terça-feira, 31 de maio de 2005
"The Minus 5 - Down The Wilco" - The Minus 5 - 2003
segunda-feira, 30 de maio de 2005
Edukators
Há muito tempo atrás haviam acaloradas discussões sobre os males do capitalismo, sobre a luta de classes, distribuição de renda, o capital como vilão para todos os males da humanidade e coisas do tipo, vindo da doutrina esquerdista, de revoluções marxistas e de movimentos radicais. Ok, não faz tanto tempo assim, e até hoje ainda ouvimos ecos pelos cantos do mundo. Acontece que tanta coisa mudou em tão pouco tempo que parece que isso já tem milhares de anos, anos de guerra fria, de URSS, de socialismo radical, do Muro de Berlim.
Entrando nesse clima, surpreendeu-me muito o filme alemão "The Edukators" do diretor Hans Wein Gartner, pela contexto em que é inserido e da forma que determinados temas são absorvidos e demonstrados. Situado na Berlim atual, dois amigos Jan (Daniel Brul do excelente "Adeus Lênin") e Peter (Stipe Erceg) se auto denominam "Os Educadores", invadindo mansões de milionários, remexendo os móveis, bagunçando os objetos, mas sem roubar nada, apenas deixando mensagens como: "Seus dias de fortuna estão contados", seguindo sua própria revolução e sua concepção de "luta" contra o "sistema capitalista".
Em determinada parte do filme entra em ação Jule (Julia Lentsch) uma garota bonita, singela, namorada de Peter que se junta aos Educadores e desenvolve um triângulo amoroso na trama com Jan, que na verdade é o que menos vale no filme (que acima de tudo pode-se chamar de "romance"). Quando as coisas passam do limite e eles são obrigados a seqüestrar um de seus alvos, as relações descambam, verdades são corrompidas, mentiras se tornam habituais, ideologias são ratificadas e o mundo toma uma proporção infinitamente superior ao que pode ser.
Durante o longa são jogadas teorias e ideais pelos quatro cantos, em uma mesma mesa pode-se ter uma discussão de todos os lados dessa moeda, no entanto sem ter verdades absolutas, ou razões confirmadas. Esse é o grande mérito do filme. Apoiado no excelente desempenho do trio de protagonistas com atuações mais do que convincentes, entramos em mundo que parecia meio perdido e até analisamos os nossos ideais de outrora e a forma com que vivemos hoje em dia. Nos identificamos com argumentos de ambos os lados e acabamos por pensar um pouco, só isso já valeria a pena para ver o filme, além do fato de ser excelente.
domingo, 29 de maio de 2005
Whisky
Um dos melhores filmes latino americanos do ano passado (vide opinião da crítica), e que só para variar não desembarcou nos cinemas paraenses, saiu em DVD/Vídeo. Estou falando de "Whisky", a premiada produção uruguaia com direção dupla de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.
O filme é de uma simplicidade arrebatadora, nele não há movimentos de cameras, efeitos especiais ou qualquer outra coisa do tipo. A camera é quase inerte, não se mexe, focando no trio de personagens, que tem a tarefa de carregar o filme. Nos dias atuais é cada vez mais difícil se ver uma produção assim, humana, simples, peculiar.
O enredo passa-se em Montevidéu, onde Jacobo (Andres Pazos), um homem de 60 anos vive sozinho, cuidando da sua minúscula fábrica de meias, onde trabalha Marta (Mirella Pascual) que aos 48 anos supervisiona a pequena fábrica. Quando Jacobo recebe a visita de seu irmão Herman (Jorge Bolani), que mora no Brasil e possui uma fábrica bem melhor do que a do irmão, decide chamar Marta para fazer se passar por sua esposa por um tempo, a fim de não deixar Herman vitorioso. A partir de sua chegada desenrola-se a velha concorrência fraternal que dá sustância ao longa.
"Whisky" é um filme perturbador sim, mas não por mostrar a violência ou pensamentos radicais e sim um grupo de pessoas que perderam a esperança, venderam seus sonhos, sucumbiram junto com uma estatura falida, com um país falido. Pessoas que parecem máquinas, fazendo tudo roboticamente, em uma rotina avassaladora, que não possuem sentimentos, que não tem mais alegrias, verdadeiras ou disfarçadas.
Um filme que deve ser visto com certeza, mas que não é nada fácil, sua aparente forma apática pode incomodar, mas sugere momentos de rara beleza (Quem foi que disse que a tristeza não pode ser bela?) e de questionamentos internos.
segunda-feira, 23 de maio de 2005
Star Wars - Episode III - A Revenge of Sith
Ontem fui assistir Star Wars: Episódio 3 – A Vingança dos Sith, o último filme da série em definitivo (é o que dizem pelo menos) e que encerra a primeira trilogia fazendo o elo com a segunda e Star Wars: Episódio 4 – Uma nova esperança, de maneira competente, não deixando grandes lacunas a serem preenchidas.
