Falar algo sobre o escritor Rubem Fonseca, autor de livros como “Agosto”, “Lúcia McCartney” e “A Grande Arte” é sempre uma tarefa prazerosa. O mineiro, advogado, nascido em 1925 é um dos poucos grandes nomes da nossa literatura ainda vivos e com certeza um dos maiores contistas de todas as épocas.
Chega as livrarias nesse mês, sua nova incursão “Mandrake – A Bíblia e A Bengala”, lançado pela Companhia das Letras com 196 páginas. O autor lança mais uma aventura do seu histórico personagem, o detetive-advogado criminalista Mandrake (que vai ganhar uma série na HBO, com produção da Conspiração Filmes e tendo Marcos Palmeira no papel principal). O gênero policial que nunca foi de grande sucesso no Brasil, vem sendo explorado pela Companhia das Letras, com a publicação de títulos de novos autores, ajudando assim a esse gênero sair um pouco da marginalidade no nosso país e ganhar os leitores.
Neste novo episódio da vida de Mandrake, o mesmo continua sua boa vida, com mulheres, bebidas, charutos, com o mesmo sócio e ainda perturbando o delegado Raul. Entrelaçam-se duas histórias, na primeira precisa descobrir sobre o roubo de uma bíblia antiga e raríssima, na segunda Mandrake é acusado de assassinar um marido de uma de suas inúmeras amantes com uma bengala. Podemos atestar que Rubem Fonseca se repete a cada hora, uma espécie de Ramones da literatura policial brasileira, mas assim como a banda punk, o autor sempre diverte.
Suas marcas ainda estão lá, referências literárias diversas, os anões, a violência, a seca ironia, as mulheres, os personagens cultos e todas as artimanhas que sempre utilizou, mas ainda assim é bom. Pode soar datado, mofado, mas é bom. Evidente que é uma obra menor, menos cheia de criatividade e ímpeto, no entanto ainda possui charme suficiente para conquistar o leitor. Rubem Fonseca é o tipo de autor que não gosta muito de aparecer, prefere ficar meio que no isolamento do que nos holofotes (o que por si só já ganha pontos) e construiu ao longo da carreira, histórias fantásticas, contos eternos que inundaram a alma de pessoas e mais pessoas, com um universo totalmente surrealista, mas ao mesmo tempo tão cotidiano, influenciando gerações e gerações.
Apesar de ser mais do mesmo sim, um novo livro dele deve ser sempre tratado com festa, sem dúvida alguma.
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