Depois de anos, falando, especulando, o Capital Inicial finalmente lançou o tão prometido disco em homenagem ao Aborto Elétrico, banda que foi fundamental no ínicio do Rock de Brasília e que tinha os irmão Flávio e Fê Lemos do Capital e um jovem chamado Renato Russo, que depois criou a maior banda da história do Brasil, a Legião Urbana. O disco “MTV Especial Aborto Elétrico” ganhou o selo da emissora, o que indica uma chance de comercialização bem grande, o que na verdade encaro até de bom grado, pelo simples fato de poder se conhecer um pouco mais da história de um movimento que mudou nossa juventude e fundamentou um ídolo sem precedentes. Das dezoito músicas contidas no disco, apenas nove são realmente "novas", sendo que o problema reside basicamente nas regravações. As versões de “Tédio (com um T bem grande pra você” e "Fátima", até que são corretinhas, mas “Geração Coca-Cola”, “Que País é este?”, “Química” e “Conexão Amazônica”, não alcançam nem um décimo do poder que tinham com o vocal do Renato. Pobre Dinho, a intenção é muito boa, mas não dá para comparar. Até “Música Urbana” regravada pelo Capital, perde muito. A melhor parte fica por conta das digamos assim, “inéditas”. Destaques para a ótima “Heroína”, o refrãozinho bacana de “Love Song One”, “Baader Meinhof Blues No. 1", que nada tem a ver com a música que a Legião gravou, “Submissa”, mais punk impossível e “Construção Civil”, que a frase de inicio é mesma contida em “Riding Song” do disco póstumo da Legião, “Uma Outra Estação”, “...o que você vai ser quando você crescer”. Destaques maiores para a guitarra ao fundo, enquanto Dinho canta “Anúncios de Refrigerantes”, ou para os despejos verbais de “Despertar dos Mortos”, citando um mundo que existiu um dia. Grande virtude da maioria das canções é que mesmo hoje tanto tempo depois, percebe-se que pouca coisa mudou nesse nosso país infelizmente. Um disco que merece ser escutado por todos que viveram os anos 80 e sempre se interessaram por essa parte da história. O resultado poderia ter ficado bem melhor se tivesse mais um pouco de ousadia e a produção não tivesse ficado tão limpa, o que às vezes deixa o disco um pouco sem sal, mas mesmo assim vale a pena botar no cd player para rolar e voltar um pouco no tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário