Quase não escrevo essa coluna, sei lá porquê, mas a verdade é que acho que o filme que quero comentar me atingiu de uma forma tão peculiar, que acabei por não querer escrever apenas algumas linhas mal traçadas. Já faz um tempo que assisti “Elizabethtown”(o “Tudo Acontece Em” é por conta dos cinemas brazucas) do diretor Cameron Crowe. Crowe fez filmes como “Jerry Maguire”, “Singles – Vida de Solteiro” e “Quase Famosos” e em seus longas já ficou instituído como marcas, a grande preocupação com a trilha sonora e a participação da música na vida das pessoas, além de seus romances que para terminarem no “felizes para sempre”, passam por situações até as vezes irreais. Há de considerar-se também a constante presença da derrota, do fracasso na vida dos seus personagens, e a suposta volta por cima. Dito isso, Crowe mantém a sua mão como autor em seu novo longa. Orlando Bloom (livre de espadas e armas de todo o tipo) é Drew Baylor, um cara que passou oito anos trabalhando em uma grande empresa no design de um super tênis, que na verdade se revela um grande fracasso, levando o seu nome ao ridículo e a empresa a quase falência. A única saída possível para sua vida (na sua concepção) seria o suicídio, que quando está para ser realizado é cortado por uma ligação da sua irmã, dizendo que seu pai faleceu e que ele tem que voltar a cidade natal, a distante “Elizabethtown” do título, para cuidar do enterro. Em sua viagem, Drew conhece uma divertida e falante aeromoça, Claire Colburn (a sempre competente Kirsten Dunst), que repassa a ele um mapa para a pequena cidade e também o seu telefone (lógico!). Ao chegar na cidade, Drew se vê agraciado por todos, que adoravam seu pai e que já está toda preparada para o enterro do mesmo. Dentre essa confusão danada, Drew liga para quem, para quem?? Claro. Liga para Claire e começa o romance do filme. Ao longo disso Crowe dispõe todo seu arsenal sonoro, que vai de U2 e Simple Minds, passando por Neil Diamond, Tom Petty e Ryan Adams. Trilha mais do que perfeita e plenamente recomendada. O diretor também expõe a tradicional cultura americana, através dos personagens da cidade, do casamento que acontecerá no hotel. Para Crowe tudo é motivo para uma boa tirada. Não pense que um filme é um melodrama danado, apesar de ter esses momentos. O romance transforma-se em um autêntico road-movie, traçando uma história de redenção, redescoberta e mudança de prioridades no mundo, que precisa sempre ser algo novo. É um filme em que o fracasso, se torna uma coisa cotidiana, na qual todos estamos induzidos a ter um dia, em que a solidão e a tristeza estão presentes, mas não muito distantes da alegria e da felicidade. Crowe não fez um filme que vá mudar o mundo, fez sim um longa capaz de fazer o telespectador pensar para onde está caminhando com sua vida, um filme com a marca “Cameron Crowe” de qualidade, o que é sempre relevante e vale bastante o ingresso.
2 comentários:
Quer falar comigo?
Então...
Voce nao havia respondido as minhs perguntas.
Mandei um email para voce. Desconsidere o primeiro.
Muito raro eu utilizar o msn... Mas vou aceitá-lo.
Eu vi o seu passado e fiquei impressionada com tantas coincidências: Los Hermanos, Capital Inicial, Biquini Cavadão, filmes... Entre tantas coisas que li outro dia e nao me lembro agora.
Postar um comentário