Um dos melhores filmes latino americanos do ano passado (vide opinião da crítica), e que só para variar não desembarcou nos cinemas paraenses, saiu em DVD/Vídeo. Estou falando de "Whisky", a premiada produção uruguaia com direção dupla de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.
O filme é de uma simplicidade arrebatadora, nele não há movimentos de cameras, efeitos especiais ou qualquer outra coisa do tipo. A camera é quase inerte, não se mexe, focando no trio de personagens, que tem a tarefa de carregar o filme. Nos dias atuais é cada vez mais difícil se ver uma produção assim, humana, simples, peculiar.
O enredo passa-se em Montevidéu, onde Jacobo (Andres Pazos), um homem de 60 anos vive sozinho, cuidando da sua minúscula fábrica de meias, onde trabalha Marta (Mirella Pascual) que aos 48 anos supervisiona a pequena fábrica. Quando Jacobo recebe a visita de seu irmão Herman (Jorge Bolani), que mora no Brasil e possui uma fábrica bem melhor do que a do irmão, decide chamar Marta para fazer se passar por sua esposa por um tempo, a fim de não deixar Herman vitorioso. A partir de sua chegada desenrola-se a velha concorrência fraternal que dá sustância ao longa.
"Whisky" é um filme perturbador sim, mas não por mostrar a violência ou pensamentos radicais e sim um grupo de pessoas que perderam a esperança, venderam seus sonhos, sucumbiram junto com uma estatura falida, com um país falido. Pessoas que parecem máquinas, fazendo tudo roboticamente, em uma rotina avassaladora, que não possuem sentimentos, que não tem mais alegrias, verdadeiras ou disfarçadas.
Um filme que deve ser visto com certeza, mas que não é nada fácil, sua aparente forma apática pode incomodar, mas sugere momentos de rara beleza (Quem foi que disse que a tristeza não pode ser bela?) e de questionamentos internos.
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