Para quem aprendeu a ser fã da série depois de inúmeras sessões, tendo seus personagens como parte integrantes e vivas de sua infância e adolescência, mas que ficou meio decepcionado com "Episódio-II A Ameaça Fantasma" e com aquele gosto de "podia ser melhor" de "Episódio III- Ataque dos Clones", o novo filme é redentor, fechando de forma muito satisfatória a série, apesar de não ter o charme de "Episódio VI – O Retorno do Jedi", vale muito a pena ser visto e saboreado em todos os seus detalhes.
A história basicamente todo mundo já sabe, Anakin Skywalker (Hayden Chistensen), finalmente cede ao lado sombrio da força, devido a sua cobiça e o amor por Padmé (Natalie Portman), uma vez que ele já previu sua morte e convencido pelo Chanceler Palpatine/Darth Sidius (Ian McDiarmind em grande atuação) que sendo um Lorde Sith ele conseguirá reverter essa situação, tornando assim Darth Vader e acabando com o Conselho Jedi.
Muito já se falou, e antes de ser lugar comum, repetirei: É o filme mais violento da série sim. Com mortes para todos os lados (como as das crianças no templo Jedi e o do Conde Dookan/Darth Tyranus), o diretor George Lucas constrói o panorama sombrio e assustador que se propaga na galáxia. As cenas de ação são muito mais constantes e os duelos muito mais interessantes nesse novo filme. É impossível ficar alheio as lutas do filme, como a de Yoda (Frank Oz) Vs. Darth Sidius (a melhor), Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) Vs. Anakin Skywalker, Mace Windu (Samuel L. Jackson) Vs. Darth Sidius, entre outras.
Neste filme há o retorno de Chewbacca (Peter Maythen) á série (único elo que achei que não foi bem feito com o restante da série), o "nascimento" de Darth Vader (como tudo aconteceu), o fim dos Jedi e o exílio de Obi-Wan e Yoda, o nascimento dos filhos de Anakin e Padmé, Luke e Leia Skywalker e a maneira com que foram separados, os costumeiros droides C3PO e R2-D2, e todas as outras maravilhas, mundos e efeitos especiais que George Lucas sabe fazer também. Mais do que aprovado, vou assistir de novo ainda essa semana.
quarta-feira, 18 de maio de 2005
De cada amor tu herdarás só o cinismo
O novo livro do jornalista Arthur Dapieve (BRock - O rock brasileiro dos anos 80), "De cada amor tú herdarás só o cinismo" é daquelas leituras envolventes, cheias de referências pop, musicais e de outras situações cotidianas. Ambientando no Rio de Janeiro, o autor se mostra a vontade para descrever a cidade maravilhosa nos minimos detalhes, levando o leitor para dentro de suas ruas, restaurantes e bares.
Com o título herdado de uma linda canção do sambista carioca Cartola, "O Mundo é o Moinho" (só para exercitar no filme "Cazuza", o personagem principal sai cantorolando a música pela casa), o autor coloca outras diversas referências musicais na trama. Primeiro de tudo, o romance começa no show da banda americana R.E.M no Rock in Rio 3 em 2001, enquanto Michael Stipe soltava os últimos versos de "It´s The End of the World, As we Know It", Bernadido Oliveira, um gênio da publicidade, mas em grave declinio, no alto de seus 40 e poucos anos decide de uma hora para outra como em um acaso do destino se apaixonar pela sua estagiária de 19 anos, Adelaide.
A partir disso desenrolam-se quinze semanas (os capítulos do livro), onde tudo que pode acontecer em uma situação dessa se faz presente. Preenchendo o livro com músicas de Neil Young, Sinatra, entre outros, pintores como Miró e Rembrandt, blocos do carnaval carioca, livros das mais diversas safras, Arthur Dapieve elaborou um livro muito saboroso de ser lido e que em algumas passagens merece ser levemente degustado. Nada que vá mudar o mundo, e nem a ideia é essa, mas que cabe muito bem como leitura de fim de tarde, olhando para o mar e tomando um choppe bem gelado.
segunda-feira, 16 de maio de 2005
Kingdom Of Heaven - Cruzada
"Kingdom of Heaven" que aqui chegou com o nome de "Cruzada" é o novo filme do diretor inglês Ridley Scott ("Gladiador" e "Blade Runner", entre outros). Nesta sua mais nova empreitada o diretor abrange um período conturbado da história, que foram as cruzadas religiosas dirigidas pelo Vaticano rumo a Jerusálem, a Terra Santa, a fim de recuperar a cidade/e ou mantê-la, em um período em que a Europa sofria uma grande crise e o cristianismo perdia cada vez mais espaço.
