Oriundo de Minas Gerais, o Clube da Esquina foi um dos grandes movimentos musicais brasileiros, tendo sua importância no mesmo patamar da Bossa Nova e da Tropicália. Movimento que fundiu culturas, abriu horizontes, pavimentou ideologias e se fez relevante até os dias de hoje pelo mundo afora. Tudo começou mais ou menos pelos idos de 1963, quando um certo Milton Nascimento chegou da cidade de Três Pontas e foi morar em Belo Horizonte, no mesmo prédio que os irmãos Borges moravam. Fez amizade com Márcio Borges, seu parceiro de vida e de tantas canções e com o mais novo dos irmãos (eram doze ao todo), um garotinho de talento chamado Lô Borges. Os ensaios eram sempre realizados na casa dos Borges, moldando uma forte amizade que se tornaria fundamental e agregando ainda outros jovens músicos como Toninho Horta e Beto Guedes, que seriam mais ou menos o núcleo central do clube. Influenciados pela música negra, brasileira, jazz e principalmente pela mais recém descoberta, uma banda inglesa chamada The Beatles (conhecem?), moldaram um som único de uma beleza visceral. Milton se revelava como o grande músico do grupo que cada vez crescia mais, agregando nomes como Flavio Venturini, Ronaldo Bastos, Fernando Brant e Tavinho Moura. Eram tempos difíceis, a ditadura instalada no país depois do golpe de 1964, se ainda não era escancarada já anunciava seus primeiros sinais de repressão e de censura, esboçando todo o drama que a liberdade de expressão e a cidadania do país sofreriam do decorrer dos anos. No entanto, faltava a esse grupo ser batizado, essa reunião precisava ser identificada por um nome e eis que na esquina da Rua Divinópolis com a Rua Paraisópolis no bairro de Santa Teresa, em uma tarde bucólica, foi fundado o Clube da Esquina. Em 1972, entraram em estúdio juntos para gravar “Clube da Esquina”, que tinha na capa apenas um menino branco junto com um negro sentados na capa, já antecipando o que poderia se esperar. São desse álbum canções como “Tudo que você poderia ser” (Um anti-hino contra a ditadura), “O Trem azul”, “Um girassol da cor de seu cabelo” e “Nada será como antes”. Os músicos lançaram-se em carreiras solo, mas em 1978, Milton que já gozava de prestígio (vide “Travessia”) lançava o duplo “Clube da Esquina 2”, reunindo a velha turma e novos integrantes, com canções do porte de “Maria, Maria”, “Nascente” e “Tanto”. Por mais que o grupo nunca mais se reunisse totalmente, eles nunca deixaram de participar dos discos uns dos outros. O Clube da Esquina deixou um legado fundamental para a nossa música, um legado de criatividade e beleza, um legado de como se fazer boa música. Não é a toa que sua influência está evidente hoje em trabalhos de bandas do porte de Skank e Los Hermanos. Discos fundamentais: 1967- Travessia – Milton Nascimento. 1972- Clube da Esquina – Milton Nascimento, Lô Borges, entre outros. 1972- Lô Borges – Lô Borges. 1978- Clube da Esquina 2 – Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges, entre outros. 1978- Amor de Índio – Beto Guedes. Para maiores informações sobre o assunto é sempre bom ler o livro escrito pelo Márcio Borges, “Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”, que estava no olho do furacão, uma verdadeira aula de história, recheado de grandes e pitorescos momentos.
Ou acesse o site: http://www.museuclubedaesquina.org.br, onde existem informações mil.
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