Existem aqueles discos que você compra, passa um monte de tempo divulgando aos quatro ventos que se trata de uma banda que todos precisam descobrir, ninguém acredita em você, o disco não vende, a banda some e você automaticamente vai arrumando novas paixões musicais.
Depois de uma daquelas arrumações na cdteca para tirar o pó, eis que você o vê quase que dizendo “Você lembra de mim?”. Isso aconteceu essa semana com “Whenever You´re Read” da banda americana Flop. Lançado em 1993 pela EPIC, esse segundo trabalho (a banda acabou em 1995 depois de mais um registro) é uma obra prima do rock dos anos 90.
Entenda-se o momento. Estávamos em 1993, o Nirvana tinha bagunçado com a música mostrando depois de muito tempo que podia se fazer barulho com pop e alcançar milhões de discos vendidos, trazendo consigo todo o movimento do grunge e a trupe de Seatlle com bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Mudhoney, Alice In Chains e muitas outras. As gravadoras estavam correndo atrás do “novo” Nirvana a todo momento, a toda hora.
O Flop era dos arredores de Seatlle, existia desde 1989, já tinha produzido algumas músicas legais e foram contratados pela EPIC para o lançamento do segundo álbum. Nisso, Rusty Willoughby (vocalista e guitarrista responsável por 95% das músicas), Nate Johnson (Bateria), Bill Campell (Guitarra) e Paul Schurk (Baixo), embarcaram na idéia e lançaram o excelente “Whenever You´re Ready”.
Fugindo de tudo aquilo que se convencionou chamar de grunge, sua música ia mais para o lado do punk-pop do Husker Dü, com pitadas de powerpop, de bandas dos anos 60 e do som garageiro dos anos 70. Utilizavam muito bom humor (músicas com títulos como “A Popular Donkey”, “En Route To The Unified Field Theory" e “Z2 + C”), letras sarcásticas e certo humor negro, além de imbecialidades juvenis e comportamentos amorosos (o projeto gráfico meio nonsense do disco que o diga).
Seja pelo punk de “A. Wylie” (hit pessoal dessa época, constava em todas as minhas fitas, sim... fitas), pelo vocal distorcido e as palmas de “A Fixed Point”, o hard rock quebrado de “Night of The Hunter”, o punk-hardcore de “Eat”, ou a entrada circense que antecede o rock cru de “The Great Valediction”, tudo é puro deleite sonoro.
A banda podia ter conquistado o sucesso que nunca viu, canções de qualidade para isso não faltavam como “Port Angels”, onde um baixo de jazz salta para guitarras de um quase heavy metal, o pop puro e descartável de “Woolworth”, a mini ópera rock de “Parts I e II” ou a melancolia recheada de sarcasmo de “Regrets” onde Rusty canta “I have got a car/ I no have got a opinion/ I don´t have regrets baby/..../ I have got no friends...”
Mas como tantas outras acabou ficando no ostracismo, seus integrantes ainda continuaram a fazer música independente, nunca sem alcançar o brilho desse disco. Seja pelo baixo pulsante, riffs de guitarras e viradas de bateria ou pelas distorções, backing vocals e principalmente as melodias grudantes envolvidas na teia sonora. Disco dificil de ser achado, mas que vale muito a pena. Cometa um crime, mas escute. Pode confiar.
3 comentários:
Nunca ouvi falar antes e o Emule não acha. Esse só se me emprestares mesmo.
Beijinhos Drico
Eu tenho esse disco, e essa é a primeira vez que estou vendo alguem comentar sobre ele, valeu..
Discão, João Carlos, discão!
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