Por ser um período muito grande, Scott escolheu os anos de 1184 a 1187, que apesar de ser relativamente curto é bastante rico em reviravoltas, heroísmos, traições e outras facetas inerentes ao ser humano. Com um elenco bem acima da média, com atores do porte de Liam Neeson, Jeromy Irons e Edward Norton, apoiando os personagens centrais interpretados por Orlando Bloom (em seu primeiro papel de protagonista), Eva Green e Ghassan Massoud, o diretor construi mais um épico (estilo que ele próprio levantou e consolidou com "Gladiador") consistente.
Em meio as cruzadas religiosas para a Terra Santa, em busca de salvação e fortuna, o jovem ferreiro francês Balian (Bloom), após perder esposa e filho decide seguir seu pai (Neeson) que aparece por lá, assumindo suas posses e terras após sua morte em plena Jerusálem e se tornando forte presença em busca da paz e da convivência se contrapondo a outros barões que menosprezam os muçulmanos e querem entrar em guerra, que ainda só não foi declarada devido aos esforços do Rei de Jerusálem Baldwin (Norton, atrás de uma mascara de ferro) e Tiberias (Irons). Nesse processo Balian ainda se envolve com a irmã do Rei Baldwin, a Princesa Sybilla(a bela Eva Green) esposa de um de seus maiores inimigos.
Após a morte do Rei, Sybilla em um acesso de fúria transforma seu esposo Guy de Lusignan (Marton Csokas) em novo Rei, que não demora a provocar guerra contra os muçulmanos liderados por Saladino (Massoud), um líder até hoje endeusado pela sua razão e discernimento, que possui mais de 200.000 homens ao seu lado. Diante disso cabe a Balian cuidar das pessoas que ficaram em Jerusalém, velhos, crianças, mulheres, sendo essa a principal motivação que o leva a resistir.
Impossível não fazer um paralelo com os tempos atuais, seja da invasão norte americana no Iraque, ou a briga eterna por Jerusalém, mesmo após 800 anos. A grande vantagem de Scott no seu filme é ser 90% fiel a história que conta (não caindo em despreparos como "Tróia" e "Rei Arthur"), reproduzindo fielmente uma época dura e com brigas que duram até hoje. Com a habitual competência para dirigir batalhas e criar tramas bem resolvidas, o diretor apresenta um bom filme, que apesar de não ser melhor que "Gladiador", vale muito a pena ser visto e porque não discutido, uma vez que a paz que as vezes parece tão longe foi conseguida durante um breve período de tempo que seja no passado, coisa que nos últimos 100 nos parece impossível de fazer.
domingo, 15 de maio de 2005
Suzana Flag na Casa de Cultura
Ontem rolou o show do Suzana Flag na Casa de Cultura em Castanhal. Noite bacana com pessoas legais, conversa interessante, entre outras coisas em um auditório com espaço para cerca de 140 pessoas. Rolou um trailler do documentário da banda, produzido pela Gambiarra Filmes e o clipe de Perdas e Danos antes do show.
Fazia mais de um ano que a banda não se apresentava na sua cidade natal e não decepcionou, apesar do nervosismo (principalmente do Elder e da Susane) por estarem se apresentando na frente de tantos amigos pessoais e pela primeira vez na frente de boa parte da sua familia, a noite valeu.
Com um som bacana, boa iluminação, a banda pode destilar seu repertório de forma competente, seja em hits como Contraposto e Recreio, como em músicas novas como Mulher Vulgar e Quatro Versos, deixando um sorriso estampado no rosto das pessoas que compareceram ao espetáculo.
Cada vez mais acredito no Suzana Flag, os voos que a banda vem alçando não são por acaso, ainda há algo para ser melhorado, mas nada é perfeito e nem será. Que eles continuem com uma longa vida na música, nos dando o prazer de sair assobiando suas canções aos quatro cantos da cidade.
terça-feira, 10 de maio de 2005
On the road - Jack Kerouac
Não sei quem disse certa vez, que sempre que lemos novamente um livro, temos um novo livro, uma nova história. Além de concordar plenamente com tal assertiva, sempre que posso faço isso, o mais recente caso foi com "On The Road (Pé na Estrada)" do Jack Kerouac. Li esse livro pela primeira vez quando tinha 11,12 anos, relendo aos 15 anos mais ou menos. Nessa época era a minha espécie de livro predileto, compondo a minha tríade sagrada e pessoal ao lado de "Outsiders - Vidas sem rumo" de S.E. Hilton e de "A Clocwork Orange (Laranja Mecânica)" de Anthony Burgess.
