"Kingdom of Heaven" que aqui chegou com o nome de "Cruzada" é o novo filme do diretor inglês Ridley Scott ("Gladiador" e "Blade Runner", entre outros). Nesta sua mais nova empreitada o diretor abrange um período conturbado da história, que foram as cruzadas religiosas dirigidas pelo Vaticano rumo a Jerusálem, a Terra Santa, a fim de recuperar a cidade/e ou mantê-la, em um período em que a Europa sofria uma grande crise e o cristianismo perdia cada vez mais espaço.
Por ser um período muito grande, Scott escolheu os anos de 1184 a 1187, que apesar de ser relativamente curto é bastante rico em reviravoltas, heroísmos, traições e outras facetas inerentes ao ser humano. Com um elenco bem acima da média, com atores do porte de Liam Neeson, Jeromy Irons e Edward Norton, apoiando os personagens centrais interpretados por Orlando Bloom (em seu primeiro papel de protagonista), Eva Green e Ghassan Massoud, o diretor construi mais um épico (estilo que ele próprio levantou e consolidou com "Gladiador") consistente.
Em meio as cruzadas religiosas para a Terra Santa, em busca de salvação e fortuna, o jovem ferreiro francês Balian (Bloom), após perder esposa e filho decide seguir seu pai (Neeson) que aparece por lá, assumindo suas posses e terras após sua morte em plena Jerusálem e se tornando forte presença em busca da paz e da convivência se contrapondo a outros barões que menosprezam os muçulmanos e querem entrar em guerra, que ainda só não foi declarada devido aos esforços do Rei de Jerusálem Baldwin (Norton, atrás de uma mascara de ferro) e Tiberias (Irons). Nesse processo Balian ainda se envolve com a irmã do Rei Baldwin, a Princesa Sybilla(a bela Eva Green) esposa de um de seus maiores inimigos.
Após a morte do Rei, Sybilla em um acesso de fúria transforma seu esposo Guy de Lusignan (Marton Csokas) em novo Rei, que não demora a provocar guerra contra os muçulmanos liderados por Saladino (Massoud), um líder até hoje endeusado pela sua razão e discernimento, que possui mais de 200.000 homens ao seu lado. Diante disso cabe a Balian cuidar das pessoas que ficaram em Jerusalém, velhos, crianças, mulheres, sendo essa a principal motivação que o leva a resistir.
Impossível não fazer um paralelo com os tempos atuais, seja da invasão norte americana no Iraque, ou a briga eterna por Jerusalém, mesmo após 800 anos. A grande vantagem de Scott no seu filme é ser 90% fiel a história que conta (não caindo em despreparos como "Tróia" e "Rei Arthur"), reproduzindo fielmente uma época dura e com brigas que duram até hoje. Com a habitual competência para dirigir batalhas e criar tramas bem resolvidas, o diretor apresenta um bom filme, que apesar de não ser melhor que "Gladiador", vale muito a pena ser visto e porque não discutido, uma vez que a paz que as vezes parece tão longe foi conseguida durante um breve período de tempo que seja no passado, coisa que nos últimos 100 nos parece impossível de fazer.
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