“Match Point” (Ponto Final) o novo filme de Woody Allen é como todos vem falando o mais diferente do diretor nos últimos anos. Isso é bom ou ruim? Por um lado há acertos, mas também há muitos deslizes nessa nova trama do mestre do cotidiano, do dia a dia. O diretor dessa vez saiu de cena, dando lugar ao competente Jonathan Rhys-Meyers e a bela e sexy (e não menos competente) Scarlett Johansson, como atores principais. Em vez da amada Nova York entrou a neblina de Londres, onde Allen coloca seu olhar sarcástico e americano expondo de maneira inteligente as peculiaridades da cidade. Deixando um pouco de lado suas comédias de costumes, o diretor cria um suspense situado dentro da aristocracia britânica, explorando bem suas idiossincrasias e fragilidades dentro da sua suposta auto-identificação. No filme, Jonathan (Chris Wilton),é um tenista irlandês fracassado que dando aula em um clube da alta sociedade acaba se envolvendo com Chole (Emily Mortimer), irmã de um aluno milionário Tom Heweet (Matthew Goode). Em uma festa na casa de Heweet, Chris fica fascinado de desejo pela bela Nola (Scarlett) que descobre ser noiva do dono da casa. Allen começa a explorar um de seus caminhos prediletos que é o campo dos amores proibidos nesse momento. Contando com atuações seguras do elenco, piadas cortantes e a criação de um clima de suspense, Allen faz um universo bem diferente do acostumado culminando em seus finais quase ou diferentemente felizes. A critica em geral gostou muito do filme, e realmente as atuações, a direção, e esse digamos novo passo inesperado do diretor são de se vangloriar. Infelizmente a história é fraca. Quando trata dos relacionamentos, da “luta de classes”, os acertos são costumeiros, mas quando vai para o lado do suspense, da resolução e definição do filme, o deslize é feio, não há nada demais, as questões viram banais e as respostas aparecem na tela. Vale a pena assistir, pois o filme é bom, mas muito longe de ser tudo isso que a critica “especializada” vem falando. Da para ver a atuação estonteante da Scarlett Johansson, assim como se deliciar com as questões levantadas por Allen. Mas no final das contas, é como se os Ramones gravassem um disco de Blues.
domingo, 26 de março de 2006
quarta-feira, 22 de março de 2006
Crise de Identidade
Lançada nos USA na temporada 2004/2005, a série “Crise de Identidade”, desembarcou aqui em 2005 tendo sido dividida em 7 partes que acabaram neste mês último. Com o intuito de comemorar os 70 anos do Universo DC a história chegou em patamares de importância próximos do clássico “Crise nas Infinitas Terras”, mesmo abrangendo no seu aspecto macro, assuntos completamente dispares. Para tanto, foi convocado o escritor Brad Meltzer para desenvolver o roteiro, ficando os desenhos a cargo de Rags Morales e a arte final com Michael Bair. A intenção era dar uma mexida no mundo DC e nos seus principais heróis, mostrando a fragilidade de todos perante a sua própria vida e suas identidades, preparando a casa para o que parece ser o grande evento DC dos últimos tempos, “Crise Infinita”. O roteiro produzido por Brad Meltzer foi simplesmente fantástico, envolvendo suspense e revelações, quase sem gafes ao universo DC e privilegiando a ordem cronológica dos fatos, culminando nos ótimos desenhos que transportaram uma realidade muito grande ao material. Sempre que o roteiro atende a esses requisitos, o caminho da qualidade se abre com maior facilidade. A historia começa com a morte de uma conhecida personagem (Sue Dibny, mulher de Ralph Dibny, vulgo Homem Elástico) e seu enterro. Para descobrirem o assassino vários heróis se reúnem e vão atrás de possíveis suspeitos. Enquanto isso, Arqueiro Verde, Canário Negro, Gavião, Zathana, Elektron e o próprio Homem Elástico se reúnem e relembram uma historia de muito tempo atrás, que não honra a ninguém, mas que precisa ser conversada. Dentro desse contexto e da busca do assassino, monta-se dentro da Liga da Justiça um universo onde mentiras, traições e medo, estão presentes constantemente, fluindo entre os principais baluartes da liga. Na verdade a busca pelo assassino se mostra no decorrer da trama uma questão secundária, o fato principal a ser atacado é a fragilidade dos heróis no meio de um mundo repleto de informação, em que tem que preservar suas identidades, não por eles, mas para preservar suas famílias. Com várias reviravoltas e inúmeras revelações, “Crise de Identidade” acabou deixando todos os leitores de boca aberta que com certeza nunca mais verão seus heróis como Super-Homem e Batman entre tantos outros, com os mesmos olhos. A mudança não é para dentro da série, mas em tudo que acontecerá depois dela. Classe A.