Com o tempo fui relendo essas obras, mas nada de encontrar o livro de Kerouac para comprar, li outros livros seus, peguei trechos pela internet, conheci outros autores da sua geração, mas nunca achei novamente o tal livro. Eis que mês passado, encontro em uma vitrine qualquer com a tradução competente de Eduardo Bueno, o "Peninha" e lá fui novamente cair aos delírios de Neil Cassady/Dean Moriatty, anos depois, com outra visão de vida aos 26 anos, bem mais cético e com menos sonhos e mais frustrações na bagagem. E Sal Paradise entrava novamente na minha vida, pela janela feito no livro, que para quem não conhece, como dizem "a bíblia do movimento beat", é questão de ordem conhecer.
Lançado em 1957 nos USA (o livro se passa na segunda metade dos anos 40), após a geração perdida como foi chamado aqueles jovens, em meio a guerra fria e toda a hipocrisia de uma sociedade que deslumbrava seu modelo de vida ao mundo, o livro foi um tremendo sucesso, justamente por ir contra tudo isso, contra os moldes, costumes e outros tipos de literatura como a de Ernest Hemingway. No universo de Kerouac não havia espaço para heróis, mocinhas, ou algo do tipo, seus personagens eram reais, eram vagabundos, prostitutas, desenganados, desempregados, delinqüentes juvenis, escritores fracassados (como ele próprio), loucos e alucinados de todo tipo que viviam espalhados pela "Bela América", em seus guetos, submundos, em seus bares imundos, praças e rodoviárias sem graça.
No livro, Sal Paradise narra suas aventuras e desventuras pela América ao lado de seu amigo Dean Moriatty, cinco anos mais jovem que ele e completamente louco, demonstrando suas teorias pelos quatro cantos, suas teses de vida e suas satisfações. Com amigos espalhados em toda a América, Sal e Dean partem em busca de algo que nem mesmo eles sabem o que é, em meio a efervescência do jazz, descoberta e consumo de drogas, caronas de beira de estrada e mulheres, fazendo assim um retrato de toda uma geração americana que não era demonstrada, ficando no gueto, multifacetados na sua própria essência.
Lendo agora, apesar de não ter a mesma idade de outrora e não possuir os mesmos sonhos, consolido em minha mente, "On The Road" como um livro básico, um retrato de uma geração. Contra-literatura, literatura marginal, ou como todos chamam a "beat generation" foi fundamental para o mundo das artes contemporâneas, impossível imaginar a obra sem ela e com a mesma desenvoltura de Bob Dylan, Jim Morrison, Lou Reed, Andy Warhol, entre outros tantos. Simplesmente fundamental. Guardarei o livro para posteriores leituras no decorrer da vida e algumas outras singularidades a serem descobertas através de Sal Paradise e Dean Moriatty.
segunda-feira, 9 de maio de 2005
Brincando de ser punk...
quinta-feira, 5 de maio de 2005
Um compêndio lírico de escárnio e dor
terça-feira, 3 de maio de 2005
Historias sem meio, começo e fim...
Em meio a essa grande avalanche de boas bandas que vem surgindo de forma independente no rock brazuca, há de se destacar os baianos da banda Brinde e seu disco de estreia "Histórias sem meio, começo e fim". Lançado em 2004, pela Monstro Discos de Goiânia (sempre ela), esse álbum é uma das melhores estreias que ouvi nos últimos anos.
Calcados no Power Pop e no Brit Pop, com influências visíveis do rock inglês, vide Beatles, Oasis, da escocesa Teenage Fanclub, entre outras, Henrique Neves (vocal e guitarra), Leno Blumetti (baixo) e Voltz (bateria) fizeram um disco forte, emocionante, belo, com melodias para grudar no ouvido e fazer qualquer marmanjo ficar a pensar.
Cantando em português e falando de relacionamentos, amores perdidos e histórias mal acabadas, o Brinde proporciona momentos de raro prazer. Seja pelas belas "Se me Distraio", "Voltar Atrás", "Inverno" ou pelos rocks mais certeiros de "Mesmo Assim", "Nunca fiz por Merecer" e "Intuição", a banda agrada deixando um sorriso nos lábios que há tempo não aparecia.
O brinde merece ser escutado de qualquer jeito (www.monstrodiscos.com.br e www.tratore.com.br), pois é impossível ficar indiferente a sua música. Vida longa a melodia!. O resto é conversa.