Consciente ou inconscientemente sempre buscamos no decorrer das nossas vidas consertar alguma atitude do passado ou no mínimo pensamos em como seria “se” (o maldito “se”) tivessemos feito diferente. Nesse tipo de eventos que marcam nossa caminhada e são lembrados de tempos em tempos, o passado se torna algo frequente, meio obsessivo em determinados casos, em busca de uma redenção, perdão ou amor perdido. “Mãos de Cavalo”, terceiro livro do escrito gaúcho Daniel Galera, primeiro pela Companhia das Letras lançado neste ano, tenta abordar esse tema de uma forma mais concreta, baseada mais em atitudes do que nas premissas de seus personagens. A narrativa em terceira pessoa tem ritmo forte, acelerado e convence muito bem. O livro entrelaça a formação de Hermano contando sua história entre dois momentos de sua vida: Primeiro na fase dos 10 aos 15 anos, onde é um adolescente que busca conhecer o mundo do seu jeito aliado a todas as descobertas inerentes a essa época, sejam elas de busca de carater ou descobertas sexuais, sempre tendo como pano de fundo uma violência explícita ao personagem que o torna bastante estranho, por assim dizer. No segunda narrativa Hermano já aparece com algo em torno de 30 anos (o autor tem 27, o que colabora bastante com sua intimidade dos fatos), médico de sucesso, em crescente ascensão, mas vivendo como o próprio autor define “no piloto automático”, principalmente no que tange ao seu casamento e sua vida social. A partir do momento que as duas histórias paralelas começam a se encontrar, o autor mostra de forma competente a formação do carater de uma pessoa diante de todas as coisas que a vida arremesa em sua frente. O único senão fica por conta da preocupação em definir determinadas passagens com demasiada inserção de detalhes, que quebram um pouco o ritmo, mas não atrapalham o resultado final. Uma boa surpresa que merece ser apreciada. Recomendamos.
sábado, 22 de julho de 2006
Mãos de Cavalo - Daniel Galera
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