Chegou nas locadoras, o filme brasileiro “Quase Dois Irmãos” da diretora Lúcia Murat (de “Brava Gente Brasileira”) e com roteiro dela e de Paulo Lins. A trilha sonora ficou a cargo do grande Naná Vasconcelos e conta com um elenco muito bem entrosado. Um grande exemplo de como o nosso cinema vem sabendo usar o nosso passado para contar as suas histórias.
Nos dias atuais, Miguel (Werner Shunemman) é um senador da República que vai ao encontro de um antigo amigo, Jorginho (Antônio Pompeo) que é um poderoso traficante do Rio de Janeiro e que está preso, a fim de propor um projeto social nas favelas, que para tanto precisa de ajuda.
A partir daí a história é contada desde os anos 50, onde os dois ainda meninos se conhecem, apesar do pai de Miguel ser um jornalista de classe alta e o pai de Jorginho, um sambista (interpretado por um Luiz Melodia muito à vontade), desaguando nos anos 70, em pleno regime militar na penitenciária de Ilha Grande no Rio, onde a Lei de Segurança Nacional levava parte de seus presos, fossem eles políticos ou não, sendo que é nesse cenário que os dois amigos se reencontram, Miguel (Caco Ciocler), um idealista e Jorginho (o excelente Flávio Bauraqui).
Desse ponto em diante a diretora consegue traçar um parâmetro muito fiel da nossa realidade, com interpretações concisas e um roteiro bem amarrado, com boas tramas paralelas (como a da filha de Miguel que se envolve com um traficante e as brigas de poder no morro), interligadas entre si, constatando os caminhos que nos levaram mais ou menos para o buraco em que o país se encontra socialmente.
Premiadíssimo por aí fora, o filme ainda está repleto de bons sambas, como Luiz Melodia cantando “Quem me vê sorrindo” do mestre Cartola e Carlos Cachaça: “Quem me vê sorrindo/pensa que estou alegre/o meu sorriso é por consolação/porque sei conter pra ninguém ver/o pranto do meu coração...”. Muito bem sacado.
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