Sinceramente eu não tava a fim de ver “King Kong”, sei lá, quando saísse em DVD, dava uma espiada, mas não tava com muito tesão de ir para o cinema conferir a nova refilmagem do Gorilão, que faz de tudo por um amor e que virou um ícone pop. Acho que clássicos não devem ser mexidos e na maioria das vezes o remake sai bem pior que o original. Ok, tá certo que dessa vez era um remake de responsa, pois ficou nas mãos do diretor Peter Jackson, o mesmo que mostrou ao mundo que pode se unir fantasia, bilheteria e arte quando contou a trilogia de um certo anel. Jackson sempre quis essa refilmagem, pois segundo ele, foi o original de 1933 que o levou a decidir fazer cinema. Ponto para ele então. Mas mesmo assim só fui ao cinema, pois tava perto e tava começando uma sessão. Jackson convidou uma grande equipe, colocou Naomi Watts de “21 Gramas” para viver a atriz e paixão de Kong, Ann Darrow, Adrien Brody de “O Pianista” como o roteirista Jack Driscoll e Jack Black de “Alta Fidelidade” no papel do insano e obcecado diretor Carl Denham que faz de tudo para se mandar para a Ilha da Caveira, gravar seu filme que é a última saída para seus consecutivos fracassos. Daí o resto da história acho que todo mundo sabe, eles encontram um mundo primitivo, brigam pra burro, Kong se apaixona por Ann, é aprisionado, levado para Nova York, onde termina o filme em cima do Empire State. Primeiro os méritos de Jackson. A paixão com que o filme se desenvolve realmente impressiona. Os efeitos especiais e a produção sonora estão impecáveis, nota 10 com louvor para a parte técnica. O Kong foi muito mais realista e fiel aos seus ancestrais símios por assim dizer. O filme se passa no mesmo ano do original, ou seja, em 1933, sendo que a reconstituição de época ficou exemplar, digna de parabéns. Até a grave depressão que o mundo vivia depois da Crise de 29 (lembram da aula de história?) está bem retratada, vinculando bem o desespero do período e até mesmo justificando alguns atos. As cenas de ação são muito mais bem feitas (é lógico também né!) e deixam o telespectador na melhor parte do filme, que é quando estão na selva descobrindo esse novo mundo, no meio de um triller de terror e suspense, regado a muita aventura. As locações também são até um pouco surreais, Jackson utilizou de novo sua amada Nova Zelândia, escolha que foi mais do acertada dentro do resultado final. Adrien Brody como uma espécie de anti-herói se saiu muito bem. Dito isso, vamos as inúmeras falhas da película do Sr. Jackson. Jack Black no papel de Carl Denham até que acerta às vezes, mas na maioria seus braços, gestos e sobrancelhas, não dão a dimensão necessária, sendo um caricato de si mesmo como nos piores momentos de Jim Carrey. Naomi Watts não convence com Ann Darrow, apesar de ser linda, não me parece ser o tipo de mulher que faria um gorilão perder a cabeça, sem contar o enredo que faz em determinado momento do filme parecer que ela quer levar Kong para casa, ter um monte de Kongzinhos e ser felizes para sempre, simplesmente não dá, a mulher ta um xarope só. A briga de Kong com os T. Rex é simplesmente fantástica, isso não dá para negar, agora que em certas horas ele parece o Neo de Matrix, ah, isso parece. O passeio que Kong faz com Ann em pleno gelo, dançando como em um balé é no mínimo, insuperável em termos de besteirol dentro dos últimos anos de cinema. A Ilha da Caveira parece uma mistura da cidade de Itu (onde tudo é grande) com A Fantástica Ilha do Dr. Moreau, onde toda desgraça pouca é bobagem, ficando até divertido de tão azarados que parecem os personagens. No mais, não se preocupem. Tem a cena do Empire State, Kong batendo no peito, nativos na Ilha da Caveira e tudo que se tem direito. Sinceramente? Essa refilmagem só vale mesmo para Peter Jackson satisfazer seu ego (e hoje ele pode) e encher mais a conta bancária dos envolvidos, pois a original apesar de tosca, continua essencial. Ah, vale ir para o cinema? Hum.....sei lá, vá lá, vá..
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