldo Duque conta a história da Guerrilha do Araguaia que aconteceu no final dos anos 60 e inicio dos 70 no sul do Pará e permanece sem maiores informações até hoje. O diretor fez uma extensa pesquisa sobre o tema, tentando contar da forma mais honesta possível essa guerrilha no meio da mata, feita por jovens estudantes que efetivamente demorou três anos e levou mais de 10.000 soldados no seu encalço pelas matas da Amazônia. O filme mostra o movimento através de personagens fictícios, mas baseados em fatos reais, incluindo no decorrer do longa os envolvidos na época como o ex-presidente do PT José Genoino, que colabora com seu depoimento. Narrado pelo personagem Padre Chico (Stephane Brodt), um missionário francês que desde a década de 60 se encontrava na reunião, o filme mostra todo o envolvimento de jovens inexperientes, mas dispostos a irem longe para ter um país livre com uma população que vive de forma simples e dentro de um limite de miséria bem expressivo. Com nomes fortes no elenco como Northon Nascimento (Osvaldão), Françoise Forton (Dora), Danton Mello (Carlos), Fernanda Maiorano (e sua excelente Tininha), Cacá Amaral (Carlos), entre atores locais, o diretor consegue extrair um ótimo resultado. As locações foram realizadas na cidade de Marituba, que fica a alguns poucos quilômetros da capital do Pará, a cidade de Belém, o que ajudou bastante na boa fotografia do filme. O que mais impressiona é saber que tão pouca coisa mudou na área, na época a briga por terra se intensificava com a abertura da Transamazônica, grileiros, mateiros e posseiros tomavam terras dos ribeirinhos (moradores da região) na força, para seu usufruto ou de fazendeiros, políticos e militares. Mais de 30 anos depois isso continua acontecendo, os conflitos por terra produzem mortes a cada ano no estado e o prometido desenvolvimento da região não aconteceu, grande parte da Rodovia Transamazônica ainda é um imenso caos. Outro bom lado do filme é perceber que toda a briga contra um regime autoritário ter sido tão intensa e parte das pessoas envolvidas nessa luta, depois de terem chegado ao poder, se envolveram com tanta lama, sujeita e corrupção, como é o caso de José Genoino, por exemplo, tendo em vista todos os escândalos do Governo Lula. O poder realmente corrompe. A ditadura brasileira usou e abusou do país e até hoje esconde seus mortos sem que a imprensa faça muito alarde para a busca de culpados e punições para os envolvidos, preferindo dar mais atenção as ditaduras vizinhas do que voltar os olhos para o próprio umbigo, retrato de um país onde o “coronelismo” ainda não foi extinto e se encontra disfarçado entre políticos, empresários e militares do país. Ronaldo Duque além de dirigir um bom filme, com uma direção precisa, ótimas atuações e uma parte técnica bem resolvida, coloca os cinco dedos em uma ferida que queremos tirar da nossa memória, elaborando assim um retrato de valor histórico primordial e uma pequena homenagem a todos aqueles que até hoje ainda estão desaparecidos, só por acreditarem que podiam viver de forma mais digna.
quinta-feira, 17 de agosto de 2006
1932 - Pullovers
Muitas bandas sempre esbarraram em cantar em português, preferindo mostrar suas idéias e sonoridade com letras em inglês. O Pullovers, banda paulistana formada hoje por Lorenzetti (Teclados), Bernardi (Guitarra e Voz), Hirata (Bateria), Aiello (Guitarra e Voz) e Francese (Baixo) decidiram cruzar essa fronteira na maioria das vezes tão dificil com um resultado bem convincente. O Pullovers nasceu em 1999 em São Paulo, meio esquisitões, fazendo um rock calcado na sonoridade inglesa do britpop e no alternativo de bandas como Velvet Underground e Love. Depois de três discos lançados em inglês, a banda mudou sua estrutura, integrantes e lançou o EP "1932" este ano. Baixe aqui. Cantando em português a banda continua usando das mesmas influências para construir um universo sonoro onde o amor não tem vencimento, o amor não sugere, o amor apenas enobrece, mesmo quando “não tem vista para o mar...”. Todas as canções são de amor para o Pullovers, desde um parco relacionamento ou uma neutra admiração. A banda ainda disponibilizou no site da Trama a excelente “Futebol de Oculos”, uma espécie de hino para os nerds que não se acostumam ao futebol, paixão mor do país, ou que simplesmente são julgados do seu amor pelo esporte por o seu estilo. Simplesmente fantástica. O Pullovers demonstra uma grande alavancada, com canções com um apelo pop irresistível.
E que venha mais pela frente.
segunda-feira, 14 de agosto de 2006
"Eyes Open" - Snow Patrol
sábado, 12 de agosto de 2006
"Músicas que caem em pé e correm deitadas" - Bazar Pamplona
terça-feira, 1 de agosto de 2006
“Uma Longa Queda (A Long Way Down)” - Nick Hornby
Esse é o universo do novo livro do cultuado escritor inglês Nick Hornby (de “Alta Fidelidade”, “Como ser Legal”, “Um Grande Garoto”, etc.), lançado neste ano por aqui pela Rocco. “Uma Longa Queda (A Long Way Down)” é um livro um pouco diferente do autor de clássicos da literatura pop nos últimos tempos. Desta vez o universo principal trabalhado é o da depressão, seja ela por quais motivos estejam presentes na vida de cada um.
Uma história em que há uma volta por cima, mas sempre de maneira não tão feliz e muito mais casual e real. Um livro bem pra baixo em alguns instantes, mas com a veia pop e o humor cínico que consagraram o autor.
No livro narrado em primeira pessoa, conhecemos Martin Sharp um apresentador de programas diurnos de TV que depois de transar com uma menina de 15 anos e acabar preso (entre outras coisas), vê tudo ao seu lado desmoronar. Maureen é uma senhora de 51 anos que passou os últimos 19 cuidando do seu filho que leva uma sub-vida, praticamente vegetando. Jess é uma típica adolescente dos dias de hoje, com suas idéias de revolta sem causa, antenada com as novas mídias, mas extremamente carente e com algum trauma familiar.
Enquanto esses três estranhos se reúnem em cima do Topper´s House, tradicional edifício escolhido por suicidas em Londres e travam pequenas discussões, surge JJ um americano, com pose de rockstar, mas que na verdade perdeu sua banda, a mulher que amava e agora entrega pizzas. Por mais surreal que possa parecer um entregador de pizzas nessa hora, é saboreando elas que de alguma forma os quatro fazem um pacto.
Em determinadas passagens o livro é meio triste, principalmente quando mostra o lado do que a vida pode se tornar sendo monótona e chata ou quando demonstra a importância que coisas pequenas ganham no decorrer do dia, colaborando para toda essa tristeza e raiva de viver. Lógico que isso é pontuado e amenizado com os grandes diálogos e com doses enormes de sarcasmo entre os personagens.
“Uma Longa Queda (A Long Way Down)” não é o melhor livro de Nick Hornby, mas com certeza vale o investimento e a leitura, sendo um passo a frente no universo de temas abordados e mostrando uma nova forma de trabalhar dentro da sua literatura. No mais, é bom ler para pensar um pouco sobre a vida que se está levando, nossas decisões e o caminho que estamos tomando. Além de dar boas risadas.