Hoje falarei sobre um dos mestres da literatura mundial e seu novo livro “Memórias de minhas putas tristes” (nome que gerou controvérsias, mas que foi mantido o título na edição brasileira ainda bem), que já se tornou best-seller em boa parte do mundo. Estamos falando do colombiano ganhador do prêmio Nobel de 1982, Gabriel Garcia Márquez, que não lançava nenhum novo romance há mais de dez anos o último fora “Do amor e outros demônios” de 1994.
Neste intervalo, Garcia Márquez, produziu a primeira parte de sua autobiografia “Viver para Contar”, entre outras coisas. O escritor autor de obras primas como “Cem anos de solidão” (um dos meus livros preferidos até hoje) e “O amor nos tempos do Cólera”, volta com a habitual maestria nesse livro de rápida leitura, tanto pela prosa inteligente, quanto pelo seu próprio tamanho. Todas as habituais facetas estão lá presentes, a fantasia de um tempo que não volta mais, uma passagem pelo retrato de uma outra América do Sul, o sarcasmo indigente contra o comportamento e as autoridades e o maior de todos os seus temas, a solidão.
Narra-se a história de um velho (cujo nome não é revelado) que ao completar seus 90 anos decide dar a si próprio um presente inusitado, uma noite de amor com uma adolescente virgem, sendo que para tanto liga para uma velha amiga, a cafetina Rosa Cabarcas, a fim de que a mesma lhe proporcione o desejo. A partir disso, apesar de só ver a menina de 14 anos em seus primeiros momentos (que ele denomina de Delgadina como em uma canção), o velho se apaixona e passa a contrair pela primeira vez na sua vida, ciúmes, desconfianças, necessidade.
Logo se imagina o mundo do russo Vladimir Nabokov como seu “Lolita” ou de Thomas Mann e “Morte em Veneza”, sendo que a própria orelha do livro já explicita isso. A idéia é essa sim, mas vai um pouco mais além. Não necessariamente o autor visa deixar a relação como força motriz da trama, apesar de ser o fio condutor, Márquez fala sobre solidão, sobre uma vida toda deixada para trás, sobre as imposições do tempo, sobre se aproveitar a vida antes que ela vá escorrendo pelos dedos, sendo isso que torna o livro uma quase fábula de amor perdido no meio de uma existência vã.
“Memórias...” não tem a pretensão de barrar os clássicos do autor e nem se preocupa com isso, somente mostra como em um conto mais alongado, uma história de amor, de necessidade, da vida e suas rotinas e monotonias, construindo um singelo retrato que merece muito ser lido. É sempre gratificante nos depararmos com algo do mestre Gabriel Garcia Márquez, e com seu novo livro isso não é diferente.
Me lembro de uma pequena frase da canção “Tempos Modernos” do Lulu Santos: “...Vamos viver tudo que há pra viver...”. Assino embaixo.
3 comentários:
Como diria o poetinha "os bares estão muito cheios de homens vazios"...
O livro mostra uma faceta do mundo atual: estão todos sempre muito ocupados, que só percebem, tardiamente, que são desesperadamente sozinhos.
Parabéns pelo texto, como sempre, muito bem escrito.
Por fim: "Vamos nos permitir!!!"
Eu definitivamente preciso ler, assim como "milhares-de-outras-coisas-múltiplas sortidas" que vem sendo retardadas! =P
"Um coração, um Lar" é lindo, parabéns novamente.
Boa notícia: Escutei o novo CD do semi-deus completo e gostei muito do que ouvi, apesar de não ser parcial o suficiente para tal proeza e encontrar-me muito mais preocupada com as aranhas que com a sonoridade do local. Assim que conseguir escutar com a calma que merece, te digo o que realmente achei... mas a primeira faixa chamou bastante a atenção.
Beijinhos p ti =)
Quase comprei esse livro a duas semanas, mas resolvi deixar pro próximo mês!
Estou morrendo de curiosida, ainda mais depois de uma frase que ganhei que dizia "O sexo é o consolo de quem não alcança o amor..."
Assim que ler te falo, e a porpósito ainda estou com o livro a tua espera!
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